Neste final de semana começou Roland Garros.
Mas para 2500 adolescentes, começou muito antes.
Este é o número de candidatos, meninos e meninas entre 12 e 16 anos, que todo ano disputam uma vaga de “ramasseurs de balles”, ou, “pegador de bola”.
Parece uma atividade simples, mas está longe disso.
Os 250 classificados tiveram que passar por provas de condicionamento físico, controle emocional, concentração e coordenação motora. Em uma delas, digna de desafio de Big Brother, precisam ficar duros como estátuas por longos períodos.
Todo esse preparo para pegar bolinhas?
Não, é muito mais que isso.
Além de recolher as bolinhas no menor tempo possível, os pegadores de bola precisam circular as bolinhas entre eles, entregá-las aos jogadores na hora do saque, entregar e recolher toalhas ensopadas de suor, segurar guarda-sol sobre o jogador nos intervalos (com braços esticados e por trás para nunca entrar no campo de visão deles e não atrapalhar a concentração), servir água, ajudar a desembrulhar raquetes e muito mais. Tudo isso, invisível.
Roland Garros é provavelmente o torneio mais casca-grossa no quesito estamina, por causa dos longos jogos de 5 sets.
Muitos pegadores de bola desmaiam e são rapidamente substituídos. Olha um:
E ainda precisam engolir o mau-humor de alguns jogadores, amplificados por conta da pressão do jogo e da premiação. Há 2 anos, um pegador de bola se enganou e entrou na quadra no meio de um longo ponto, por engano. Pra piorar, quase atropelou o jogador, que mesmo assim finalizou o ponto. Mas, o ponto foi cancelado por interferência.
Momentos tensos que podem significar a perda de milhões de dólares. Mas é de dar um nó na garganta de dó do menino e o pior momento de sua vida:
Outro risco é tomar uma bolada de 200 km/h na orelha, que acontece frequentemente com pegadores e juízes de linha.
Olha o que o Djoko fez com essa pobre (e gatinha) pegadora de bola:
Enfim, o primeiro post de Roland Garros vai em homenagem a essa molecada, que no auge da sua idade descoladinha, abdicaram de seus Facebooks, baladas, amigos e parentes durante meses, só para poder participar deste grande evento e ficar perto de seus ídolos.
Pegadores de bola também são invisíveis em clubes. Mas não por treinamento, mas sim por arrogância de muitos que até esquecem de sua presença. Esses meninos com frequência acabam virando GRANDES jogadores, sem nunca terem feito uma aula sequer. Só olhando e batendo bola entre eles ou no paredão. Muitos acabam virando professores. Alguns, jogadores profissionais. Um abraço pra essa molecada do tubão de PVC e um tapa na orelha de quem não fala nem um “oi” ou um “obrigado” para os pegadores de bola.
E fica de olho lá na França que Roland Garros tá só começando.
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Que aflição esse título de "pegadores de bola"!
Gandula é tão mais simples, pôxa!
Anda que na boca dos franceses virasse "gandulá", mas já seria melhor, heim?
Esqueci de colocar no post: no próximo jogo, repare como os pegadores ficam parados mesmo depois que o jogo acaba e o vencedor comemora. Eles só podem sair de formação depois do aperto de mãos entre jogadores e juíz (pelo menos em Wimbledon é assim).
La tension, l'emocion, la fatigue.