Já virou rotina conversar por video com o time. Nem sempre é sobre entregas — às vezes é só para trocar uma ideia.
Numa dessas conversas, um amigo comentou:
“Tenho usado bastante IA, mas fico com a sensação de que preciso correr para não ficar para trás. Não posso ficar com cara de atrasado na frente dos clientes.”
Ou seja, a encrenca não é a IA. É o medo de ficar para trás, perder relevância. De ver tudo mudando, sem tempo de se adaptar. Update or Die, como sempre foi.
Mas sabemos: não é velocidade. É direção.
Você não é bom porque domina a ferramenta do momento. Você é bom pelo que sabe (ou não) fazer com ela. O valor está na decisão, na pilotagem. Não no software.
Como foi com a “guitarra elétrica” pro Bob Dylan que, apesar das previsões na época, continuou sendo o Bob Dylan. E, melhorado.
IA não é o fim. É só mais uma arena onde seu trabalho acontece. O que define seu trabalho continua sendo você — sua lógica, seu estilo, seu repertório.
IA segue o mesmo padrão. Ela não cria por você. Ela turbina aquilo em que você já é bom — ou que já estava no piloto automático.
O risco não é ser substituído. É esquecer o que faz seu trabalho ser seu.
A relevância não vem de dominar tudo. Vem de saber o que importa pra você e manter isso como âncora. Use a IA para cortar ruído, acelerar o que é chato e liberar espaço pro que só você pode entregar: critério, contexto, clareza.
Não precisa correr. Precisa continuar sendo você — num novo cenário.
O craft continua. Só muda a ferramenta.