“Estamos sempre nos preparando para viver, mas nunca vivendo”
Ralph Waldo Emerson
Dia 1 de Janeiro de 2020, neste exato momento você começa a pensar já nos próximos dias de trabalho, o que fazer, como fazer, o que ficou de pendência e o que precisará fazer de trabalho para realizar tudo que precisa. Parabéns, você está com pressa, e logo mais já será final do mês e você se pergunta “afinal, para onde foi meu tempo“.
Correr. Corremos para fazer de tudo, desde obter informações, comer, julgar e isto na idade adulta. Ninguém mais quer ser criança em alguns aspectos – como parar para se divertir, e depois de alguma idade o desespero de querer voltar aos tempos simples aparece. Não existe ponto de volta quando falamos da vida, existem decisões. O apressar adiciona estresse e ansiedade em nossa vida. Com o tempo, isso pode fazer uma grande diferença no seu estado mental padrão.
As facilidades de nosso tempo contemporâneo podem precisar de ajustes, passando por Netflix decidindo adicionar velocidades diferentes para o usuário escolher como assistir o filme, podcasts resumindo livros para te entregar em até X minutos, passando pela extrema necessidade de saber como será um filme antes de você decidir ou não pagar o ingresso. Não me leve a mal, algumas facilidades são boas, quando usado em momentos ideias, mas pode ser o seu abismo individual ao tentar debater com alguém aspectos mais detalhados de conteúdos que não foram feitos para serem corridos, geralmente artísticos ou científicos.
Quando estamos correndo, estamos vivendo um estado de resistência, essa que pode ser fatal para nosso próprio tempo e saúde, resistir e não aceitar a vida como é, para poder evoluí-la e adapta-la, pode ser o seu grande problema de toda vida. Apressar-se produz um estado de consciência que geralmente ocorre quando nos sentimos ansiosos. E pode ser uma clara falta de vontade de estar no momento presente. Seja por causa da nossa constante tentativa de escapar da nossa mortalidade – querendo garantias psíquicas de um amanhã com nossos planos -, ou até mesmo o medo de ficarmos com nós mesmos, a única certeza é que estamos combatendo o tempo com o nosso próprio, e não fazendo as pazes.
Trabalho no meu dia a dia com soluções criativas, penso como cada palavra, cenário, imagem, vestes, luzes, localização, momento, contexto poderá afetar quem consumir o conteúdo, porque quero o próximo da certeza de que a pessoa estará segura ao ver o que estou entregando e terá seu tempo de diversão, auto-conhecimento e conforto, seja sozinha ou com outros ao lado para compartilhar aquele momento. O modo com que as pessoas vão consumir este conteúdo impacta diretamente no resultado não só da peça, mas também do momento, podendo virar algo que pode mudar drasticamente um mercado grande, e de impacto de vários países.
Viver nesta constante de enxergar tudo como algo que precisa ser finalizado logo muda muito seu meio ambiente. Bons exemplos de como isto causa impacto está em posts do próprio UoD como “Não me pergunte mais “Como foi na escola hoje?”” que pode ser usado como exemplo sobre conseguirmos dialogar melhor com quem esta ao nosso redor quando estamos no presente, focados e engajados. “A discordância desperdiçada“, que mostra como, em nossa falta de tempo de pensar melhor nos conteúdos, pode nos tornar pessoas impossíveis de coexistir online, já que tudo estará na base do “eu, somente, sou o certo”, e adiciono também “A Síndrome do “nossa é sensacional… ih, não é!”, todos que nos ajudam a identificar os aspectos da falta de estar no presente.
Se tiver uma lista de afazeres para 2020, que seja paciente com você mesmo, com seu próprio tempo. Adicione reaprender a viver o presente, em vez de pensar tanto no futuro ou no passado. Quando você comer, aprecie totalmente sua comida. Quando você estiver com alguém, esteja com esse por total. Ao caminhar, aprecie o ambiente ao redor, não importa onde esteja. Ao fazer um trabalho, use e abuse da sua curiosidade e criatividade, e reconquiste a segurança de apresentar um ótimo trabalho.
Troque a preocupação dos amanhãs, controle a respiração, olhe ao seu redor, e faça do dia de hoje uma lembrança para o futuro. Desconecta e, adaptando um pouco uma das frases o Bráulio Bessa, “quando a vida pedir um pingo de atenção, por favor, faça chover.”
penso exatamente como você, acredito que o tempo deve ser tratado como patrimonio e respeitado como e há flagrante necessidade de respeitá-lo.