O Free Fire, battle royale mobile da Garena, já reúne, no mundo, mais de 100 milhões de jogadores. No Brasil, até o ano passado, a emblemática camisa do Flamengo que disputava os campeonatos do jogo levava o logo da B4. A parceria entre o rubro-negro e a organização de e-sports foi encerrada em dezembro. Os dois elementos, por si só, colocam a B4 como um dos grandes cases recentes dos e-sports no Brasil. Atualmente, além de competir pelo Free Fire, o time também disputa PUBG Mobile e Valorant.
Antônio Pedro Cardoso, sócio e CEO da B4, explica que a equipe surgiu há dois anos como comunidade, antes mesmo de ser uma organização profissional. Era, na época, chamada de B4stardos. “Após essa guilda, uma espécie de comunidade dentro do jogo, atingir muito sucesso competitivo, resolvemos profissionalizá-la em um time de esporte eletrônico, formalizando como empresa e expandindo para outras modalidades. Além disso, como uma organização que cresceu de dentro da comunidade, temos uma missão clara de retornar valor para as pessoas”, explica Antônio.
Em dezembro do ano passado, a B4 recebeu reforços. Na ocasião, a Seastorm, venture builder liderada por Marcerla Miranda e Guilherme Muller, fundadores da fintech Trigg, anunciou investimentos na equipe. Um dos objetivos do movimento, como explica Marcela, foi entrar no ecossistema de e-sports e ajudar a profissionalizar a indústria no Brasil. Do ponto de vistas de patrocínios e negócios, a B4 já trabalhou com marcas endêmicas e não endêmicas como Banco Digio, Twitch, Gametv, Razer e Nimo. Marcela Miranda cita os 2,2 bilhões de jogadores e os mais de US$ 295 bilhões de receitas do mercado de games até 2026 como forma de ilustrar a importância deste ecossistema do ponto de vista de investimentos.
“Além de grandes investimentos das big techs em consoles, plataformas, novas tecnologias e imersões. Isso claramente mostra o tamanho do mercado e as oportunidades em negócios que ainda podem ser desenvolvidos. Quando afunilamos para e-sports o mercado ainda está se consolidando e tentando entender quais modelos de negócios serão vencedores. Quando conhecemos a B4, encontramos um time sólido com empreendedores apaixonados, grande experiência em competições e uma história incrível. Vimos grandes chances de a empresa virar algo muito maior e decidimos investir”, diz Marcela.
Segundo Antônio, o atual modelo central da B4 é focado em criar conexão e intimidade da marca com o público-alvo e gamers de diversos jogos. “Essa conexão vem gerando frutos, e hoje em dois anos de existência já somos o quinto maior time da América Latina em redes sociais”, explica, reforçando que, em médio e longo prazo, o objetivo é criar tecnologia que facilite e expanda essa conexão. “Acreditamos que hoje o modelo de negócio do eSports ainda é muito similar ao do esporte tradicional, mesmo tendo uma raiz digital extremamente mais forte. Com isso acreditamos que existem diversas oportunidades ainda inexploradas em tecnologia para criar mais conexão entre público, time e influenciadores. Assim como em melhorar a produtividade e monetização dos diversos stakeholders do processo”, afirma.
Por fim, reforça que a principal lição que as marcas podem aprender é como os e-sports são hoje uma maneira de reter atenção do público jovem. “Em um mundo onde cada vez mais as pessoas tem liberdade de consumir o conteúdo que quiser, na hora que quiser, no dispositivo que quiser, o modelo tradicional de propaganda perde valor cada vez mais por ser algo invasivo ao consumidor. As marcas tem que passar a olhar eSports como um meio de criação de valor para a audiência e não só como um meio de expor a marca e forçar uma atenção”.
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