Nos últimos anos, reduzi drasticamente o uso de mídia social e procurei ter uma atitude mais intencional na forma como uso minhas redes. Essa nova abordagem teve um efeito imediato na minha produtividade, mas principalmente na minha vida pessoal e em termos de saúde mental.
Minha capacidade de concentração também aumentou, com menos distrações. Isso não quer dizer que não haja momentos em que eu caia na armadilha, mas procuro retornar quando percebo que fui abduzido.
Separei abaixo 10 pontos importantes.
1. Tenha um propósito ao entrar nessas plataformas
Não basta seguir todas as contas possíveis e inundar seu feed com informações inúteis. Em vez disso, tenha uma intenção como critério para definir quem você segue. Se pergunte por que está seguindo essa pessoa e qual é o objetivo dela? Se você não encontrar um bom motivo para seguir essa conta, não siga. Você não deixa de ser amigo de uma pessoa porque não a segue nas redes sociais.
Outro bom método para organizar seu feed é parar de seguir contas ou pessoas que fazem você se sentir negativo, com ciúmes ou que façam você cair no famoso jogo da comparação. Em vez disso, tente seguir pessoas ou contas que trazem um sorriso ao seu rosto e ajudem você a permanecer positivo, inspirado, esperançoso ou informado.
2. Pare de navegar em modo samambaia (vegetativo, sem pensar)
Quando a mídia social entrou em cena pela primeira vez, tratava-se menos de selfies, marketing e bobagens click bait e mais sobre encontrar amigos e compartilhar informações úteis com outras pessoas. Agora a coisa funciona como aquelas máquinas de cassino. Estímulo-e-resposta total. Mesmo se você seleciona seus feeds com coisas mais positivas, ainda pode passar horas rolando suas barrinhas sem pensar. É por isso que você tente evitar feeds. Evite entrar em páginas de rolagem e procure buscar conteúdo específico e saia.
Agora, evito meu feed o máximo possível e vou diretamente para a pessoa ou conta na qual quero ver mais atualizações. Essa abordagem também reduzirá seu uso de maneira sustentável, porque, se formos honestos, a maioria de nós usa as mídias sociais por causa da excitação ou da dopamina que isso causa ao nosso cérebro quando rolamos sem pensar para ver o que há de novo.
3. Veja como ferramenta
Ao longo dos anos, dá para notar que nem todas as plataformas de mídia social são criadas da mesma forma e que algumas incentivam a vaidade, enquanto outras incentivam a inspiração, a busca de conhecimento ou o aprendizado de uma habilidade. Plataformas como o Youtube, por exemplo, na maioria dos casos dá para encontrar utilidade, porque o seu foco não é apenas entreter, mas também oferecer informações úteis.
Claro que também acontece de você ser abduzido no youtube, mas há uma infinidade de vídeos úteis. Alguns até se referem ao Youtube como a “Universidade da Internet”.
Você também pode adotar uma abordagem semelhante a outras plataformas e tentar se ater a comunidades ou grupos específicos, nos quais é mais importante ajudar um ao outro. Plataformas como o Reddit ou o Quora seguem mais essa abordagem de tipo de comunidade.
4. Programe local e tempo de uso
Uma maneira fácil de combater não apenas o consumo excessivo de mídias sociais, mas também o vício, é começar a agendar seu tempo de uso para um determinado horário todos os dias. Se quiser reduzir ainda mais, considere limitar o uso a alguns dias da semana.
Além disso, considere algumas regras pessoais simples de quando e onde você deve e não deve usar seu celular ou mídia social. Por exemplo, se você estiver com a família ou amigos, se comprometa a não tirá-lo do bolso, mesmo que todo mundo o faça. Se você estiver tentando se concentrar no trabalho, coloque o telefone na sua bolsa. Ou, se você está trabalhando em casa agora durante a quarentena, coloque-o em outra sala, longe do seu espaço de trabalho.
5. Cuidado com o que compartilha
Um erro que já cometi muitas vezes até aprender é aquela vontade de compartilhar tudo o tempo todo nos seus feeds sociais. Embora a intenção seja das melhores, todo compartilhamento carrega junto encrencas em potencial e que você precisa estar, no mínimo ciente de que podem rolar. A primeira é que você gerar debates que podem acabar se tornando uma enorme perda de tempo. Você queria apenas compartilhar, mas agora foi tragado para dentro de um debate. Outra é que você pode entrar em um ciclo vicioso de querer compartilhar para obter curtidas ou comentários. Algo que empresas de mídia social incentivam inclusive monetariamente para manipular psicologicamente o usuário a gerar conteúdo que será comercializado por elas. E quanto mais se escreve com o like como objetivo, pior vai ficando seu conteúdo. O que não faltam são truques baratos para aumentar o número de impressões. Pessoalmente, acho um desrespeito ao leitor, que é usado mais como gerador de renda do que como uma pessoa com quem você pode ter tocas produtivas (já perdi muito dinheiro por conta disso, mas sou teimoso).
6. Não comente sobre tudo
Se você ainda não percebeu, infelizmente sou eu que vou dar as más notícias: a maioria das pessoas simplesmente não tá nem aí para você. São milhares de inputs de milhares de pessoas todos os dias e 99% das pessoas simplesmente nem tomam conhecimento da sua existência. Mesmo os amigos, ainda que bem intencionados, na maioria das vezes vão te dar um like de solidariedade e nada mais do que isso. Isso não é necessariamente ruim, a vida é assim, inclusive a “off-line”. E com a internet, a desproporção entre “ruído” e “conteúdo de qualidade” só piora. Também não significa que você deve se ausentar disso tudo, mas é sempre bom ter em mente como essa engrenagem funciona.
E se você decidir comentar, realmente pare e se pergunte se o que você está prestes a dizer vai realmente ajudar alguém ou encorajar alguém ou, pelo menos, dar uma boa risada?
Se não, provavelmente não há necessidade de comentar, porque você está apenas querendo atenção ou para se sentir “incluído”.
7. Ceticismo em relação às “Manchetes”
Clickbait e Fake News se tornaram uma questão GIGANTE nos últimos anos, a ponto de as pessoas lerem uma chamada, muitas vezes sem contexto nenhum, e mesmo assim defendem aquilo como verdade absoluta. Mitas vezes os veículos publicam coisas para sair na frente e iniciam um efeito dominó em vários outros veículos que repetem a informação para não ficar para trás. Infelizmente a imprensa tem usado cada vez mais a própria concorrência como pauta. E mesmo que esse meio de comunicação venha a público mais tarde dizendo que estavam errados (o que raramente acontece), muitas vezes é tarde demais, o estrago já está feito.
Algo ainda pior são as “twisted news”, aquela categoria em que não há necessariamente uma mentira que possa a classificar como fake, mas tem toda uma distorção de contexto, feita cuidadosamente através de edições maldosas de conteúdo. Essas são bem mais difíceis de serem identificadas mas tem alto grau de toxidade.
Nesse ponto é importante lembrar que não há posicionamento político nesse comentário. Infelizmente, na briga entre políticos e imprensas, quem sempre sai perdendo somos nós porque acabamos recebendo informações distorcidas. Quando um veículo usa uma reportagem para atingir um político, a nossa participação nisso passa a ser de um coadjuvante. Não há compromisso com informação factual, passamos a ser testemunhas de rixas e só.
Estudos mostram que controvérsia e chamadas negativas geram um número BEM MAIOR de cliques, porque ativam reações quando você fica chocado, ofendido ou curioso.
Pessoalmente optei por buscar ativamente minhas fontes de informação e montar a minha base pessoal de notícias formada por fontes bastante específicas, internacionais e que equilibram diferentes pontos de vista sem viés ideológico (bem difícil achar). Resumindo, procure não ser passivo em relação à notícias. Desconfie sempre de todos antes de sair repetindo o que leu.
8. Escolha suas batalhas
Só Deus sabe quanto tempo perdi nessa última década dando o famoso “murro em ponta de faca”. Funciona assim: você lê algo com que não concorda ou, pior, algo que alguém usa como uma provocação pessoal. Aí você reponde, até em respeito aos outros leitores, para não acharem que você concorda com o que foi escrito. Pois bem. Nesse momento começa um ping-pong from hell, com infinitas trocas de mensagens. Das centenas que encarei, sabe quantas eu acho que a outra pessoa realmente parou alguns segundos que seja, para pensar? Acho que não chega a 1%.
Hoje raramente entro em alguma discussão. O que é uma pena porque uma pessoa que pensa diferente é justamente aquela que pode nos ser mais útil, a que nos faz raciocinar de verdade. Mas na maioria das vezes o processo é completamente tóxico e o residual não traz nada de positivo.
9. Desative suas notificações
Não existe nada mais eficiente no quesito “distração” quanto uma bolinha vermelha com um número dentro. Ou um bleep. Assim que uma notificação aparece ela imediatamente desperta a liberação de dopamina no seu cérebro, afinal chegou algo pra você. É como ouvir a campainha da porta de casa e não ficar curioso para saber quem é. E para cororar, ainda tem o FOMO de achar que realmente é algo incrível desta vez.
Mais más notícias: não, não é algo incrível desta vez. E raramente será. E também nada que não possa esperar.
Só desativando as notificações de mídia social sua vida já muda. faça o teste. mas recomendo que você desligue todas e- depois – reative só as que realmente são importantes.
Já temos distrações suficientes neste mundo e ficou provado que as notificações podem ser uma das maiores razões para falta de foco. Em vez disso, agende um horário para verificar suas notificações ao longo do dia, geralmente agendando horário pela manhã, meio-dia e noite. É uma boa estrutura a seguir.
10. Faça pausas frequentes
Uma desintoxicação de mídia social rápida e temporária serve para tomarmos consciência do vício em potencial nas mídias sociais.
É por isso que recomendo fazer pausas frequentes nas mídias sociais semanalmente ou pelo menos mensalmente e até trimestralmente. Por exemplo, na maioria dos casos, tento evitar o uso de mídias sociais durante a semana, porque sei que posso ser facilmente abduzido, geralmente é mais fácil ignorá-lo completamente ou dedicar apenas 1 dia da semana em que EU decida verificar.
Nesta era de consumo excessivo e de mídia digital, ser mais responsável com a forma como você a utiliza é crucial para sua saúde mental, além de viver uma vida mais produtiva e eficaz.
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Como sempre, excelente, Wagner mas, data venia (como diriam os antigos), vou discordar de alguns pontos, já que eu sei que vc é aberto ao pensamento divergente. É só como um outro ponto de vista mesmo.
Eu acho que nem todas as atividades dessa vida cabem essa ‘solenidade’ de “ter um propósito”, sabe?
Tem hora que a gente só quer relaxar vendo bobagens mesmo e sem compromisso com nada, pôxa.
Não pode não?
Usar as redes sociais com sabedoria e compartilhar coisas relevantes é o ideal, claro, mas tirar delas a faceta e a possibilidade do divertimento puro e simples, já acho demais, pque parece que eu sou uma pessoa jurídica o tempo todo!
Onde fica a pessoalidade? Onde fica o espaço pro riso, pro papo que surge espontâneo?
Os nutricionistas recomendam que o nosso prato de comida seja o mais colorido possível, certo?
Acho que isso vale pra quase todas as situações na vida e ter um pouco de tudo não faz mal nenhum, ao contrário, traz leveza.
Claro que a superexposição é desnecessária e até perigosa, a gente sabe, mas quando se compartilha coisas mais pessoais como viagens, programas de lazer, eventos… muitas vezes o objetivo é só participar essas coisas à família e amigos que estão distantes e querem acompanhar a nossa vida, ainda que virtualmente.
E ainda tem aquela de amigos verem que eu fui a tal lugar, me pedem “consultoria”, eu passo todas as dicas e eles vão mesmo, com mais segurança, pque receberam a orientação de quem foi na frente.
Comigo isso já aconteceu inúmeras vezes.
O que eu já levei de gente pra Jericoacoara, por exemplo, acho que já teria o direito de ser prefeita de lá!
:D
Nesse caso, acho que isso pode entrar no quesito “postagem com propósito”, né?
Uma dica boa da qual sou adepta é: eu tenho todos os meus “amigos” de facebook classificados em uma ou mais categorias, tipo:
“família”, “próximos”, “de vista”, “desconhecidos”, “virtuais”, “músicos”, etc, porque tem coisas que eu só quero que um grupo veja ou que só um grupo não veja!
hehehe
Claro, “brinquedos e ferramentas” diria seu conterrâneo Rubem Alves. Eu não acho que tudo tenha que ter um propósito não, Deus me livre. Talvez eu tenha passado essa impressão porque foquei justamente na parte que anda em falta :) E se a gente pensar bem, no fim é tudo semântica porque o devaneio é propósito mais do que justo! Mas entendo a pontuação sim. Beijo!
Excelente, Wagner!!
Obrigado Buja
Excelente artigo! Já adotei algumas medidas faz tempo. E a mais eficaz pra mim foi desligar as notificações.
É a melhor coisa. Eu costumo dizer que é uma daquelas atitudes para mostrar quem manda em quem ;)