Os 6 princípios da Gestalt no seu dia

Gestalt também é conhecida como a “Lei da Simplicidade”. Segundo essa teoria, todo estimulo é percebido, primeiro, em sua forma mais simples. E geralmente a forma mais simples é o conjunto, o todo.

Por isso enxergamos primeiro a letra “A” na capitular do parágrafo acima e não os tracinhos 1, 2 e 3. Por isso enxergamos os carros nas ruas e não seus componentes (as rodas, os vidros, a lataria, os faróis, etc) e por aí vai. Em outras palavras, o “todo” possui prioridade no processo cognitivo.

Isso acontece porque nosso cérebro está constantemente tentando interpretar o mundo que nos cerca, o mais rápido possível. Ele tenta colocar ordem no caos de estímulos a nossa volta porque isso é fundamental para a nossa sobrevivência.

Por exemplo: NACMLEIA. Seu cérebro vê essas letras e não gosta. Em pouco tempo ele vai botar uma ordem nessa bagunça até surgir uma MELANCIA na sua cabeça.

A teoria ganhou o nome de “o todo unificado”, ou em alemão, “Gestalt”.

Bom, 34 anos depois, um psicólogo meio designer chamado Rudolf Arnheim percebeu que essa história toda, de elementos e como eles são percebidos pelo nosso cérebro, tinha tudo a ver com design gráfico. Especialmente com branding, afinal de contas as marcas buscam justamente uma percepção positiva, em um piscar de olhos. Arnheim acabou escrevendo um livro chamado “Arte e Percepção Visual” (Art and Visual Perception: A Psychology of the Creative Eye), que virou um marco na história da psicologia, da arte e do design.

Abaixo, o resumo dos 6 mandamentos (os princípios da teoria Gestalt). Interessante conhecer, mesmo que você não seja um designer ou arquiteto. É bacana perceber como estamos imersos em estímulos visuais que seguem essas regras. São princípios de harmonia, um conceito que pode ser extrapolado para outros universos como a harmonização social, a noção da elegância, gastronomia, música, terapia e até na biologia, na natureza.

Talvez você possa até usar essas regrinhas no seu dia a dia, na maneira como trabalha, no lugar que você escolhe para conversar com os amigos, na roupa que você vai vestir amanhã, na capa do disco que você adora, no rosto da pessoa pela qual você se apaixonou (vamos falar sobre isso mais abaixo).

Imagine que os 6 princípios da Gestalt são as perguntas que o seu cérebro faz cada vez que você olha para alguma coisa.

01. SIMILARIDADE

Hmmm… coisas parecidas. Devo agrupar?

O efeito da similaridade causa outro: o da anomalia, o diferente que chama a atenção

02. CONTINUIDADE

Direcionamento do olhar. Eu chamo de tobogã de olho. Você olha, e seu olhar escorrega para um alvo.

Weather Line. O app que usa continuidade para previsões

O decote que direciona seu olhar pela continuidade. E você achando que Gestalt era uma coisa acadêmica

03. FECHAMENTO

Seu cérebro não precisa de todos os elementos para ver o todo. 

olha como você é craque nisso: bastam os extremos e você completa a maior parte.

Fechamento pode ser um vício, como comprovado neste episódio do “The Big Bang Theory”.

04. PROXIMIDADE

Existe uma distância “mágica” em que os elementos deixam de ser elementos e se transformam em uma coisa só. Como nesse logo:

05. FIGURA

Pura vontade de enxergar. Seu cérebro quer tanto enxergar algum significado nas formas que dá até para usar os espaços que sobram entre as coisas (o famoso espaço negativo). O logo do Carrefour, do Fedex, etc.

E claro, Escher.

06. SIMETRIA

Tipo eye candy, tudo arrumadinho, equilibrado e harmônico. Há exceções, mas de modo geral, nosso cérebro enxerga beleza naquilo que é simétrico. Por isso muitas marcas são simétricas.

Quer fazer uma experiência divertida? Tire uma foto bem de frente e corte-a ao meio. Flipe as metades. Quanto mais parecidas, mais bonito(a) você é (na teoria).

Olha o Brad Pitt:

Olha o Brad Pitt comparado com o Jay Leno:

Agora olha o Zé Serra:

Tem essa campanha da Nissan, que fala que simetria é um saco, mas mesmo assim tá harmônico:

A Gestalt está por aí, bem diante dos seus olhos (e dentro da sua cabeça). Fique atento que você enxerga.