Um dos grandes desafios atuais do ecossistema de e-sports é a profissionalização. E sob todos os aspectos. Seja na relação entre marcas e organizações. No diálogo entre jogadores e empresários ou na dinâmica entre investidores e potenciais negócios a serem escalados. No entanto, alguns casos que refletem a visão empreendedora dos grandes nomes do cenário nacional surgem com cada vez mais frequência.
Se ídolos como Fallen e Gaules construíram suas marcas, as novas gerações também refletem um olhar importante de negócios. Eleito o MPV do mundial de Free Fire de 2019, em tradução literal jogador mais valioso, pelo Corinthians, Bruno “Nobru” se juntou, em janeiro deste ano, com o stremaer Lúcio “Cerol”, criando a Fluxo Esports, organização de jogos eletrônicos especializada em Free Fire. Neste sábado, em uma disputada apertada com a LOUD, outro fenômeno dos e-sports, a Fluxo conquistou a Liga Brasileira de Free Fire 4 (LBFF4) e vai disputar o mundial em Singapura, no mês de maio. A liga é patrocinada pelo Santander Brasil.
“O que eu estou sentindo agora é impossível de comparar com qualquer outro título ou história que aconteceu, para mim, isso é único. Durante minha carreira, já passei por diversas situações, onde pessoas disseram que eu não daria certo como streamer e influenciador enquanto eu era jogador profissional. Quando decidi criar um time e jogar ao mesmo tempo, muitos também falaram que não daria certo. Mas o resultado está aí. Eu amo muito o que eu faço e sempre vou dar o meu melhor, principalmente para mostrar que o inacreditável para alguns é possível para nós”, disse Nobru ao comentar o título.
Quando anunciou a criação da equipe, Nobru reforçou a necessidade de que a Fluxo se tornasse uma organização que, assim como ele e seu sócio, falasse a língua da comunidade. Nobru nasceu no Jardim Novo Oriente, na Zona Sul de São Paulo, sonhava em jogar futebol pelo Corinthians e acabou se tornando o jogador mais valioso do Free Fire de 2019 defendendo a camisa do time. Cerol, nascido e criado na periferia do Rio de Janeiro, começou a trabalhar com 11 anos de idade para ajudar a família e aos 27 se tornou um dos maiores streamers de Free Fire do Brasil, vencendo, inclusive, o Prêmio Esports Br.
O Free Fire, battle royale mobile da Garena, já passou de 100 milhões de jogadores no mundo e é um dos games responsáveis por popularizar os e-sports, sobretudo, nas comunidades espalhadas pelo Brasil. Hoje, a Fluxo possui uma mansão, em São Paulo, que funciona como gaming house, onde os atletas se concentram com comissão técnica, treinadores, analistas e psicólogos. “O investimento feito no projeto reforça o profissionalismo e o potencial dos games. Nosso objetivo é mostrar para os jovens que estão começando que é possível chegar lá”, disse Cerol, no anúncio de criação da Fluxo. Nas redes sociais, a entidade já arremata milhões de fãs e seguidores. No Instagram, 1,5 milhão de pessoas seguindo a conta oficial do time. Nobru tem 9,5 milhões e Cerol conta com 6,8 milhões.
No início de março, a Fluxo fechou uma parceria com o Next, do Bradesco que inclui benefícios exclusivos para clientes Next dos fãs e o uso da imagem de Nobru e Cerol como embaixadores. “Para nós, esse projeto representa muito. Eu e o Nobru criamos o Fluxo pensando na comunidade do jogo, em quem joga lá no seu celular sonhando em crescer como a gente. Somos de origem muito simples, aprendemos bem cedo e sabemos a diferença que faz contar com a possibilidade de ter uma conta com serviços grátis para você organizar seu dinheirinho”, comenta Cerol. Nas próximas semanas, a equipe prepara a criação de um e-commerce para a venda de produtos licenciados. A Fluxo também é patrocinada por Razer e TNT.
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