O maior desafio ao escrever sobre qualquer coisa do SxSW é não repetir algo que já foi dito por alguém que esta escrevendo sobre o SxSW.
Então, eu decide usar um outro método: ver, ouvir, refletir e só depois escrever.
Sim, não tem nada inovador, é basicamente o mesmo método que deveríamos usar para tudo em nossas vidas.
E foi resgatando essa forma tão trivial de vivência que ao analisar os conteúdos de palestras, painéis, exposições e reações das pessoas, cheguei no maior aprendizado desses primeiros dias, estamos perdendo a capacidade de interpretar e sentir o impacto do que estamos vivendo.
Vou falar mais sobre isso em quase tudo que escrever sobre o SxSW, mas já adianto que na minha modesta opinião, o grande tema por trás de tanta tecnologia e inovação é a urgência que temos em resgatar a empatia e a sensibilidade. E como de um jeito direto ou indireto, tudo envolve ou nos move para isso.
Sim, a grande ironia é que a inteligência artificial talvez seja a grande chance que temos de sermos humanos de novo. E ao longo dos textos vou mostrando as evidências que encontrei disso.
Mas para começar vou falar sobre o que inspirou o título de hoje: o painel que trazia Selena Gomez, a sua sócia Mandy Teefey, o atleta Salomon Thomaz e os doutores Jessica Stern e Corey Yeager.
Nem preciso dizer que grande parte da plateia presente queria ver a superstar Selena Gomez, mas viram uma jovem real, extremamente apática e visivelmente desconfortável em abortar temas sensíveis para ela mesma.
Todas as histórias abordadas naquele palco foram reais, assim como suas consequências, as iniciativas que se seguiram e a necessidade de cuidarmos melhor uns dos outros. Estarmos mais alertas, levar mais a fundo nossas relações, enfim sermos mais empáticos. A inovação aqui é usarmos toda a tecnologia possível para fazer isso.
Assim como não estavam preparados para não ver a Selena feliz, jovial, energizada, talvez não estivessem preparados para o tema.
Foi desesperador ver, assim que o painel acabou, uma parte do público correr para cima da jovem desconfortável e abalada para fazer a melhor registro fotográfico para postar em suas redes sociais, enquanto tudo que ela precisava era talvez um abraço.
Uma reação muito mais artificial, do que inteligente.