Não Tente ser Criativo

O espírito criativo e as ideias que não se dobram
Não Tente ser Criativo Não Tente ser Criativo

― Não tente dobrar a colher. Isso é impossível. Em vez disso… apenas tente perceber a verdade.

― Qual verdade?

― Não existe colher.

― Não existe colher?

― Então você verá que não é a colher que se dobra, é apenas você mesmo.

Esse diálogo é do filme “Matrix”, dirigido pelas irmãs Wachowski.

A ideia central por trás dessa troca é um conceito de realidade e percepção. A “colher” é usada como uma metáfora para ilustrar a ideia de que o mundo, conforme aparece para nós, pode não ser tão real ou fixo como acreditamos.

O Garoto da Colher sugere que tentar dobrar a colher é impossível porque não há colher; ela é uma ilusão, um construto da Matrix.

A ideia é que o mundo, incluindo objetos físicos como a colher, não é o que parece, e é a percepção e compreensão individuais da realidade que podem ser alteradas.

A verdadeira mudança ocorre na mente da pessoa, não no mundo exterior.

Esse diálogo reflete o tema geral do filme, que explora a natureza da realidade, controle e percepção humana em um mundo dominado por máquinas e construtos artificiais.

A jornada de Neo trata de perceber e aceitar essa verdade e sua capacidade de manipular a Matrix ao entender sua natureza ilusória.

Já reparou como suas melhores ideias quase sempre pulam no seu colo, quase sem esforço.

Às vezes, acordamos com a resposta daquele problema que há tempos vem infernizando nossos dias. Do nada, caminhando pelo parque sua mente entrega a solução que você passou dias sem dormir pensando nela. Parece mágica.

Quando tentamos dobrar a colher, ou seja, quando nos esforçamos para ser criativos as respostas nunca vêm.

A mensagem do filme é bem interessante.

É uma grande ilusão tentar criar algo. Não é a colher que se dobra, mas você.

É a soma de nossas experiências e a capacidade de manter nossas emoções sobre controle.

No universo da Matrix existem “agentes” que aterrorizam a todos, e o único recurso quando encontramos um é correr desesperadamente para salvar nossas vidas.

Eles são a perfeita personificação do medo.

Todos que tentaram enfrentar esses agentes acabaram morrendo.

Quantas das suas ideias morreram antes mesmo de sair do papel?

Quantas vezes você “correu” porque o desespero bateu e não acreditou ser capaz de vencer alguma situação ou sentia que não deveria estar ali?

Quando “tentamos” ser criativos seguimos regras. As regras de uma Matrix que só existe por causa dessas regras. Isso é um paradoxo, já que para ser criativo precisamos conhecer as regras para quebrá-las.

Não existe tentativa: você faz ou não faz, dizia mestre Yoda.

Todos temos “colheres” para dobrar e, assim, provar o nosso valor.

Infelizmente, isso é impossível.

Você só consegue dobrar o metal se antes derreter sua mente e forjar novas ideias.

No universo da criatividade somos livres de regras. A física é brincadeira de criança e nossas mentes podem fazer o que desejarem, até dobrar uma colher.

Quanto menos limitações, maior o nosso poder criativo.

Agentes sempre vão existir, e isso é bom. O medo que representam é pedagógico. São o contraponto necessário para nos dizer quem não devemos ser, pois são os representantes máximos da essência da Matrix.

Ou seja, são regidos por regras rígidas, imutáveis, pelo menos pra eles.

Sem essa perspectiva talvez ficaríamos vagando pela realidade, sem propósito.

Na hora de enfrentar seus maiores temores, lembre-se:

― Não tente ser criativo. Isso é impossível. Em vez disso… apenas tente perceber a verdade.

― Qual verdade?

― Não existe criatividade.

― Não existe criatividade?

― Então você verá que não é a criatividade que se dobra, é apenas você mesmo.

As maiores realizações dependem da morte diária de versões suas que não fazem mais sentido, para ressurgirem com novo fôlego, cuspir na cara do medo, redesenhar a realidade e, quem sabe, nunca mais precisar se desviar de “balas”.

Essa é uma batalha diária! Vamos tentar ou fazer?

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