Quibi está fechando, apenas seis meses após o lançamento. O ex-executivo da Disney, Jeffrey Katzenberg, e a ex-CEO da Hewlett-Packard, Meg Whitman, lançaram o Quibi em abril de 2020, oferecendo conteúdo de vídeo rápidos destinado ao consumo em celulares. Eles tiveram problemas para atingir um público amplo, com apenas 72.000 dos 910.000 indivíduos que se inscreveram para um teste gratuito de 90 dias dentro de três dias do lançamento do aplicativo optando por se tornarem assinantes pagantes.
Katzenberg disse a 200 membros da equipe na tarde da última quarta-feira que o serviço de streaming estava fechando, mas não deu uma data de quando o aplicativo não estará mais disponível. Também soltou notas para imprensa que, no final de tudo, a culpa era da pandemia.
História da Quibi
- Janeiro de 2018: Whitman se junta à startup de streaming móvel de Katzenberg, então chamada NewTV.
- 10 de outubro de 2018: Katzenberg e Whitman anunciam no New Establishment Summit da Vanity Fair que o serviço se chamará Quibi (abreviação de “Quick Bites” – mordidas rápidas).
- Junho de 2019: Quibi vendeu US$ 100 milhões em inventário inicial de ads com anunciantes como PepsiCo e Walmart.
- Julho de 2019: Quibi arrecadou US$ 1,75 bilhão em investimentos e deu luz verde a dezenas de programas com e sem roteiro.
- 8 de janeiro de 2020: Katzenberg e Whitman revelam Quibi em uma palestra no CES.
- 6 de abril de 2020: Lançamento do Quibi, com breves interrupções no aplicativo algumas horas após o lançamento.
- 11 de maio de 2020: Em um perfil do NYT, Katzenberg culpa a pandemia por “tudo que deu errado”, incluindo o fraco número de downloads de Quibi em seu primeiro mês.
- 14 de junho de 2020: O WSJ relata uma relação frequentemente tensa entre Katzenberg e Whitman. Aparentemente, em maio de 2018, ela havia ameaçado demitir-se devido ao estilo micro gerencial e “ditatorial” de Katzenberg.
- 8 de julho de 2020: A empresa de análise móvel Sensor Tower reportou que apenas 72.000 dos primeiros 910.000 usuários Quibi se converteram em assinantes pagantes.
- Setembro de 2020: Quibi supostamente começa a procurar um comprador.
- 21 de Outubro de 2020: CEO confirma o fechamento da empresa para os funcionários e shareholders
A empresa compartilhou que deve fechar os acessos no dia primeiro de dezembro:
Por que Quibi nunca decolou?
Existem muitas teorias. Certamente, como Katzenberg argumentou, a pandemia poderia ter dificultado para os usuários que já assinam vários serviços de streaming desembolsarem dinheiro para outro. Além disso, o conceito da empresa de que as pessoas gostariam de transmitir vídeos curtos em seus intervalos para almoço ou em viagens de transporte público era um tanto discutível com tantas pessoas fora do trabalho ou trabalhando em casa.
Porém, havia outros problemas com o aplicativo que provavelmente teriam se revelado mesmo sem o C19. Primeiramente, o conteúdo não podia se tornar um tópico viral de discussão (como “Tiger King” da Netflix no início da pandemia) porque os usuários não conseguiam compartilhar vídeos do aplicativo, ou usar do celular para comentar o que estavam assistindo já dependia do mesmo para ver o conteúdo, o que poderia ter atraído outros usuários. Além disso, mesmo com alto investimento em conteúdos originais, Quibi não tinha propriedades de uma franquia conhecida durante seu lançamento, o que poderia ter gerado interesse e mais inscrições iniciais. Embora Quibi certamente não devesse atingir 10 milhões de assinantes em seu primeiro dia, como Disney +, ter um show principal de uma franquia reconhecível não teria feito mal. (Além de seu catálogo existente de filmes animados e da Marvel, a Disney + lançou com “The Mandalorian”, um novo programa no universo “Star Wars”.) – Faltou nomes de peso, seja conhecidos da TV ou Cinema ou das Redes Sociais, a compra ou parceria com um conteúdo já consagrado, para gerar interesse nas novidades da plataforma.
No geral, a ideia era do usuário participar de uma ação sozinho por até dez minutos, mas com o streaming, aprendemos que não funciona desta maneira para quem vive no celular. As pessoas querem interagir, compartilhar, comprar, debater e mandar ideias. A plataforma é bonita, mas no fim a sensação de um ambiente fechado não atraiu muitas pessoas.
Apesar de todos esses problemas, Peter Kafka, da Recode, diz que quer ver mais empresas como a Quibi no futuro, com ênfase no modelo, não na execução. Kafka gostou do fato de Quibi estar disposto a pagar as pessoas antecipadamente para produzir conteúdo que depois venderia aos usuários – e ele distinguiu isso do modelo do YouTube, Twitter e Facebook que é: “Faça com que as pessoas lhe dêem coisas de graça, faça com que as pessoas consumam o material de graça, e venda sua atenção aos anunciantes. “
A plataforma – do modo que está hoje pode – ou não – ter sido um erro, mas ao menos seus fundadores deram uma boa ideia para ser melhor desenvolvida no futuro.
Falhou porque era caro demais, fiz o teste de 90 dias mas pagar mais de 32 reais por mês não teria como dar certo.