A diferença entre um alô e um emoji

A diferença entre um alô e um emoji A diferença entre um alô e um emoji
Com tantas dificuldades que estamos passando esses meses, uma ligação vale muito mais do que só uma mensagem, acredite | Crédito da foto: incimages.com

Sabe o velho ditado que diz que ‘uma imagem vale mais que mil palavras’?
Aquele mesmo, que se não me engano vem do velho filósofo chinês, pois bem,
nos momentos atuais que vivemos eu ando contestando essa afirmação.

Sim, claro que ela faz sentido.
Uma imagem bem colocada e bem escolhida fala sim muito mais que algumas palavras. Ainda mais na minha área da publicidade, é difícil contestar isso.

Mas olha, ultimamente, não tem como comparar um emoji do WhatsApp ao velho e bom ‘Alô, como você tá?’ do telefone ou do FaceTime.

E não estou falando só dos emojis ou dos stickers, não.
Mensagens de modo geral.

Já não é de hoje que elas substituíram grande parte das nossas conversas por telefone.
E que pouparam muito tempo da nossa vida, é verdade.

Mas, de novo, em tempos de isolamento,
de distanciamento, essas mensagens também afastaram a gente ainda mais uns dos outros.

Porque agora, a gente acha que resolve tudo só com uma mensagem.
Matar a saudade de alguém. Se aproxima ou dar um apoio a quem precisa.
Ou simplesmente dar parabéns no dia do aniversário.
Nada…essas só servem para dar um check na lista de coisas pra fazer do dia.

O pior nem é isso, é que se antes elas já davam problemas de entendimento e interpretação quando estava “tudo bem”, já parou pra pensar como elas chegam agora, no contexto que estamos todos vivendo?

Esse isolamento tem deixado todos no limite.
A flor da pele, como diria o outro.
Ninguém aguenta mais ouvir coisas ruins.
Então quando algo simplesmente PARECE que chega torto, a reação é devolver…e aí amigo(a), temos uma bola de neve.

Basta uma palavrinha mal colocada, uma pontuação esquecida,
uma frase fora de contexto e pronto.
É o suficiente para quem receber a mensagem do outro lado entender o que quiser e do jeito que quiser.
E, sinceramente não acho que na atual situação isso vai contribuir para alguma coisa.

Te digo porque: pode ser mais um problema que você coloca na sua frente para correr um risco muito grande à toa.
Uma coisa pequena do trabalho pode virar um furacão; Uma mensagem no grupo da família ser mal-entendida; Um recado pra sua esposa ser mal dado e até de uma amizade ficar estremecida.

Por isso, estou me forçando a pegar o telefone e ligar.
E não mandar só uma mensagem.

Porque o mesmo app incrível que manda mensagens com um clique, também manda áudio, mas ainda digo mais, ele liga com um clique.
E esse device incrível que provavelmente está aí nas suas mãos agorinha, tem um baita poder de TE-LE-FO-NAR para as pessoas.

Para você ouvir a VOZ delas.
É demais. Te garanto.
A conversa flui.
Duas pessoas falam (hoje em dia até oito juntas a depender da tecnologia em mãos).
As pessoas se escutam, entendem o tom de voz e pasmem, entendem a mensagem.

E vejam só até a Blockbuster – aquela mesma – a última loja que se mantém de pé nos EUA ressurgiu com um telefone para que as pessoas possam ligar e falar com um ser humano (mesmo!), em busca de indicações de filmes, caso não esteja gostando das recomendações da Netflix, por exemplo.

A diferença entre um alô e um emoji
A última loja existente da Blockbuster, no Oregon/USA, colocou esse outdoor na rua, oferecendo um número de telefone para as pessoas ligarem e pedirem recomendações de filmes, caso o algoritmo da Netflix não estivesse ajudando | https://www.adweek.com/agencies/worlds-last-blockbuster-callgorithm-elephant-agency/

Ou seja, ouvir alguém, ainda mais nessas horas de isolamento, que estamos longes e condicionados a responder em emojis ou abreviações porque estamos muito ocupados não faz muito sentido.

Deveria ser justamente ao contrário.
Deveríamos querer falar para não perder o contato com quem víamos diariamente antes do isolamento (eu perdi – confesso – contato frequente com algumas pessoas e várias interações foram “substituídas” por mensagens);
Deveríamos querer falar mais para não passar mensagens erradas e começar um problema a mais no trabalho.
Deveríamos querer falar mais para estarmos mais próximos das pessoas, mesmo quando estamos longe.

Mas simplesmente porque ouvir um alô e perguntar “tudo bem?” para o outro lado pode fazer toda a diferença no dia de alguém. E no seu também.

Bom, vou terminar aqui, que tem alguém me ligando.
Ainda bem.

Se cuidem.
Vai passar :)

3 comments
  1. Muito bom David, tô contigo nessa. A abundância e a facilidade sempre acabam banalizando as coisas e as relações. Coisas que são tão sutís que é fácil de serem ignoradas. É fácil menosprezar o valor de um gesto mínimo que seja, até o dia em que o perdemos pra sempre. Acontece inclusive nessas interações mais despretensiosas do dia-a-dia, como você bem colocou. Temos perdido a mão em meio a tantos likes solidários, amizades para novos negócios e felizes aniversários via Facebook. Estar atento a isso ajuda a minimizar. eVamos resgatar o tratamento vip para os mais queridos! Valeu!

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