Radar Duga: Enorme antena abandonada escondida nas florestas perto de Chernobyl
A floresta que se encontra entre Liubech e Chernobyl ao norte de Kiev (Ucrânia) é o local perfeito para locação de um filme pós-apocalíptico.
O misterioso Radar Duga, que significa “Arco” encontra-se na conhecida zona de exclusão de Chernobyl, contaminada por radiação em 1986, após o pior desastre nuclear do mundo ter mostrado o impiedoso poder do uranio enriquecido.
Duga foi um dos segredos mais bem guardados da Guerra Fria (pelo menos é o que se sabe até hoje), já foi uma das instalações militares mais poderosas do império comunista da União Soviética e pode ainda ser visto a quilômetros de distância, elevando-se através da névoa no horizonte com uma visão surreal e assustadora.
O Radar tem uma altura aproximada de 150 metros de altura e se estende por quase 700 metros de comprimento, sendo deixado para apodrecer inevitavelmente com os ventos radioativos de Chernobyl.
Qualquer visitante nos arredores da floresta que esteja explorando a vegetação tropeçará em veículos negligenciados, barris de aço, dispositivos eletrônicos quebrados e lixo metálico, os restos da evacuação apressada logo após o desastre nuclear.
Por décadas, o Duga ficou no meio do nada, sem ninguém para testemunhar sua lenta morte, mas desde 2013, os visitantes que exploram a zona de exclusão de Chernobyl têm acesso permitido à instalação do radar como parte de um grupo guiado.
De acordo com o Yaroslav Yemelianenko, diretor da Chernobyl Tour, “…Os turistas ficam impressionados com o a instalação colossal e sua beleza estética de alta tecnologia…”.
Mesmo décadas após o colapso da União Soviética, o paradeiro de Duga ainda coloca mais perguntas do que respostas sobre seu verdadeiro objetivo que ainda não é totalmente compreendido.
A construção do Radar começou em 1972, quando cientistas soviéticos que procuravam maneiras de mitigar ameaças de mísseis de longo alcance tiveram a ideia de construir um enorme radar além do horizonte, que emitia sinais na ionosfera para espionar possíveis ameaças através da curvatura da Terra.
Apesar do ambicioso projeto, os cientistas não tinham total entendimento de como a ionosfera funcionava, fatalmente condenando toda estrutura antes mesmo de ser construída.
Parte do que se sabe sobre o Duga – também conhecido como Chernobyl-2 vem do ex-comandante do complexo de radar, Volodymyr Musiyets.
“…Chernobyl-2, foi criado com o único objetivo de detectar o ataque nuclear à URSS no máximo em dois a três minutos após o lançamento de mísseis balísticos inimigos, como parte da defesa antimíssil e antiespacial das forças armadas soviéticas…”.
O radar Duga era apenas um gigantesco receptor de sinal, o centro de transmissão foi construído a cerca de 60 quilômetros de distância em uma cidade chamada Lubech-1, agora também abandonada.
Essas instalações eram evidentemente ultrassecretas e foram protegidas com extensas medidas de segurança para confundir seus inimigos, o comando soviético frequentemente designava essas instalações e algumas cidades fantasmas com nomes, números ou identidades falsas.
Nos mapas soviéticos antigos, o radar Duga foi marcado como um acampamento infantil (há até um ponto de ônibus bizarro no caminho para uma instalação decorada com um mascote “Misha”, o ursinho dos Jogos Olímpicos de 1980 em Moscou.
Diz a lenda que o jornalista Phil Donahue, foi um dos primeiros jornalistas dos EUA a ter acesso a Chernobyl após o desastre, quando perguntou ao seu guia oficial sobre a visão surreal do Duga no horizonte e lhe disseram que era um hotel inacabado.
Quando estava em operação, o Duga supostamente usava ondas de rádio curtas capazes de viajar milhares de quilômetros usando uma técnica chamada radiolocalização para detectar as chamas de escape dos mísseis lançados.
Em 1976, o mundo ouviu pela primeira vez o misterioso pulso repetitivo, semelhante ao pica-pau, vindo dos transmissores e as teorias da conspiração se seguiram instantaneamente, gerando manchetes da mídia ocidental sobre controle da mente e do clima.
Com o crescente medo de uma guerra nuclear, algumas teorias afirmavam que o sinal de baixa frequência do “pica-pau russo” poderia mudar o comportamento humano, ler mentes e até mesmo destruir as células do cérebro. Essas teorias eram mais alimentadas pela constante negação da União Soviética sobre a própria existência do radar – afinal de contas, era apenas “um acampamento para crianças”.
Devido ao status ultrassecreto do Duga, todos os documentos sobre sua operação possivelmente foram destruídos ou arquivados em Moscou. Os valiosos componentes tecnológicos foram transportados para a capital ou levados pelos saqueadores.
O fascínio de muitos entusiastas pelo período da Guerra Fria, é inspirado pelas constantes e ininterruptas tensões diplomáticas entre a atual Rússia e os Estados Unidos e talvez essa sensação de segredos e teorias da conspiração tragam aos atuais visitantes um significado a fim de explorar essas relíquias com seus próprios olhos.
Infelizmente o som sinistro do pica-pau russo silenciou em dezembro de 1989, deixando milhares de seguidores intrigados sobre seus bipes e mensagens em códigos sombrios. Pelo menos o Duga continua a transmitir sua presença misteriosa pela paisagem abandonada.
Para saber mais:
Chernobyl, HBO – 2019
Stranger Things, Netflix – 2016
Dr. Fantástico – 1964
Os Eleitos – 1983
Jogos de Guerra – 1983
O Dia Seguinte – 1983
Rocky IV – 1985
Treze Dias que Abalaram o Mundo – 2000
Ponte dos Espiões – 2015
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Aluisio, achei intrigante. Recomendo buscas no YouTube ou em fontes internacionais para se aprofundar no assunto.
Bom dia, Caio!
O que você pensa a respeito do que escreveu sobre o Duga?