15 fatos sobre o transtorno bipolar

Uma das doenças mais sinistras da psiquiatria, o transtorno de humor bipolar é primo da depressão unipolar, mas se parece muito com a esquizofrenia às vezes.
15 fatos sobre o transtorno bipolar 15 fatos sobre o transtorno bipolar

1. O transtorno bipolar é, junto da esquizofrenia, a doença psiquiátrica mais incrível que eu já vi pessoalmente. De fato, é difícil distinguir a mania psicótica bipolar de um ataque psicótico esquizofrênico, pelo menos a olhos pouco experientes. E ambos são sinistros.

2. O transtorno de humor bipolar pode ser de difícil diagnóstico, pois boa parte dos pacientes se apresenta com sintomas depressivos sem história de mania ou hipomania, o que faz o quadro ser confundido com uma depressão unipolar.

3. Aliás, é importante esclarecer: tanto a “depressão” quanto o “transtorno bipolar” são transtornos do humor e ambos apresentam sintomas depressivos de forma importante e marcante. A grande diferença é que no transtorno de humor bipolar os episódios de depressão são intercalados com períodos de mania ou hipomania.

4. A mania é de alguma forma “o contrário” da depressão: humor elevado, alta energia, alta motricidade, pensamento dirigido a objetivos, disposição elevada, muito autoconfiança, apetite e sono diminuídos etc. A hipomania seria uma mania “menos intensa”.

5. Episódios muito graves de mania podem incluir delírios e alucinações. É aí que o transtorno bipolar começa a parecer bastante uma esquizofrenia (ante meus olhos desexperientes, ao menos). A semelhança entre alguns sintomas negativos da esquizofrenia e alguns sintomas depressivos do transtorno bipolar tornam as duas condições ainda mais comparáveis.

6. As características da mania podem parecer positivas. Afinal, quem não gostaria de ter um pouco mais de energia e disposição e um pouco menos de fome e sono? Infelizmente, a grandiosidade típica dos episódios mais severos de mania leva o paciente a comportamentos inadequados e perigosos, marcados pela impulsividade. Os exemplos clássicos são: gastar dinheiro que não tem, engajar em atividades sexuais de risco, consumir drogas excessivamente e socializar de forma inoportuna com desconhecidos.

7. Sintomas depressivos são cerca de três vezes mais frequentes/comuns do que sintomas maníacos ou hipomaníacos em pacientes com transtorno bipolar.

8. Cerca de 92% dos pacientes com transtorno bipolar apresentam outro transtorno psiquiátrico, como transtorno de ansiedade, uso de substâncias, distúrbios da alimentação, déficit de atenção e hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo e distúrbios da personalidade.

9. As seguintes condições parecem ser mais prevalentes em pacientes bipolares: doença cardiovascular, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, dislipidemia, infecção pelo HIVhipertensão arterial, hipotireoidismo e dependência em nicotina.

10. Há muito tempo existe a hipótese de que pacientes bipolares são mais criativos do que a média populacional, mas essa relação não é bem estabelecida cientificamente e a maior parte da evidência é anedótica. Pacientes em mania costumam ser mais produtivos, mas é difícil mensurar a qualidade de sua criação nessa condição.

11. Segundo este estudo, pacientes bipolares suicidam mais do que a população geral e menos do que paicentes depressivos unipolares. Por outro lado, pacientes bipolares morrem mais do que controles e do que depressivos unipolares por causas naturais. No fim das contas, bipolares morrem mais do que os dois outros grupos.

12. Existem dois grandes fatores de risco para suicídio consumado em pacientes bipolares: tentativas prévias de suicídio e desesperança.

13. Há outras situações associadas a tentativas de suicídio em pacientes bipolares: ser solteiro, história de abuso sexual, início precoce da doença (<25 anos), comorbidades psiquiátricas e história familiar de suicídio.

14. Pacientes bipolares cometem mais crimes do que a população geral. Transtorno bipolar e uso de álcool e outras drogas parecem ser as condições psiquiátricas com relação mais forte com a perpetração de violência.

15. Pacientes bipolares sofrem mais violência do que controles. Ser vítima de violência parece ter relação com ser autor de violência entre esses pacientes.

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