A experiência não acontece na tela, mas sim, na mente.
Porém, com o tempo, conforme fui crescendo e me tornando “adulto”, o foco da minha curiosidade mudou um pouco: deixou de ser de coisas materiais, mecânicas, e se voltou um pouco mais para coisas subjetivas e abstratas, como a Mente. Uma das perguntas chave, de extrema importância e complexidade é: como nossa mente funciona? Isso sempre me intrigou muito…
Nossa mente, de certa forma, “controla” e “gerencia” todas as nossas ações, comportamentos, escolhas, sentimentos, nosso corpo, nossa emoções, etc; mas pouco sabemos sobre ela, ou seja, sabemos pouco daquilo que é o nosso principal “motor”, nossa força motriz: nossa própria mente.
Percebi que conhecendo profundamente a mim mesmo, automaticamente eu (de certa forma) estaria conhecendo todas as outras pessoas, pois todos nós, apesar de algumas diferenças, também temos muito em comum. Para poder desenhar coisas relevantes para as pessoas, você precisa conhecer as pessoas.
Hoje é claro que a Psicanálise tenta trilhar este caminho e responder algumas dessas perguntas, de como a mente e seus processos funcionam, porque agimos da forma que agimos, porque reagimos de forma A e não de forma B, porque escolhemos este caminho e não aquele, entre outras questões.
Quando conheci a disciplina UX Design aconteceu uma conexão instantânea, como que ❤ amor à primeira vista, pois estava ali uma forma de unir duas coisas que eu gostava muito de ler e estudar: Design + Pessoas.
Não apenas isso, mas também Filosofia (observar, questionar) + Arte (design, formas, cores). Ao meu ver, UX Design tem muitas similaridades com a Psicanálise.
UX Design (e Psicanálise) é sobre ouvir as pessoas, observar seu comportamento, sua linguagem, suas reações, suas escolhas, entender o que as motivam, entender o que as pessoas precisam, quais são seus desejos e suas frustrações. Tudo isso tem muito em comum com a Psicanálise e pode ser aplicado diretamente ao processo de design de produtos, serviços, aplicativos e interfaces. Além disso, ambas tem como principal método a Escuta.
Ao usar um aplicativo ou navegar em uma interface, no background de nossas ações conscientes (entrar em uma área ou clicar em um botão por exemplo) estão acontecendo diversas sinapses e ligações inconscientes que não temos ideia e muito menos controle – conexões associadas a experiências passadas que influenciam diretamente nossos critérios de escolha no presente.
São muitas as pontes entre a Psicanálise e o Design, são duas disciplinas que podem se complementar e se ajudar de forma única e produtiva.
Se chegamos até aqui nobre leitor, podemos dizer que Freud seria um ótimo UX Designer, pois foi ele uma das primeiras pessoas a ouvir as outras pessoas, entender seus desejos, suas necessidades, suas frustrações – para que a partir daí fosse possível identificar padrões e desenhar possíveis mudanças de rumo e comportamento, consequentemente mudanças de Vida.
O mesmo pode ser aplicado ao uso de aplicativos e interfaces: observar, entender, ouvir, identificar padrões, para que então seja possível desenhar mudanças, desenhar algo novo e obter experiências mais significativas e fáceis de usar.
Deixe um comentário
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Olá Odair,
Cada vez mais vejo a importância da psicologia pro design sendo apontada, o que me deixa muito feliz, pois a ligação é clara e o trabalho do designer com certeza só será mais rico com conhecimentos sobre comportamento humano. Porém sugiro buscar conhecimento em outras áreas da psicologia que não a psicanálise, pelo menos não somente. A psicanálise e outras teorias psicológicas podem ser ótimas para o autoconhecimento e para questionamentos filosóficos, por terem história e uso intimamente ligados à psicologia clínica. Mas não têm o mesmo poder para generalizar e explicar o comportamento de forma mais ampla, porque se baseiam principalmente em estudos de caso.
Dito tudo isso, sugiro que busque pesquisas da psicologia social. Pra mim, é uma das áreas mais relevantes ao trabalho de designers e comunicadores por estudar justamente como somos influenciados por outras pessoas, situações, mensagens, etc. Além da neurosciência e da economia comportamental, é uma das áreas mais ligadas aos estudos de comportamento do consumidor. A área (principalmente no exterior) se baseia fortemente em experimentos, que é o método científico ideal para estabelecer relações causais, além da combinação com outros métodos, o que gera evidências mais confiáveis e generalizáveis, comparado a estudos de caso por exemplo.
Pode ser que nos seus estudos já tenha se deparado com referências da área, mas sei que é uma área ainda pouco conhecida no Brasil por quem não é da psicologia. Li que está preparando uma palestra sobre o assunto, então se tiver mais interesse, ficarei feliz em trocar ideias! Sou formada em psicologia e design gráfico, além de ter feito mestrado em comportamento do consumidor, então tenho BASTANTE material pra indicar hehe
Freud tenho minhas dúvidas, mas Carl Rogers e Carl Jung com certeza seriam
Carol Moeda é isso mesmo?
Pra poupar tempo da galera, vão direto para os últimos dois parágrafos, que são onde tem realmente o tema. O resto é só o autor falando sobre ele mesmo e umas outras coisas que você acha na Wikipedia.
@caioarbulu, encontrei esta matéria… achei tão interessante.
Alguns equívocos da forma que a psicanálise atua e foi concebida por Freud…..mas visão interessante, fez eu buscar outras associações.
Que bom Daniella! Ajude a gente, aponte lá no post esses equÃvocos para gente atualizar? Obrigado!
Olá Daniella, tudo bem? Apenas gostaria de ressaltar que no artigo eu aponto algumas similaridades que vejo entre os dois processos, mas em momento algum eu digo que cientificamente eles são iguais ;)
Este artigo é um primeiro esboço da ideia que estou desenvolvendo em forma de uma palestra de 40 minutos. Estou à disposição para discussões que contribuam para o tema : )
Rodri Go Leite
Thiago… ;}