No final da era do cinema mudo, apesar dos projetores já funcionarem com a velocidade padrão de 24FPS (frames por segundo ou quadros por segundo), as cenas eram filmadas a 22FPS para dar mais “vida e energia às cenas”.
Essa pequena acelerada na ação funcionava muito bem com o estilo pastelão das comédias da época, cheias de tombos e trapalhadas e atores com uma expressão corporal intensa, como o Buster Keaton, por exemplo.
22 FPS (BUSTER KEATON)
Oliver Hardy e Stan Laurel (o Gordo e o Magro) eram a exceção a regra.
Preferiam ser filmados a 24FPS mesmo, a velocidade normal, da vida real. Essa diferença, de apenas 2 frames é mesmo muito pequena, quase imperceptível. Mas é gigantesca para a história do cinema e da comédia. Simboliza a mudança do estilo intenso do pastelão para a comédia sutil com timing mais inglês, com deliciosas cenas cheias de silêncios, reações tardias, e pela primeira vez, closes de rostos expressivos ao invés de gente tropeçando. Nascia a incompreensível mágica daquele “nada” que nos faz rir.
24 FPS (OLIVER HARDY & STAN LAUREL)
Quando o som foi incorporado aos filmes alguns anos mais tarde, a comédia dos 22FPS morreu definitivamente, mas não foi problema algum para Oliver e Stan.
Assim como na arte impressa, a comédia aprendeu a valorizar seus “espaços negativos” e a arte de fazer rir nunca mais foi a mesma. E ninguém usava o “nada” tão bem quanto Stan Laurel e sua cara de quem acabou de acordar.
“Comedy is tragedy plus time.”
Carol Burnett