ROMO: O novo nome daquilo que você já faz quando está de saco cheio

Segura que vem aí mais um termo que vai parar nos keynotes de agência e nos dicionários de tendências
Conexão digital e descanso divididos, cérebro e sono. Conexão digital e descanso divididos, cérebro e sono.

Prepare-se para mais um termo que vai parar nos powerpoints de agência e nos dicionários de tendências: ROMO (relief of missing out). Traduzindo do marketês: o alívio de não estar em todos os rolês, de não acompanhar cada trend da internet e, basicamente, de dizer “vôu n-ã-o” sem culpa.

Antes, a gente sofria com o FOMO (fear of missing out), um termo que agora vai nos parecer meio 2000, mas aquela sensação de que a vida tava sempre acontecendo em outro lugar e que você tinha a obrigação de estar lá. Agora, cansados da overdose de estímulos, surge o contrário: a paz de simplesmente não dar a mínima.

Parece libertador? Sim. É novo? Não, né. A diferença é que agora a galera do branding inventou um acrônimo cool pra vender e retratar um “novo sentimento”.

Nos últimos anos parece que a gente vive uma mistura de Divertidamente e Black Mirror, fomos bombardeados por palavras que batizam o óbvio: ghosting (o sumir sem dar tchau), quiet quitting (trabalhar cumprindo tabela), brain rot (o cérebro derretido de scroll), quiet cracking (a crise interna que você disfarça com um sorriso e/ou medicamento), love bombing (a atenção excessiva que depois vira silêncio), situationship (um rolo que nunca ganha rótulo) e o clássico doomscrolling (rolar a timeline até a alma desistir). Agora é a vez do ROMO, que nada mais é do que a epifania coletiva de que ansiedade custa caro demais, em sono, em autoestima, em saúde mental e que, talvez, não valha tanto o ingresso caríssimo de festival ou a ressaca da balada hypada.

Convenhamos, tem algo de delicioso em dizer: “não fui, não vi, não participei, e tá tudo ótimo”. Se até a Rihanna some por anos e volta milionária vendendo maquiagem, o Cillian Murphy mesmo com Oscar admite que não sente falta de estar em todos os filmes, e o Messi troca a Champions por uma vida tranquila em Miami, quem é você pra se sentir culpado de escolher o ROMO no sofá de casa?

No fim, essa nova tendência só prova que a maior revolução cultural do momento é a mais simples de todas: assumir que não dá pra estar em todos os lugares ao mesmo tempo e que, sim, ficar de boa às vezes ganha do rolê – “e tá tudo bem”.

ROMO é só o nome fancy para o bom e velho “não quero. não vou, me deixa em paz”.