“É um novo momento para as buscas”, disse hoje o CEO da Microsoft, Satya Nadella. Por 13 anos, a Microsoft tentou fazer usar o Bing. Mas sua fatia no mercado global permanece na casa de um dígito. Agora, as coisas podem mudar. Ontem, em um evento para a imprensa em Redmond, Washington, a Microsoft anunciou sua integração do modelo GPT-4 da OpenAI no Bing, proporcionando uma experiência semelhante ao ChatGPT no mecanismo de busca.
A empresa também está lançando uma nova versão de seu navegador Edge hoje, com esses novos recursos de IA integrados na barra lateral.
A nova experiência já está disponível no Bing, mas ainda é um pouco limitada. Para a experiência completa, você terá que entrar na lista de espera.
Hands-on com o novo Bing
Como esperado, o novo Bing agora apresenta a opção de iniciar um bate-papo em sua barra de ferramentas, o que leva você a uma experiência de conversa semelhante ao ChatGPT. Um ponto importante a ser observado aqui é que, embora o bot ChatGPT da OpenAI tenha sido treinado em dados que cobrem apenas 2021, a versão do Bing é muito mais atualizada e pode lidar com consultas relacionadas a eventos muito mais recentes (pense hoje, não em 2021).
Nadella observou que acredita que esta tecnologia irá remodelar “praticamente todas as categorias de software” e enfatizou que uma tecnologia como esta tem o potencial de remodelar a web. Em sua visão, toda interação computacional no futuro será mediada por um agente. A primeira etapa disso, pelo menos para a Microsoft, é a pesquisa.
Como observou Yusuf Mehdi, da Microsoft, os mecanismos de busca de hoje ainda funcionam muito bem para consultas de navegação e aquelas que são informativas, solicitando fatos básicos. Mas para consultas mais complexas (“você pode recomendar um itinerário de cinco dias para a cidade do México?”), que representam metade das consultas de hoje, os mecanismos de busca modernos falham.
Quanto às novas experiências do Bing, a Microsoft mostrará esses resultados baseados em GPT em uma caixa no lado direito da página de resultados de pesquisa. Eles aparecerão quando você pesquisar fatos para os quais o Bing sabe a resposta.
Como observou o CEO da Microsoft, Satya Nadella, a equipe quer permanecer fiel aos seus Princípios de IA e reconheceu que, como acontece com toda nova tecnologia, é importante permanecer ciente das consequências potencialmente negativas. “Trata-se também de estar atento às consequências não intencionais de qualquer nova tecnologia”, disse ele. Ele enfatizou que a Microsoft quer usar tecnologia que aumente a produtividade humana e que esteja alinhada com os valores humanos.
Mas também há a experiência mais semelhante ao ChatGPT para perguntas um pouco mais vagas e que não têm uma resposta exata. A única outra grande diferença que você provavelmente notará imediatamente é que o Bing ocasionalmente tentará fazer suas próprias perguntas e sugerir possíveis respostas para essas perguntas. O modelo da Microsoft é claramente muito mais atualizado em comparação com o que o ChatGPT oferece atualmente. Isso inclui dados de preços, por exemplo, ou a capacidade de usar dados recentes para dicas de viagem e itinerários – e também escreverá um e-mail para você para compartilhar esse itinerário com sua família.
Outro recurso importante aqui — e que acho que veremos na maioria dessas ferramentas — é que o Bing cita suas fontes e os links para elas em uma seção “saiba mais” no final de suas respostas. Cada resultado também incluirá uma opção de feedback.
Também vale a pena enfatizar que a antiga versão centrada em links do Bing não vai desaparecer. Você ainda pode usá-lo como antes, mas agora aprimorado com IA.
A Microsoft enfatizou que está usando uma nova versão do GPT que é capaz de fornecer respostas mais relevantes, anotá-las e fornecer resultados atualizados, ao mesmo tempo em que oferece uma experiência de usuário mais segura. Ele chama isso de modelo Prometheus. O que a Microsoft está essencialmente fazendo aqui é pegar os modelos OpenAI e, em seguida, envolver o Prometheus e outras tecnologias do Bing em torno deles.
A Microsoft obviamente tem um relacionamento muito próximo com a OpenAI. Após seu investimento inicial de US$ 1 bilhão, a empresa anunciou recentemente que investiria ainda mais e ampliaria sua parceria com a OpenAI, o que, por sua vez, levou ao anúncio de hoje. E, embora o Bing sempre tenha sido um mecanismo de busca competente (e sem dúvida melhor do que a maioria das pessoas acredita), ele nunca ganhou força no mainstream. Sempre foi bom o suficiente, mas isso não dá aos usuários um motivo para mudar. O ChatGPT pode oferecer esse motivo – pelo menos até o Google lançar seu concorrente para um público mais amplo.
Ao contrário do Google, a Microsoft não tem um enorme império de publicidade para proteger, então a empresa provavelmente está disposta a abrir mão de parte da receita para obter participação de mercado do Google, que anunciou ontem a Bard , sua concorrente. O Google, no entanto, não ofereceu muitos detalhes sobre como o Bard funcionará e se integrará à sua experiência de pesquisa. Por enquanto, está disponível apenas para um grupo seleto de testadores confiáveis.
Uma área para a qual esses sistemas são naturalmente voltados são os assistentes de voz. Como a Microsoft costuma fazer, lançou seu assistente de voz Cortana com um respingo e o posicionou como um concorrente do Assistente do Google e do Siri. Como o Bing, era um produto competente (mais do que o Bixby da Samsung) que não ganhou força, então a Microsoft recuou lentamente. Em 2021, reposicionou a Cortana como o serviço que capacita as experiências de produtividade baseadas em IA no Microsoft 365. O novo Bing agora pode fornecer à Microsoft as ferramentas para enfrentar esse mercado também.
O que tudo isso significa para o futuro da web e a saúde financeira dos editores online que dependem de pessoas clicando em seus links ainda não se sabe. É bastante provável, porém, que ferramentas como essa resultem em menos cliques e, portanto, menos dinheiro em anúncios para os editores. Isso tem o potencial para uma enorme mudança de paradigma.
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