Mr. Press: como a IA me engoliu e me fez renascer

O MR.PRESS virou um avatar realista das minhas histórias, vingando um desejo antigo de ser ator – e, de quebra, encolhendo a barriga que ganhei estudando IA.
Guerreiro de vermelho em ação com espada. Guerreiro de vermelho em ação com espada.

Quando a IA se aproximou como uma marola, recuei para a areia como um ser frágil, temeroso de molhar os pés na água gelada. Postei críticas, levantei bandeira contra.

Para contextualizar tamanha revolta, eu me via em um lugar comum para um diretor de filmes publicitários sexagenário: implorando trabalho e frustrado por não ter alcançado sucesso no meu verdadeiro sonho – ser diretor de cinema.

Meu único longa passou completamente despercebido por aqui e esvaziou minha conta bancária um mês antes da pandemia. Fiquei dois anos sem filmar, fechei a produtora e, a duras penas (e com o apoio de grandes amigos), encontrei um lugar apertado e de pé no ônibus lotado.

Como podem ver, eu beiro o melodrama. Minha autoconfiança despencou, o que só piorou a situação na hora de procurar trabalho. Mergulhado no ócio e no açúcar, movi-me sorrateiramente para um aplicativo de IA generativa, sem ninguém perceber. Afinal, eu era um dos arautos do discurso contra essa ferramenta do apocalipse.

Em uma semana, a IA me envolveu silenciosamente como uma serpente e, finalmente, me devorou. Comecei mexendo nas minhas fotografias, principalmente retratos. Dar vida àquelas pessoas de maneira tão rápida e criativa era, sem dúvida, uma forma de narrativa sem precedentes. Postava os resultados no meu Instagram, mas pouca gente dava bola. Então, resolvi procurar outra turma.

Abri um Instagram público, adotei o pseudônimo de MR.PRESS e passei a promover meus trabalhos, que evoluíam paralelamente às ferramentas. Comecei a gastar o que tinha juntado – dinheiro que deveria ter usado para pagar algumas dívidas – nos aplicativos de IA e na promoção dos meus curtas autorais. Em 15 dias, conquistei 17 mil seguidores, todos gringos.

Homem tatuado voando sobre prédios urbanos.

Recebi muitos assédios e perguntas no inbox de todos os cantos do mundo. De repente, os publicitários começaram a olhar para mim novamente. Muitas reuniões, pedidos de teste. Uma agente me procurou e passou a financiar o custo dos aplicativos.

Homem deitado ao lado de uma pantera negra.

Criei um selo de IA, a PLOTEINA(i), que agrega roteiristas de cinema e artistas de IA do mundo inteiro. Fiz um filme de produto para a Natura, que serviu para apresentar a marca ao mercado americano em um telão gigante durante um jogo da NBA em Orlando.

O MR.PRESS virou um avatar realista das minhas histórias, vingando um desejo antigo de ser ator – e, de quebra, encolhendo a barriga que ganhei estudando IA. E olhem só: o MR.PRESS avatar foi contratado por uma das melhores produtoras de cinema do Brasil para estrear uma série de ficção, criada pelo verdadeiro Marcelo Presotto, cujo trabalho foi reconhecido com a ajuda da ferramenta que, supostamente, lhe tiraria o emprego!

A marola virou um tsunami gostoso de surfar.

Mr. Press ou Marcelo Presotto é o Head de AI da PLOTEINA(i) um selo de roteiristas e artistas visuais.Marcelo atua no AudioVisual como Diretor, Roteirista, Editor e Artista de AI ha pelo menos 35 anos
Insta: @mrpressss

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