Não é difícil achar pesquisas que mostram que as usuários e consumidores em geral devem apoiar marcas que tenham valores e propósitos compatíveis com os seus. Em outras palavras, as pessoas acham que devem tratar bem (consumir) marcas que também as tratem bem. E, se não for este o caso, deixar de usá-las.
Muito bem. Desde o últim dia 15 de maio, WhatsApp resolveu estabelecer uma nova regra que exige que os usuários compartilhem seus dados com o Facebook (que é dono do WhatsApp) para poder continuar usando o aplicativo. Além disso, as pessoas que não aceitarem os novos termos até a data perderão funcionalidades do mensageiro. Segundo o Facebook, o compartilhamento de dados poderá ser usado para exibir anúncios mais personalizados, melhorar a sugestão de amigos, direcionamento de conteúdo, entre outros. E segundo a reação de muitos, a imposição é autoritária, injusta e perigosa. Afinal, só o fato de ser uma obrigatoriedade já mostra o valor desses dados.
Aliás, você pode estar se perguntando “mas afinal, quais são esses dados que eu eventualmente teria que compartilhar?”
Esses:
Infelizmente todos nós temos o impulso de aceitar termos sem prestar muita atenção, mas desta vez acho que você deveria gastar 3 minutos para pensar no que isso significa.
Como você se sentitria se, ao fazer um checkin em um hotel, o atendente te perguntasse quais os últimos sites que você visitou? Ou se ele quisesse saber quais foram as últimas compras que você fez online? Ou quanto você costuma gastar no seu cartão de crédito por mês?
Ou pior: se ele nem precisasse perguntar? Se ele simplesmente JÁ SOUBESSE?
Você acharia normal? Acharia que é parte do processo de checkin e tudo bem? Ou iria ao menos questionar o motivo do compartilhamento desse tipo de informação que vai muito além do necessário para uma hospedagem?
O que acontece se você não aceitar a nova política da WhatsApp?
Você será lembrado repetidamente para aceitar a nova política sempre que abrir o aplicativo, e se ainda assim optar por não aceitá-la, então, eventualmente, o WhatsApp se tornará mais ou menos inútil para você.
- Inicialmente, você será capaz de responder a chamadas de voz e vídeo recebidas.
- Se você tiver notificações habilitadas, você também poderá tocar nelas para ler ou responder a uma mensagem.
- Você pode retornar uma chamada de áudio ou vídeo perdida.
- Após algumas semanas, você deixará de receber chamadas, mensagens e até mesmo notificações do WhatsApp.
Aqueles que aceitarem a nova política não notarão qualquer diferença em sua experiência. Mas, se você mantiver o WhatsApp instalado em seu telefone, e ainda assim se recusar a aceitar a apólice, então o WhatsApp não apagará imediatamente sua conta por causa disso. Provavelmente excluirá sua conta devido à “inatividade”, se você não se conectar por 120 dias.
O Facebook se defende dizendo que as mensagens são encriptadas de ponta a ponta, mas isso só é verdade entre usuários. Quando o contato é com alguma empresa, os dados não são encriptados. E isso vale apenas para os chats. Todos os outros dados (os principais), ficam disponíveis para o facebook.
Recomendo a leitura deste artigo (em inglês): Nova Política de Privacidade do WhatsApp: você deve aceitá-la?
Alternativas
Abaixo você encontra uma tabela ótima, com uma comparação entre os concorrentes doWhatsApp, mostrando como uma dessas marcas trata a questão da privacidade dos dados de seus usuários.
Dados de usuários estão se transformando na base do marketing das grandes marcas em todo o mundo. Essa questão vai muito além de um possível incômodo maior na sua navegação. Seus dados vão servir para definir sua persona e certamente extrapolarão o universo do consumo, servindo para definí-lo também como candidato a vagas de emprego, tipo de notícias e conteúdo que chegam – ou deixam de chegar – até você, e mais um monte de coisas que a gente nem imagina.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
É foda. Pior que agora é assim: uns clientes usam WhatsApp: preciso usar. Outros usam Telegram: preciso usar…. e lá se vai usando cada vez mais plataformas.