“A beleza é, antes de tudo, um conceito teológico. A origem da palavra vem do sânscrito bel et za e significa “ a casa onde Deus brilha”. Dessa maneira, é possível compreender que a beleza é algo divino, ou que ao menos te aproxima dele. Entendo-a como uma forma de Encantamento e de elevação de espírito”.
João Braga
Este trabalho contextualiza a representação da beleza por meio de uma análise crítica do filme “Juventude” de Paolo Sorrentino. Onde por meio da análise fílmica consegue-se perceber elementos construtores da representação do belo. Trazido como um tema já trabalhado por Paolo em sua última produção, “A Grande Beleza”, a beleza tem para o diretor um objeto direto de discussão.
Nestas duas produções a beleza vem representada como algo anatômico, a ser moldado, portanto na tela ela é representada por personagens voláteis, aqueles que não definem uma época ou estilo próprio. Representado pela teceira idade, os dois longas trabalham com a temática que o belo, não está necessariamente no bonito ao olhar,mas sim no feio, onde leva-se em conta sua essência e não sua aparência.
Dando mais ênfase, no filme a ser discutido aqui, “Juventude”, os padrões de beleza tratados no filme são tratados de uma forma muito sutil, por meio de uma diversidade de tipos de pessoas,estilos, e idades.Além de nos questionar o que significa Juventude aqui? O significado está na composição de cada personagem, em seus trejeitos, em suas roupas, sobre o que discutem, e no modo como um tenta interagir com o outro. Portanto a Juventude más do que tudo se trata de um estado de espírito e não somente de ser jovem, ou de ser mais velho e agir como um jovem.
Porém, a beleza, posta como objeto de discussão aqui é questionada durante todo o longa, ela não é padronizada e muito menos clara, temos que encontrá-la nos detalhes de cada personagem, seja em um corte de cabelo, ou até mesmo na simetria de uma peça de roupa moldada ao corpo. De difícil percepção, vem para questionar toda a trama do filme, onde por meio de uma falta de padrão, não se firma em nada concreto.
Pegando nosso personagem principal como exemplo, Fred Ballinger (Michael Caine), vai por meio de tiradas irônicas sobre inércias sentimentais, passar por uma crise existencial e mostrar para o público que a idade aqui não muda nada no nosso modo de pensar, as angústias são as mesmas, porém o que se questiona é a capacidade. Requisitado pela Rainha da Inglaterra, Elisabeth II, o mesmo, com a ajuda de seu melhor amigo, o cineasta, Mick(Harvey Keitel), se instalam, em um retiro de luxo nos Alpes Suíços. E neste período de “reflexão” o mesmo, por meio de uma exemplar atuação de Michael Caine, transmite suas frustrações de estar ficando velho, para completar 80 anos, o mesmo, começa a refletir sobre a sua capacidade de fazer as coisas. Além de questionar seu físico e o belo de tudo isso.
Conclui-se aqui que, a beleza representa o belo porém não se baseia só nele. Ela se encontra no espírito de quem a possui, na essência do mesmo, e não somente em sua aparência. Vinda do interior, a mesma vai ser vista pelos outros como algo superficial e de fácil modelagem, como é vista em vestuários e acessórios, porém aqui estamos falando do homem, como objeto de análise, tornando-a moldável a cada um de nós.
“Este é o único corpo que eu tenho. Se o papel pede, porque não mostrar. E, não fiquem de gracinha com o que vão ver na tela: a velhice chega para todo mundo”. — Michael Caine sobre o filme “Juventude”.