Hoje a gente vive numa era de imediatos. De instantâneos. Basta vermos que a pessoa visualizou a mensagem e não respondeu na hora, que já dá um nervosismo, uma agonia.
O efêmero – aquilo que não exige comprometimento e que eu posso mudar depois de feito – é um apelo muito grande para Millenials, mas principalmente para a Geração Z, que tem uma característica especialmente marcada pela identidade fluida.
E é exatamente apostando nisso que a Ephemeral está lançando a tatuagem que dura um ano (tecnicamente dura de 9 a 15 meses).
Programada para abrir em Brooklin no dia 25 de março, os argumentos de comunicação para fazer a ideia pegar são:
“Tatuagem que dura um ano”.
“Arrependa-se daquele texto que você mandou às 4 da manhã e não de suas tatuagens”.
“Sem o compromisso de vida toda”.
É legal que no site, a marca Ephemeral (lá no rodapé), fica mudando de tipografia, e ao passar do mouse um traço vai acompanhando o caminho da seta em uma linha também que se apaga rapidamente.
Para trazer essa efemeridade toda, a tatuagem funciona como qualquer outra: com agulha e tinta injetada na pele. Porém o material utilizado na tinta da Ephemeral é composto de partículas que se dissolvem gradualmente, sendo absorvidas e removidas pelo próprio corpo, tudo com materiais aprovados pelo FDA.
Se quiser saber um pouco mais, acesse essa matéria da Dazed que faz uma entrevista com o criador Josh Sakhai, que pensou na solução exatamente por conta de uma indagação: “se as tatuagens fossem menos duradouras, as pessoas que se arrependem não precisariam conviver com elas pelo resto da vida, muito menos fazer procedimentos caros de remoção”.
Mas a grande questão é: será que a ideia pega?
Historicamente a tatuagem é marcada pela ideia de rebeldia, diferenciação, expressão, identidade única. Quando uma tatuagem se apaga em um ano, essa identidade também tende a desaparecer. E o que há de mais sexy (num sentido não sexual) em uma tatuagem, é exatamente o fato de ela ser um signo “que veio para ficar”.
E tem outra coisa: como essa tinta da Ephemeral vai sumindo devagar com o tempo, o visual de uma tatuagem esmaecendo, meio apagada, não fica tão legal. Imagina aí que já se passaram 5 meses: você tem agora uma tatuagem meio apagada, sem definição. Até que ela suma totalmente, você terá que conviver com aquele desenho meio “névoa” por um bom tempo.
Fico no meio do muro quanto a essa questão.
Mas ainda assim aposto que sim, a ideia pega. Porque aparentemente tem o mesmo visual de uma tatoo convencional e, a gente já sabe, para muita gente o que vale é a imagem, mesmo que esta seja efêmera. Fazer uma tatuagem “radical” rende boas postagens no Instagram, você pode pagar de descolado por um tempo, metendo uma tatoo no braço todo… e depois de 15 meses tudo volta a ser como antes.
Se existe gente que coloca adesivo de Audi no Gol… pelo menos aqui no Brasil deve ter muito mercado para o efêmero e que nutre as aparências.