Nem mais “se”, nem mais “ou”: agora vivemos na era do “e” — realidade virtual “e” aumentada; ou simplesmente cross reality (XR) , como definem os especialistas.
A junção destas duas ferramentas representa a última fronteira que separava o mundo físico do digital, e isso abre caminhos sem precedentes para as mais variadas indústrias, da saúde à comunicação.
Embora ainda estejamos no engatinhar dos mecanismos de XR, o mercado de games têm apostado massivamente nesta direção. Vale lembrar que o Pokémon Go, lançado anos atrás, foi baixado 800 milhões de vezes e gerou, até 2018, uma receita de dois bilhões de dólares – números que o alçaram ao status de case de estudo.
De acordo com especialistas, a tecnologia e experimentação financiada pela indústria de jogos virtuais pode ser aplicada em outros grandes setores, como o da construção. Quem entende do assunto garante que os mesmos mecanismos usados para criar espaços fictícios como no jogo BeatSaber, podem, por exemplo, ser aplicados para o mapeamento digital da construção de um prédio, permitindo que os clientes vejam e “sintam” o produto antes mesmo de um grão de areia ser modificado.
Outra maneira que a sociedade pode se beneficiar e muito com a cross reality é no que diz respeito aos treinamentos emergenciais de saúde. Ambientes virtuais permitem que profissionais sejam colocados em situações variadas, em cenários de riscos verossímeis.
Então, além de servir de suporte psicológico para que médicos, enfermeiros e profissionais da saúde saibam como agir em casos urgentes, a XR permite ainda a consultoria remota à distância, de forma que, em casos específicos, médicos podem contar com o feedback imediato de colegas; quase como se tivesse um professor ou conselheiro ao lado.
Todos esses avanços, porém, ainda sucumbem à realidade da náusea causada por aparelhos de VR. Esse efeito-colateral da tecnologia está com os dias contados: ainda este ano será lançado o Cybershoes, um produto que faz o tracking dos movimentos do usuário e “espellha” essa realidade ao aparelho digital de modo que, mesmo imerso na experiência, o usuário vai ter total controle e domínio sobre o que o cerca.
O potencial ainda não dimensionado do universo XR vai ser discutido no palco do SXSW, com a presença de desenvolvedores, programadores e palestrantes de áreas tangíveis.