Estamos todos em uma jornada. Algumas mais fáceis do que outras, mas todos em busca de algo, que não se sabe o que é, ou que se perdeu.
O indiano Saroo, aos cinco anos, se perdeu do irmão em uma estação de trem em Calcutá, “pequeno mas inteligente”, como ele mesmo se denomina, ele precisou passar por grandes dificuldades até ser adotado por uma família australiana com quem cresceu e foi amado até os 25 anos quando, incapaz de superar o que aconteceu, decide buscar por sua família biológica.
Baseado no livro autobiográfico de Saroo Brierley, chamado A Long Way Home, o filme apresenta uma história que é praticamente impossível não se comover. Pensar em como é estar perdido aos cinco anos de idade é uma sensação desesperadora, pois a maioria de nós, privilegiados que somos, no máximo nos perdemos no supermercado quando crianças e já era uma agonia tremenda. Agora, imagina estar perdido em uma estação de trem na Índia aos cinco anos?
Saroo, depois de passar por inúmeras batalhas para se manter vivo, teve a sorte de ser adotado por uma família disposta a dar todo o amor necessário para uma criança crescer bem e saudável. Mas como conviver com o fato de que você já tinha uma história antes de chegar até ali? Uma frase que Saroo já grande diz (e que me tocou muito) é mais ou menos assim: “somos como cisnes privilegiados vivendo sem prestar a atenção de que muita gente não tem nada”.
E é verdade.
Quando Saroo era criança ele ajudava a sua mãe a recolher pedras para conseguir o que for possível para comer. Depois de adotado, sua realidade com a família australiana era, claro, bem diferente – com todo o conforto possível que existe em uma casa à beira mar.
Além da peregrinação de Saroo, o mais tocante de Lion é ver o constrate da vida. Como simplesmente nascer (ou crescer) em um lugar pode definir o futuro da sua vida; e como os acontecimentos podem mudar tudo em questão de minutos.
Talvez Lion tinha a intenção de mostrar uma jornada de um garoto que se perdeu e que queria voltar para casa, mas é impossível não prestar atenção no constrate das situações que, às vezes, está na nossa frente e não somos capazes de ver.
Um belo filme.