Enfim, ROI não foi o assunto mais debatido sobre Creators no SXSW

O SXSW surpreende ano após ano, e esse ano não foi diferente. Assisti a diversos painéis e palestras sobre Creators e, contrariando as expectativas, ROI não foi a bola da vez. Esse ano, sem dúvida, a representatividade foi a menina dos olhos, dominando quase todas discussões, seguido dos microinfluenciadores.

Você até pode alegar que isso já está sendo falado e debatido e que não é uma grande novidade, mas sou obrigado a discordar.

A representatividade não estava só sendo representada (rá!), mas sim debatida em detalhes por quem está fazendo, está lutando e está tentando. Os painéis, embora não contassem com grandes nomes, reuniram Creators de diferentes nacionalidades e grupos e fizeram jus à proposta da diversidade.

Só esse fato já torna a discussão mais verdadeira, e vejo isso como um grande passo para que as mudanças realmente aconteçam.

Os Creators querem e estão se assumindo como os agentes da mudança. Esses foram alguns exemplos do que se discutiu por lá:

. Como devemos criar histórias diversas com autenticidade e tornar isso relativo?
. Como devemos ser responsáveis pela diversidade?
. Como esses Creators podem encontrar e se conectar com seu público de forma ainda mais verdadeira?
. Como podemos capacitar as comunidades através da história?

Uma das principais dificuldades é descobrir como fazer essas vozes sub-representadas serem financiadas e, com isso, distribuir suas histórias de uma forma mais abrangente.

Independentemente do país onde o conteúdo é criado, as dificuldades são praticamente as mesmas. Mesmo aqui no Brasil, esses assuntos estão sendo levantados e debatidos, mas os EUA já dão passos mais largos com a criação de algumas empresas e iniciativas.

Um dos exemplos mostrados foi a iniciativa da Open TV (beta), um projeto de pesquisa e plataforma para a televisão feito por mulheres queer, trans e cis e artistas negros. Quem lidera é Aymar Jean “AJ” Christian, escritor e professor de Estudos de Comunicação da Northwestern University.

Esse projeto já tem como parceiros o Museu de Arte Contemporânea de Chicago, o Instituto de Arte de Chicago, o Block Museum of Art e a Cidade de Chicago, além de inúmeras galerias, organizações comunitárias e universidades.

“Acreditamos que iniciativas como essas podem causar impacto social e empatia através da narração digital”, disse Aymar.

No caso dos microinfluenciadores, o principal exemplo que vi foi o da ELF Cosmetics (sigla para Eyes, Lips, Face). Eles resolveram reunir 50 nomes através do seu programa “Beautyscape” para ajudar a aumentar o engajamento com a marca. Cada microinfluenciador foi escolhido por causa do forte envolvimento e entusiasmo pela marca e tinha, em média, 1.500 seguidores.

Amy Cotteleer, fundadora da A2G, uma agência que foi contratada pela ELF para essa campanha, demonstrou que microinfluenciadores têm mais engajamento do que influenciadores de maior renome: “Microinfluenciadores têm uma taxa de engajamento de 8%, enquanto os influenciadores com cerca de um milhão de seguidores só têm uma taxa de engajamento de 1,7% com seu público.”

A ELF identificou que não funcionaria apenas dar livre acesso aos seus produtos, mas sim que deveria também promover a criatividade. Os microinfluenciadores foram levados a São Francisco e tiveram a oportunidade de avaliar e conversar com a equipe de desenvolvimento de novos produtos e trabalhar com os principais maquiadores Elf.

Essa ação gerou resultados significativos para a marca. Além de criar um vínculo maior com as microinfluenciadores e seus públicos, conseguiu um aumento de 25% nos seguidores em suas redes sociais.

Abaixo, Heart Telagaarta, uma das microinfluenciadoras de ELF, fazendo um vídeo mostrando os produtos da marca.

Acredito e torço muito para que esses novos caminhos virem uma realidade ainda mais comum. É animador ver pessoas e grupos sendo cada vez mais representados em conteúdos gerados por eles mesmos e microinfluenciadores conseguindo viver do seu próprio trabalho.

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