O termo stress (ou estresse) é quase onipresente em um mundo cheio de estímulos e cobranças, ainda mais no momento em que passamos por limitações e adaptações em nosso dia-a-dia em função de uma situação incontrolável.
Embora seja comum as pessoas associarem o stress a um evento negativo, ele nada mais é do que uma resposta fisiológica a uma percepção subjetiva (pessoal) de potencial situação de ameaça ou tensão, preparando nosso corpo para lidar com este evento. (A propósito, tais definições e demais colocações, abaixo, vem de “Gazzaniga, M., Heatherton, T., & Halpern, D. (2005). Ciência psicológica. Artmed Editora.”.
Se o stress (ou melhor, a força do evento estressor) é fruto de uma percepção subjetiva, isto significa que cada indivíduo pode perceber (significar) uma mesma situação de forma mais ou menos ameaçadora, dependendo de sua interpretação individual e/ou referências passadas. E, isto, por consequência, resulta no comportamento que terá para lidar com a situação.
Embora o estado inicial seja desagradável, a interpretação do evento pode resultar com ele seja efetivamente uma ameaça (distresse) ou, eventualmente, uma situação positiva (eustresse), como uma promoção ou ganho inesperado de dinheiro.
Aliás, um mesmo evento pode ser percebido de forma distinta por dois indivíduos. Fazer uma prova pode ser um distresse para quem a vê como um desafio ameaçador, mas também pode ser visto por outros como uma maneira de aplicar seu conhecimento, resultando em um stress positivo (eustresse) que gera maior impulso para sua ação.
Claro que, como espécie, alguns acontecimentos são genericamente tidos como distressantes (estressores negativos). Tais acontecimentos não apenas podem ser identificados, como também ranqueados.
A Escala de Reajuste Social (Social Readjustment Rating Scale – SRRS), desenvolvida pelos psiquiatras Holmes e Rahe (1967) – a partir de um estudo com 5.000 pacientes -, elenca 43 eventos estressores e sua correlação com a intensidade de respostas fisiológicas negativas.
Ao identificar a ocorrência de tais eventos no último ano, é possível identificar o nível de stress de um indivíduo:
- Até 150 pontos: relativa baixa mudança na vida e pouco suscetível a desenvolver problemas de saúde relacionados ao stress;
- Entre 150 e 300 pontos: aumento potencial de 50% no desenvolvimento de problemas de saúde relacionados ao stress nos próximos 2 anos;
- Acima de 300 pontos: aumento potencial de 80% no desenvolvimento de problemas de saúde relacionados ao stress.
Para adultos, a escala Holmes-Rahe é esta:
Outros estudos avaliam como eventos estressores incontroláveis em larga escala podem afetar o nível de stress – e consequente resposta fisiológica. Mais recentemente, como as alterações sociais resultantes da pandemia de COVID-19 impactam na saúde mental das pessoas em conjunção com acontecimentos individuais (medidas pela SRRS).
Uma análise, em específico, identifica reações disfuncionais de pessoas que perderam entes queridos e enfrentam situação de luto. Alguns destes indivíduos, especificamente pelo impacto causado pela COVID-19, apresentaram reações em seu luto como ‘desejo de morrer’, ‘confusão de identidade’, ‘apatia’, ‘problemas de memória’ e ‘falta de significado [na vida]’.
E não, não é mimimi…