O esporte de “corrida de aventura” ou “corrida de expedição” envolve equipes de atletas de várias partes do planeta (incluindo Brasil), que correm sem parar, 24 horas por dia, em um percurso extenso que cobre centenas de quilômetros de terrenos diversos, e que exige uma variedade de atividades, como mountain bike, rapel, rafting, paddleboarding e canyoning. No caso de “Eco-Challenge Fiji”, uma reinvenção da série de corridas “Eco-Challenge” transmitida pela primeira vez no Discovery Channel na década de 1990, 66 equipes embarcaram em uma jornada difícil de 11 dias através da ilha do título do Pacífico Sul, com equipes de operações de câmera (e o anfitrião Bear Grylls) rastreando todos os seus movimentos.
A série Amazon Prime Video, idealizada pelo criador de “Survivor” Mark Burnett, faz uso dos truques usuais do reality show, mas não precisa se apoiar tanto na repetição ou truques para aumentar as apostas ou aumentar a tensão. Todo o percurso é tão exigente, e esses competidores tão dedicados e motivados, há um drama inerente em quase todas as filmagens; não há necessidade de crescendos musicais dramáticos ou vídeos com falsas de reação. Em última análise, a série parece mais a cobertura de um evento ou uma transmissão esportiva – semelhante, digamos, à cobertura dos Jogos Olímpicos – do que um primo de “Survivor” ou “The Amazing Race”.
Nota: Para quem não conhece, “Survivor” chegou no Brasil com nome de “No Limite”, transmitido pela Rede Globo em 2000.
Há um equilíbrio incrível aqui entre as jornadas das equipes ao longo do curso e suas origens e drama interpessoal. Vemos os competidores o suficiente para investir o tempo em seus vários resultados, mas nunca nos demoramos muito ou sacrificamos o foco da própria competição em si. Esses atletas estão atravessando o oceano aberto por horas, escalando montanhas e navegando por selvas densas, até mesmo tentando navegar o rio na base de um cânion íngreme durante uma tempestade tropical. (Em um ponto, a tempestade faz com que toda a corrida seja temporariamente adiada, mas os competidores vivem em um perigo óbvio por tanto tempo que mal parece uma precaução real quando acontece.)
No geral, mais do que uma corrida, este é um desafio de resistência, e a maioria das histórias pessoais e “confissões” dos atletas enfatizam a importância primordial do autocuidado, estratégias inteligentes e resistência mental, além da força física e resistência. Logo no primeiro episódio o time de americanos começa a liderar, mas seu membro mais forte e corpulento apaga totalmente, sucumbindo à exaustão pelo calor e custando à equipe horas perdidas enquanto se recupera. Outra equipe, que inclui alguns veteranos com algum tipo de deficiência, enfrenta constantes escolhas difíceis sobre se deve escolher um caminho mais curto, mas potencialmente mais perigoso, ou se deve sacrificar seu tempo para permanecer seguro. Esses são quebra-cabeças e perguntas surpreendentemente complexos e fascinantes que ficam no centro de um reality show, dando a ele um nível de profundidade além da diversão de assistir as pessoas em uma aventura às vezes perigosa.
Em meus 30-e-poucos, posso dizer que nunca vou começar uma corrida de expedição. Definitivamente não é para mim. Então, potencialmente, o maior elogio que eu poderia dar a “CorWorld’s Toughest Race: Eco-Challenge Fiji” é que, em alguns pequenos aspectos, ele captura o apelo de passar por uma provação exaustiva como essa. O show certamente deixa claro o sofrimento e a miséria de passar 11 dias no deserto, lutando a cada momento contra o relógio e os elementos, mas também a alegria e a emoção de assumir esse tipo de desafio e realmente vê-lo passar.
Vale o play para passar uma aventura em casa.
“World’s Toughest Race: Eco-Challenge Fiji”
Disponível no Amazon Prime Video
10 Episódios (1 temporada)
Média de 50 minutos cada episódio