Um terço dos humanos do planeta em quarentena. Um terço!
A porta para o mundo agora é a tela do celular, do tablet, do computador. As pessoas estão cercadas por telas, e sem qualquer tipo de culpa, já que esta é nossa única forma de contato com o mundo fora de casa.
Dados dos EUA mostram que um adulto gasta, em média, 3 horas e meia por dia na internet no celular, segundo uma pesquisa feita pela empresa de analytics Zenith. Durante a quarentena, no entanto, usuários reportam que o tempo gasto pode até dobrar.
Grande parte deste tempo é gasto em redes sociais. O site Obvious.ly analisou cerca de 7,5 milhões de posts no Instagram, e observou um aumento de 76% na quantidade diária de curtidas em publicações patrocinadas. Campanhas do primeiro trimestre de 2020 também tiveram um aumento de 22% no número de impressões com relação ao trimestre anterior.
Campanhas do primeiro trimestre de 2020 tiveram um aumento de 22% no número de impressões com relação ao trimestre anterior.
Para marcas, esta é uma excelente oportunidade para se expor. Mas como promover algo numa época em que só se fala em coronavírus?
Marketing em tempos de crise
Os impactos do coronavírus são sentidos em todos os setores.
Os restaurantes migraram para o delivery, lojas aderiram ao e-commerce, alunos estão tendo aulas à distância e funcionários estão trabalhando em seus home offices. A chamada stay-at-home economy, que já vinha crescendo muito nos últimos anos, agora foi potencializada pelo coronavírus.
Ter uma estratégia de publicidade significa saber o quê e quando publicar, assim como saber ficar em silêncio quando necessário.
Estes não são tempos normais, e provavelmente nenhum de nós, publicitários e comunicadores, passamos por uma situação como esta antes. As pessoas estão com medo, e ninguém precisa de mais uma marca propagando o pânico através das mídias. Os jornalistas já se encarregam de transmitir as informações mais credíveis e relevantes sobre a situação.
Este também não é o melhor momento para qualquer tipo de piada ou humor envolvendo o vírus, já que a mensagem pode ser mal interpretada por muita gente e a marca pode sair com a fama de oportunista.
Uma pesquisa da Edelman com cerca de 12 mil pessoas em diferentes países mostrou que 71% dos entrevistados perderiam a confiança em uma marca caso percebessem que a empresa prioriza lucros sobre as pessoas. Além disso, 77% dos entrevistados disseram que esperam que as marcas falem sobre seus produtos mostrando que estão cientes sobre a crise e o seu impacto sobre a vida das pessoas.
Por isso, é preciso pensar: o que a marca pode oferecer para ajudar as pessoas a enfrentarem esta situação? Parte da resposta está no conteúdo.
Burger King
O Burger King, por exemplo, publicou um anúncio mostrando aos seguidores como preparar o seu próprio hambúrguer, em casa. Simples, porém relevante, sensível e viável, sem exigir muitos recursos como fotografia ou filmagem.
Mattel
A Mattel, fabricante de brinquedos e dona de marcas como Hot Wheels e Fisher-Price, lançou o Mattel Playroom, um site totalmente gratuito com brincadeiras e atividades para famílias com crianças.
Behr Paint
A Behr Paint, fabricante de tintas, lançou o Behr Your Background, uma coleção de imagens que podem ser utilizadas como “cenário virtual” de fundo no Zoom, aplicativo de videoconferência que se popularizou durante a quarentena. As imagens simulam ambientes da casa pintados com as cores da empresa.
Smart Fit e Bodytech
Um exemplo brasileiro e, talvez mais conhecido, é o das academias, que estão oferecendo treinos online para quem quer se exercitar em casa. A Smart Fit e a Bodytech, duas grandes redes de academia brasileiras, liberaram seus treinos gratuitamente para alunos e não-alunos.
Reconhecendo oportunidades
Um dos recursos mais escassos agora parece estar em abundância: o tempo. Então por que não aproveita-lo e utiliza-lo ao nosso favor?
Coincidência ou não, a palavra em chinês para “crise” é representada por dois símbolos: um que significa perigo, e outro que significa oportunidade.
Para as marcas, talvez este seja o momento para reavaliar sua estratégia de comunicação, preparar conteúdos para depois da pandemia ou atualizar conteúdos antigos.
Empresas que já investem em publicidade podem aumentar temporariamente sua verba de publicidade digital, ou direcionar parte da verba destinada a outros meios para a internet, por exemplo.
Ou então, talvez este seja o momento para mostrar um lado mais humano da marca: um lado que se importa também com as pessoas, e não apenas com o seu próprio lucro.
Diversas empresas, incluindo a própria Adobe, estão oferecendo seus produtos digitais de forma gratuita por um período, como forma de ajudar profissionais da indústria criativa e, consequentemente, aumentar o alcance de suas ferramentas.
Mesmo que sua empresa não venda produtos ou serviços digitais, há diferentes formas de se mostrar útil durante uma crise, seja oferecendo descontos, conteúdos relevantes, uma mensagem positiva ou apenas alguma forma de se distrair durante a quarentena. Não importa o tipo de negócio.
É uma oficina? Por que não gravar vídeos ensinando a fazer reparos simples, como trocar o óleo? Um bar? Sugira receitas de drinks para fazer em casa. Uma imobiliária? Ofereça tours virtuais dos imóveis, ou dê ideias de decoração.
Muitos consumidores serão obrigados a cortar custos, e ninguém sabe quanto a pandemia vai durar, mas quando tudo isso passar e o mundo voltar ao normal, as pessoas sairão de suas casas e as marcas que souberam aproveitar o momento sairão em vantagem.
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O marketing de confinamento virou a regra e quem aproveitar antes leva vantagem. Audiências explodindo.