“Se queres saber o futuro, estuda o passado”, a frase de Confúcio era pertinente centenas de anos antes de Cristo, e é quase urgente agora. Com as mudanças dos mercados globais, ficamos aflitos com as novas formas de prestar serviços e vender produtos, e esquecemos que a resposta para muitas charadas comerciais talvez estejam em um “truque” bastante conhecido – as assinaturas. Ou subscription, como dizem os americanos.
Sim, aquela mesma ferramenta que usávamos para ler jornais, assistir filmes e desfrutar de tantos outros bens e comodidades pode ser a chave do sucesso em tempos digitais.
Essa modalidade tem surtido efeito sobretudo no que diz respeito a empresas midiáticas. No final de 2018, 50% dos adultos de países ditos “desenvolvidos” tinham pelo menos duas assinaturas de veículos de comunicação. Até o final de 2020, um estudo da Deloitte Global aponta que o número deve dobrar: de dois para quatro veículos.
O valor dessas assinaturas, ainda segundo a análise da gigante, geralmente fica abaixo dos 10 dólares mensais. Em 2020, a expectativa é que o gasto mensal de um adulto com serviços de assinatura seja de aproximadamente 100 dólares.
Esses números são puxados por outras estatísticas impossíveis de serem ignoradas. As assinaturas de e-commerce, por exemplo, cresceram mais de 100% nos últimos cinco anos, com os maiores players do mercado arrecadando de 57 milhões de dólares em 2011 para 2,6 bilhões em 2016.
Quando o assunto é o e-commerce americano, o perfil dos assinantes é um pouco diferente: eles tendem a ter entre 25 e 44 anos, renda anual entre 50 e 100 mil dólares anuais e vivem em áreas urbanas.
Em 2018, os serviços de assinaturas prara compras online mais bem sucedidos em solo norte americano foram Amazon, Dollar Shave Club, Ipsy, Blue Apron e Birchbox.
Quem também abraça com força a modalidade de subscription é o mercado de entretenimento, que viu sua arrecadação crescer 5% em 2017, atingindo a impressionante cifra de 20,5 bilhões de reais.
Um levantamento conduzido pela Digital Entertainment Group mostrou que empresas que trabalham com assinatura para o streaming de vídeos e séries, como Netflix, Hulu e Amazon Prime abocanharam sozinhos, em 2017, 9,5 bilhões de dólares.
Os valores devem crescer e se diversificar à medida que novos conglomerados reivindiquem sua parcela neste sucesso. A Disney mesmo está à beira de lançar o seu próprio streaming, caminho que deve ser seguido pela WarnerMedia.
A mudança na comercialização deste negócio vai pedir também adaptação do conteúdo, e é aqui que entra o SXSW, que destinou cinco rodadas de conversas para analisar todas as vertentes deste mercado de assinatura online para entretenimento – sendo uma delas dedicada exclusivamente a analisar os cases de marketing para os chamados bingers, como são chamados os usuários que maratonam séries online.