A inteligência artificial (IA) tem avançado rapidamente nos últimos anos e promete revolucionar diversos setores da sociedade. No entanto, o que esperar da IA em 2024? Neste post, vamos explorar as tendências e perspectivas para essa tecnologia incrível. Prepare-se para descobrir como a IA continuará a transformar nossas vidas e impactar o futuro próximo. Vamos lá!
O último ano foi marcado pela popularização da IA generativa, com termos como ChatGPT e Bard caindo na “boca do povo”. Também pudemos assistir enormes investimentos na área, como por exemplo os US$10 bilhões que a Microsoft colocou na OpenAI [1] e os US$4 bilhões da Amazon na Anthropic [2].
Enquanto pesquisadores e CEOs debatiam a probabilidade da Inteligência Artificial Geral (na sigla em inglês AGI – Artificial General Intelligence) em redes sociais e manchetes de jornais e revistas [3], os criadores de políticas públicas começaram a levar a sério a regulamentação da IA – a União Européia apresentou o conjunto mais abrangente de políticas que regem a tecnologia até agora [4] e o governo Biden publicou uma Ordem Executiva detalhando 150 requisitos da área para agências federais [5].
Se você tem interesse em IA, 2024 promete ser tão movimentado quanto 2023. Longe de mim querer brincar de cartomante, mas há algumas tendências que vale ficar de olho nos próximos 12 meses. Elas podem impactar tanto no desenvolvimento da área quanto no dia a dia das pessoas. São tópicos que ficarei ligado e que gostaria de compartilhar com vocês. Vamos a eles:
O que esperar da IA em 2024: escassez de GPUs
Entre as tendências de ia para 2024 que muito me preocupa é a escassez global de processadores GPU – os processadores de vídeo que rodam boa parte dos modelos de IA que vemos por aí. Como muitas das grandes empresas que já estão em processo de implementar a tecnologia em seus negócios vem tentando trazer recursos de IA para “dentro de casa”, há uma certa corrida por GPUs. Existem vários fabricantes (como NVIDIA e AMD), mas sua capacidade de produção pode estar chegando ao limite [6].
É possível que esta situação crie uma enorme pressão não apenas para o aumento da produção de GPU, mas também para que pesquisadores apresentem soluções de hardware que sejam mais baratas e fáceis de fabricar e usar. Há alguns trabalhos em engenharia elétrica sobre alternativas de baixo consumo de energia às GPUs atuais, como os dos pesquisadores de Stanford Kunle Olukotun [7], que pretende desenvolver chips especializados e altamente eficientes, construídos para fins específicos em detrimento dos atuais, que podem ser aplicados para uma alta gama de tarefas, e Kwabena Boahen [8], que foca em diminuir o calor produzido pelo processamento, melhorando o consumo de energia.
Essas pesquisas ainda estão longe de serem disponibilizadas em massa, mas creio que haverá uma enorme pressão para acelerar esses esforços, a fim de democratizar o acesso às tecnologias de IA.
A próxima geração da IA generativa
A respeito desse tópico, ficarei ligado em duas coisas. Uma delas é o surgimento de agentes artificiais e a capacidade de aplicativos de IA se conectarem a outros serviços, como por exemplo ferramentas de busca. Se 2023 foi o ano em que pudemos conversar com uma IA, em 2024 creio que veremos agentes de IA fazerem coisas para nós. Falo de reservas em restaurantes, de planejamento de viagem, dentre outros serviços.
Além disso, precisamos pensar sobre o que esperar da IA em termos de multimídia. Essa é a outra tendência a que me referi no início desta seção. A nova onda da IA generativa será multimodal, capaz de compreender e processar vários tipos de entrada, incluindo texto, voz, imagens e até melodias. Será capaz de gerar todas as formas de conteúdo simultaneamente. Por exemplo, ela poderia escrever um artigo e gerar uma imagem de acompanhamento ou então criar um cenário para uma peça de teatro enquanto gera roteiros dessa mesma peça em várias línguas. Essas habilidades aprimoradas abrem janelas para oportunidades mais criativas e experiências abrangentes.
O que esperar da IA em 2024: capacidade de trabalho aumentada
Outra tendência que poderemos ver em 2024 envolve aproveitar a IA para aumentar, no sentido de incluir valor, os nossos processos de trabalho. A IA tem o potencial de melhorar as capacidades humanas de várias maneiras, incluindo agilizar processos, aumentar a eficiência e maximizar a segurança. Por exemplo, ela poderia ser empregada para tarefas como resumo de conteúdo, pesquisa, redação de documentos e geração e teste de código [9].
Isto promoveria o desenvolvimento de IAs especializadas para cada indústria, seja ela jurídica, médica ou de desenvolvimento de software. Certamente apresenta oportunidades para empresas criarem soluções especializadas de IA que se alinhem com as tendências do trabalho aumentado, mas também traz desafios.
Nesse sentido, será necessário nos darmos tempo e espaço para articular o que consideramos ser permitido e onde devemos colocar os limites. Por exemplo, em maio de 2023, a editora de periódicos acadêmicos Springer, emitiu uma declaração na qual afirmava que grandes modelos de linguagem poderiam ser usados na redação de artigos, mas não seriam admitidos como coautores em qualquer publicação [10]. A razão que citaram, e penso ser ela extremamente relevante, foi a da responsabilização.
Isso não significa que a Springer esteja presa a esse entendimento para sempre, mas mostra porque a ideia de responsabilização é tão crítica: expor algo a sério, compreender quais são os seus fundamentos e dizer que é aqui que estamos agora, deixa clara a forma como entendemos a situação no momento e como poderíamos adicionar mais nuances a esse entendimento no futuro. Penso que instituições e organizações deveriam ter essa perspectiva e tentar colocar no papel as diretrizes para seu uso de IA em 2024.
IA ética
O crescimento do uso da IA em diversos setores levanta preocupações sobre transparência, justiça, potencial destruição de empregos e incertezas relativas ao controle da própria IA.
Em 2024, possivelmente haverá uma maior ênfase na IA ética, focando não só a ética, mas também a justiça e a segurança. A IA ética baseia-se em princípios que priorizam os direitos individuais, a segurança, a privacidade e a proteção de dados. Estes valores orientam o desenvolvimento e a implantação de sistemas de IA para garantir que não prejudiquem os indivíduos ou a sociedade como um todo [11].
Desenvolvedores devem receber maior pressão no próximo ano para se concentrarem na criação de IAs com responsabilidade social, cujo uso realmente contribua para o crescimento humano. Seus empregadores também sentirão essa pressão por IA ética, seja por meio de legislação ou por exigência de seus clientes, mas aumentará a exigência de que demonstrem que suas IAs estão qualificadas a serem consideradas éticas.
Legislação para IA
À medida que a IA continue a se desenvolver e a ser cada vez mais utilizada em diversos setores econômicos, muitos países deverão acelerar a legislação para controle da IA. Como citei no início do texto, a União Europeia chegou a um acordo, marcando sua primeira regulamentação sobre IA [4]. A China, por outro lado, já começa a implementar leis para restringir a geração de Deepfakes sem consentimento [12].
O desafio das legislações sobre IA reside em encontrar um equilíbrio entre proteger as pessoas dos danos relacionados à IA, como a destruição de empregos e a privacidade dos dados, e abrir espaço para o crescimento de inovações e mercados impulsionados pela tecnologia.
Por exemplo, em meados de 2024, dois estados Norte-Americanos – Califórnia e Colorado – deverão adotar regulamentos abordando a tomada de decisões automatizadas no contexto da privacidade do consumidor [13]. Embora estes regulamentos se limitem a sistemas de IA que são treinados ou recolhem informações pessoais de indivíduos, ambos oferecem aos consumidores o direito de optar por não autorizar a utilização de seus dados por sistemas de IA que os usem para classificar seu perfil, como por exemplo, na contratação de seguros.
Esse tipo de legislação obrigará as empresas a considerarem o impacto dos clientes exercerem seus direitos, especialmente em massa. O que pode acontecer se uma grande empresa usar IA para auxiliar em seu processo de contratação? E se centenas de possíveis candidatos solicitarem uma desativação de seus dados? Será necessário ter humanos revisando os currículos de candidatos? Incluir IA garante um processo melhor do que o que já existe? Estamos apenas começando a lidar com essas questões. Creio que em 2024, acompanharemos de perto a evolução desse tipo de legislação.
IA quântica
À medida que avançamos no domínio da computação quântica, a integração com a inteligência artificial (IA) promete revolucionar nossa capacidade de processamento de dados. A superposição e o emaranhamento quântico, fundamentos dessa tecnologia, têm o potencial de acelerar algoritmos de IA de maneira sem precedentes. No entanto, enfrentamos desafios significativos, como a decoerência quântica, que ameaça a estabilidade da informação quântica, e a complexidade de desenvolver hardware quântico confiável e escalável.
Apesar desses obstáculos, o otimismo em relação à IA quântica é justificado, dada a sua capacidade de realizar cálculos que seriam impraticáveis em computadores clássicos. A pesquisa e o desenvolvimento contínuos em IA quântica são essenciais e esperamos ver avanços significativos no próximo ano. O cruzamento entre mecânica quântica e IA é uma fronteira empolgante que promete expandir as fronteiras do que é possível em termos de computação.
Olhando para 2024, antecipamos uma integração ainda maior da IA em aplicações do dia a dia. A expectativa é que chatbots mais inteligentes e ferramentas de geração de imagens impulsionadas por IA se tornem onipresentes, desde motores de busca até plataformas de mídia social e softwares empresariais como o Microsoft Office. Estamos à beira de uma era em que a IA não será apenas uma ferramenta útil, mas uma extensão essencial de nossas capacidades computacionais e criativas.