Nada é mais importante que a criação de conexões emocionais. Serve para a comunicação, serve para a arte, serve para a vida. E serviu como base para todo o trabalho da equipe brasileira responsável pela abertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Andrucha Waddington, Fernando Meirelles, Vik Muniz, Daniela Thomas e Flavio Machado foram alguns dos responsáveis por traduzir o conceito em realidade para bilhões de pessoas. Os três últimos vieram ao Cannes Lions 2017 contar a experiência.
O primeiro grande desafio foi se adequar a uma enorme transição de realidade. Quando receberam o bastão, em 2012, o Brasil estava no topo. Em 2016, crise econômica, política e de saúde (com zika e adjacentes) eram a única coisa discutida. “Precisávamos fazer algo memorável, mas sem ser ufanista demais – afinal, nem poderíamos pelo momento do país”, levantou Machado. A solução foi aquela que virou base para qualquer forma de comunicação estável e simpática atualmente: ser verdadeiro.
“Não escondemos o Brasil. Falamos da escravidão, da violência, assim como falamos da alegria, da beleza natural, de quem somos de verdade. É isso tudo junto que forma nossa cultura”, destacou Daniela Thomas. Segundo a diretora artística, foram três as bases para que todo o trabalho fosse desenvolvido: busca pela beleza, busca por “quem somos” e beleza na mensagem.
Vik Muniz se dedicou principalmente à abertura das Paralimpíadas, que tinham um desafio ainda maior: além de superar o sucesso tremendo sucesso do evento anterior, ajudar a impulsionar a venda de ingressos, que tinha potencial para ser o maior fracasso da história dos jogos. “Assim como na anterior, as pessoas esperávamos que falhássemos”, revelou.
Vic Muniz no palco do Cannes Lions 2017
Com linguagem e mente de artista, ele contou sobre os três principais momentos do evento na sua opinião. E neles está, talvez, a principal lição do painel. “Para mim, os pontos altos foram a formação do coração humano, com as peças de quebra-cabeça de cada uma das delegações; a hora em que a pira seria acesa, na escada que virava uma rampa; e da Márcia Malsar levando a tocha. Na hora que o coração a apareceu, todos começaram a bater os pés e gritar. Quando Clodoaldo Silva parou em frente à escada, começou a chover de repente. E para mim, a Márcia Malsar cair, levantar e passar a tocha foi o momento mais emocionante de toda a cerimônia. Os três foram imprevisíveis, e pior: nós não tivemos nada a ver com eles. Mas acho que essas coisas acontecem quando existe verdade, uma equipe incrível e muita dedicação. São inexplicáveis”, contou Muniz. Ao final, superaram 1 bilhão de interações digitais e um milhão de ingressos vendidos – recorde de todas as edições paralímpicas.
Num paralelo entre o evento artístico e o mundo comercial, Flavio Machado alfinetou: “Qual é o valor de mudar a autoestima de uma nação inteira? Como mensurar a transformação causada por uma conexão emocional desse tamanho? Talvez, não dê. A gente apenas sabe…”.
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