Nova identidade e posicionamento da Jaguar geram fortes críticas

Bud Light feelings.
Pessoas com roupas coloridas, diversidade, fundo rosa. Pessoas com roupas coloridas, diversidade, fundo rosa.

“Copy nothing”. Não copie nada. Mas será mesmo?

De olho na transição para os modelos elétricos, a Jaguar lançou seu rebranding postando um vídeo um tanto quanto inusitado, mais parecido com um desfile de moda do que da marca Jaguar.

O filme de lançamento

Não demorou muito para causar reações. No Instagram, já são mais de 2M de views e mais comentários do que likes. No X, o post tem mais de 60M de impressões. A grande maioria são críticas.

Bud Light feelings.

Modelos em roupas coloridas, mensagem criativa.

A nova marca

A famosa logo do Jaguar em pose de ataque também foi totalmente refeita sem carregar qualquer elemento da marca original.

Logotipos da marca Jaguar lado a lado.

A logomarca original da Jaguar, conhecida como “Leaper”, apresenta um jaguar em salto, simbolizando elegância, potência e velocidade. Sua origem remonta a 1945, quando a empresa adotou o nome Jaguar. O emblema foi inspirado no ornamento de capô criado em 1938 pelo escultor Bill Rankin, posteriormente refinado pelo ilustrador automotivo Frederick Gordon Crosby. Essa imagem tornou-se um ícone da marca, refletindo seus valores de desempenho e luxo.

Evolução dos logos da Jaguar de 1922 a 2021

Já a uma nova identidade visual segue a linha minimalista e traz apenas o nome jaguar em uma fonte completamente diferente e com outra personalidade. Surgem riscos associados a uma mudança que pode parecer cansada e desalinhada com os valores históricos e básicos da marca.

Texto 'Jaguar' em fundo gradiente rosa.

O perigo de um posicionamento que pode ser percebido como pouco autêntico

Com uma história de marca associada ao luxo e à performance, a Jaguar decidiu adotar uma postura mais woke e reinventar seu logotipo com um design minimalista. No entanto, essa mudança levanta questões sobre o timing e a genuinidade dessa transformação. Adotar um posicionamento tão distante do original pode ser visto como uma atitude oportunista, especialmente se não for coerente com a história e os valores da marca. Difícil estabelecer um limite entre evolução e modernização e um “personacídio”.

Exemplos de Repercussões Negativas

Marcas como Bud Light enfrentaram reações adversas ao tentar se reorientar rapidamente para atender a novas dinâmicas sociais, resultando em rejeição em massa de seus públicos tradicionais.

Quando uma marca se afasta dos valores que historicamente a definem, corre o risco de abrir mão de sua identidade o que pode ser visto como uma “traição” (lovebrands nos ensinam que os verdadeiros donos das marcas são, conceitualmente e idealmente, os fãs, especialmente os heavy users e os que compram de fato).

Outros que são “donos” de forma mais literal, como os acionistas, também se sentem traídos quando a vendas são impactadas. Esse efeito pode se tornar um grande equalizador, lembrando às empresas que, no final das contas, é a aceitação do consumidor que sustenta a marca.

Santino Pietrosanti., Head of Brand Strategy da Jaguar

Preservação do DNA e Alinhamento Estratégico

Para a Jaguar, o desafio é duplo: ela deve não apenas adotar novas tendências para se manter relevante, mas também integrar essas mudanças de maneira que ressoe com o DNA da marca. Ao buscar um equilíbrio entre inovação e tradição, a Jaguar deve garantir que suas novas iniciativas estratégicas estejam profundamente enraizadas em seu legado e em um entendimento claro do que seus clientes valorizam.

Sem isso, há o risco constante de que as mudanças sejam percebidas como desconexas ou artificiais por seu público-alvo, provocando um impacto negativo nas vendas e na imagem de longo prazo da marca. Portanto, a Jaguar precisará gerenciar cuidadosamente a narrativa dessa transição, enfatizando o compromisso contínuo com a qualidade e a exclusividade que sempre definiram sua marca.

À medida que a Jaguar navega por esta nova fase, é crucial que cada decisão seja cuidadosamente ponderada para evitar as armadilhas que outras empresas enfrentaram ao tentar se reposicionar rapidamente. A integração de novos valores sociais e ambientais deve ser feita de uma forma que respeite e preserve a autenticidade da marca, assegurando que ela continue a prosperar no altamente competitivo mercado automotivo.