Reflexões sobre a complexidade das relações humanas na era da tecnologia

“Os desafios da vida muitas vezes não se resumem a problemas que podemos resolver facilmente, mas sim a paradoxos que precisamos gerenciar com habilidade”, Ester Perel, psicoterapeuta e autora de livros sobre relacionamentos.

Na sua palestra no SXSW 23, Ester Perel discutiu a complexidade da intimidade genuína, que costuma ter uma combinação profunda de proximidade e distância, cuidado e agressão, confiança e traição, rupturas e transgressões, entre outras dimensões e paradoxos. 

Em um mundo cada vez mais influenciado pela tecnologia, onde a internet e aplicativos como o Spotify, que nos diz o que ouvir, o Netflix, que nos indica o que assistir, e os de relacionamento, que nos conectam com outras pessoas, facilitam muitos aspectos da nossa vida, há o risco de nos tornarmos despreparados e incapazes de lidar com a imprevisibilidade inerente à natureza humana, ao amor e à vida.

Esses recursos tecnológicos prometeram eliminar a fricção, algo que segundo Perel é essencial para o desejo erótico. No entanto, ao suavizarem as asperezas da vida, eles também podem estar reduzindo a vitalidade e a espontaneidade que fazem parte de uma vida plena.

É importante refletir sobre as implicações dessa realidade nas relações humanas. Não existe uma receita única para lidar com esses desafios, já que cada caso é único e demanda uma abordagem diferenciada. Mas Perel nos provoca com algumas perguntas para reflexão que eu acredito que cabem a cada um de nós:

  • O que significa buscar uma alma gêmea em um aplicativo? 
  • Como lidar com o consumismo romântico que nos impede de nos comprometermos com relacionamentos saudáveis? 
  • Como estabelecer conexões profundas com colegas de trabalho ou amigos virtuais sem nunca tê-los conhecido pessoalmente? 
  • Como compreender a vida dos outros apenas com base no que eles postam nas redes sociais?

Há também uma questão importante a ser considerada: será que estamos enfrentando uma crise de saúde mental ou apenas respondendo de maneira adaptativa ao mal-estar de uma sociedade cada vez mais complexa?

São questionamentos fundamentais levantados por Perel e que precisam ser explorados com cautela e abertura para entendermos melhor a nós mesmos e às pessoas ao nosso redor. 

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