Um bife “de verdade”, produzido por impressora 3D, pode estar no mercado já em 2022

Empresa de Israel está usando tecnologia para desenvolver carne em laboratório a partir de tecido retirado de animais
Um bife "de verdade", produzido por impressora 3D, pode estar no mercado já em 2022 Um bife "de verdade", produzido por impressora 3D, pode estar no mercado já em 2022

Sabemos que já é uma realidade a possibilidade de “imprimir comida”, usando diferentes tecnologias, impressoras 3D e elementos, digamos, “comestíveis”. Mas uma empresa israelense apresentou nesta semana algo que vai muito além de reproduções químicas ou simbólicas de alimentos, criando o que está sendo considerado “O primeiro steak de verdade impresso em 3D”.

Não é plant-based, vegetariano ou muito menos vegano, nem uma tentativa de unir diversos elementos para reproduzir o sabor de um belo bife. É muito mais assustador que isso: a tecnologia utilizada pela Aleph Farm usa células musculares de animais vivos ou recentemente abatidos, retiradas através de biópsias de punção, para cultivá-las em uma matriz vegetal de maneira controlada a ponto de reproduzirem a textura e o sabor de um bife real.

Nesse processo, reproduz-se em laboratório algo semelhante ao sistema vascular de um animal, fazendo com que o steak “meio fake, meio real” vá ganhando as características necessárias para parecer carne de verdade tanto antes quanto após seu cozimento.

Segundo depoimentos de Didier Toubia, chefe-executivo da Aleph Farm, ao Washington Post, o resultado já está muito próximo de refletir a qualidade sensorial, a textura o sabor e até o marmorizado gorduroso de uma costela tradicional. Ele ainda garante que, com maior controle sobre o processo, será possível adaptar a produção a diferentes mercados e cultura, aumentando a presença de gordura, tornando os bifes mais ou menos macios etc.

A ideia da empresa – que não é a única correndo nesse sentido para desenvolver produtos semelhantes – não é substituir a agricultura tradicional, mas construir uma segunda categoria. No mundo inteiro, e por aqui não tem sido diferente, cresceu vertiginosamente a oferta e o consumo dos chamados plant-based – produtos a base de plantas e outros elementos de origem não animal que procuram reproduzir sabor, aparência e textura de carne.

O que antes era exclusivo e caro, hoje já está disponível em redes como Burger King, com o Rebel Whopper. Segundo dados da Euromonitor, só no Brasil, o setor de planted-based faturou cerca de R$ 420 milhões em 2020, um aumento de quase 70% em comparação a 2015. No caso das carnes da Aleph Farm, as primeiras previsões é que seus produtos cheguem ao grande público a partir do segundo semestre de 2022 – lembrando que ainda não há, globalmente, uma definição concreta sobre regulamentação e liberação desse tipo de opção alimentar.

Um bife "de verdade", produzido por impressora 3D, pode estar no mercado já em 2022
Aplicação gastronômica de carne impressa em 3D pela Aleph Farm

Entre as principais razões para esses movimentos estão maior cuidado com a saúde, mudanças climáticas e proteção animal. Porém, vale reforçar que muitos deles acabam apenas parecendo mais saudáveis para nós, animais e planeta, e às vezes indo até na direção contrária.

Na dúvida, o que mais ajuda é ter a certeza da procedência, dos métodos utilizados pelo produtor e de estar ingerindo comida de verdade. Não dá para saber do futuro, mas hoje, sem dúvida, eu ainda prefiro meu bife mal passado do que bem impresso.

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