Por Pedro Cho, publicado em Coletivo UX

Quando eu digo a eles que faço fontes, meus amigos que não são designers ficam realmente curiosos. Todo mundo já teve alguma exposição a fontes, mais comumente por meio do menu de fontes em aplicativos. Eles veem como uma fonte diferente pode tornar seu documento mais longo (se você estiver tentando atingir um determinado número de páginas) ou mais curto (se você estiver tentando encaixá-lo em menos folhas de papel). Eles podem ter uma fonte favorita para usar. Muitas pessoas também sabem algo sobre tipografia da cultura popular – talvez tenham visto aquele documentário sobre Helvetica , ouvido o quanto a Comic Sans é insultada ou gostado daquele esboço do SNL sobre Papyrus no logotipo do Avatar de James Cameron .

Mesmo que eles não tenham pensado muito no que acontece no design de uma nova fonte, a maioria das pessoas ficará interessada, porque os tipos e as letras são interessantes para muitos de nós.

Quando jovem, era fascinado por letras: caligrafia, traços e ornamentação; ambigramas, letras que você pode ler de cabeça para baixo ou de cabeça para cima; Letraset, tipo transferência a seco, você pode esfregar letra por letra para compor um panfleto ou zine. Explorei tipologia e computação quando era estudante de graduação e trabalhei na área de design por muitos anos, usando tipografia todos os dias. Meu interesse de longa data por tipos culminou no aprendizado do design de tipos, e venho desenvolvendo meu ofício nos últimos anos. Lancei minha primeira fonte Peasy neste verão.

Ultimamente tenho pensado nas letras em todos os seus formatos e tamanhos e por que elas são tão fascinantes para nós.

Por que as letras nos atraem

As letras têm uma qualidade semelhante a um talismã. Eles estão ligados à infância, esses blocos e ímãs de cores vivas. Você aprende suas letras e aprende a ler e escrever durante um período formativo de seu desenvolvimento. Eles estão enraizados em nós desde muito cedo, quando somos impressionáveis.

Os humanos são máquinas em busca de padrões. Procuramos dar sentido ao mundo e os padrões nos ajudam a aprender e lembrar o que é importante. Nos tempos pré-históricos, isso significava saber quais plantas eram boas para comer e quais deixariam você doente. Nas sociedades alfabetizadas, a procura de padrões é o que nos permite aprender a ler e a escrever. Ensinamos esses padrões aos nossos filhos.

A tipografia é um sistema de padrões aninhados em padrões, aninhados em padrões maiores.

As letras são feitas de formas que você pode escrever com a mão – segmentos retos e curvos repetidos que se unem em padrões específicos. Você encadeia letras em palavras, depois em frases e parágrafos. As cartas contêm todo um universo de linguagem que permite expressar ideias e contar histórias: é mágico.

A linguagem escrita permite que você transmita suas palavras para muitas outras pessoas por meio de várias tecnologias, desde o livro impresso até a web. Essa capacidade de alcançar tantas pessoas é outro tipo de magia.

Em Thinking with Type, Ellen Lupton escreve: “A tipografia é a aparência da linguagem”. A tipografia geralmente é invisível. Mas a escolha do tipo de letra também transmite outra camada de significado que o leitor pode ou não perceber – é uma vibração ou um sentimento. A fonte pode evocar uma emoção.

Gostamos de letras porque elas contêm muitos tipos de formatos e vêm em muitos formatos e tamanhos diferentes. Eles vêm de uma longa tradição de escrita e nos ligam à história. Existem muitos tipos de scripts ao longo do tempo e dos idiomas. À medida que melhoramos a visão das letras, começamos a reconhecer como a mesma letra pode ser expressa com uma ampla variedade de formas.

Por exemplo, todos os caracteres acima são facilmente reconhecíveis como a letra a.

Mas existem algumas regras misteriosas sobre como funciona o nosso reconhecimento de letras. Por exemplo, as duas formas principais de ‘a’ romano minúsculo parecem que podem estar conectadas uma à outra assim.

Mas se você tentar fazer um a semelhante a essas formas intermediárias, raramente conseguirá ler essas duas formas isoladamente como um a – elas se parecem mais com o d minúsculo.

Racionalizando o alfabeto

Esta história em quadrinhos do XKCD ressoa profundamente em mim como alguém que desenha letras. Concordo com a forma como o alfabeto começa forte, como as letras pontilhadas são amigas e como V a Z são 100% ‘letras assombradas’.

Ao projetar uma fonte (como a Peasy mostrada abaixo), você começará com uma ideia, e as letras minúsculas de A a Z, já que esses são os caracteres mais usados. Freqüentemente, você começa com n & o como caracteres de controle e um punhado de letras que pode usar para as formas básicas.

Várias formas redondas estão relacionadas entre si. As curvas de b, d, p e q minúsculas geralmente são projetadas para corresponder umas às outras.

Todas essas cartas também se relacionam.

E esses caracteres que contêm diagonais costumam ser seus filhos problemáticos. O s minúsculo também costuma ser difícil de acertar.

À medida que você adiciona mais caracteres, você pode expressar mais coisas com seu tipo. A pontuação permite transmitir emoções, apartes e ênfase. Marcas diacríticas ou acentos são importantes para escrever em idiomas que usam o alfabeto latino diferente do inglês. Números e símbolos também: todos eles têm significados que são úteis para expandir o que você pode dizer com seu tipo.

O design de tipo é um paradoxo

O objetivo do design de tipos é um paradoxo. Você deseja tornar as letras o mais unificadas possível e, ao mesmo tempo, torná-las o mais distintas possível umas das outras. Você está tornando cada letra o mais próximo do ideal platônico de sua aparência, ao mesmo tempo que segue a estrutura geral e as regras que você configurou para seu tipo de letra.

E, no fundo, você tem em mente a história dos tipos, a longa tradição de convenções tipográficas que informam muitas coisas, como: qual o formato das letras nesse estilo, para onde vão os finos e os grossos e onde as serifas devem aparecer .

O tipo é um sistema complexo de padrões aninhados. Adoramos ver a complexidade, mesmo que nem sempre tenhamos consciência de que ela existe.

Confira Typotopo.com para testar o Peasy ou baixar uma amostra tipo.

Esta postagem é baseada em parte de minha palestra no MIT Media Lab no mês passado, como parte da série de palestras de almoço sobre Tipografia Computacional . A gravação da palestra já está disponível no YouTube: