O poder da curadoria

Vivemos na economia da atenção, que é muito mais valiosa do que a rede social do momento.
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Dados são a nova areia.

Li essa frase em uma newsletter e é impressionante como poucas palavras combinadas conseguem comportar um significado muito maior por trás. Elas te fazem ficar refletindo, ressoando, antes mesmo de você ler o restante do texto. Por sinal, esse é um exercício muito interessante de se fazer, tendo em vista que muitas vezes o autor segue por um caminho bem diferente do que você trilhou na sua cabeça. Mas não foi o caso dessa vez, rs.

Sou uma fã declarada do potencial que existe em extrair informação, e por consequência, conhecimento dos dados e, talvez por contestar a tão celebrada “dados são o novo petróleo”, essa frase me impactou bastante. De fato, os dados são abundantes e a escassez está em saber gerar valor a partir deles. Pra quem não sabe, a areia é composta por silício e dela são gerados muitos outros materiais de maior valor agregado. Mas a ideia desse texto não é focar na análise dos dados e sim num conceito que vai além: a curadoria.

Fazer curadoria é pegar um marca-texto e selecionar as partes mais interessantes de um livro. E ir adiante: emprestá-lo para que um colega leia. É a limpeza e tratamento de dados feita de forma manual, quase que artesanal. Austin Kleon em seu best seller “Roube como um artista” diz que nós não admiramos a arte. Nós admiramos o artista. Não concordo totalmente com essa ideia, porém isso não minimiza a mágica que é acessar um filtro da realidade a partir do olhar de quem você admira. Duas pessoas que leem os mesmos materiais dificilmente irão destacar as mesmas partes do conteúdo.

É fato processado, rotulado e carimbado que estamos gerando mais dados e informações do que conseguimos processar. Diariamente acessamos centenas de páginas na internet. Não é maravilhoso ter alguém que você confia revisando tudo antes e te indicando: foque em ler isso, isso e isso? Sim, já temos algoritmos de recomendação se popularizando ao ponto de fazer isso por você, mas sou do time que gosta de ser surpreendida pelo poder da criatividade humana, que ainda não é possível replicar nas máquinas. Por isso, estou me entregando às newsletters – uma tecnologia totalmente old school que tem feito cada vez mais sucesso, pelo menos na “bolha” de pessoas que tenho como referências nas redes sociais.

Vivemos na economia da atenção, que é muito mais valiosa do que a rede social do momento. Já vimos muitas delas ascenderem e se extinguirem por aí. Deixo aqui o meu grande salve a todos os curadores. Arrisco dizer ainda que esse trabalho artesanal nunca vai deixar de existir.

9 comments
  1. Olá, Rafael! Claro, posso sim… Tem o The Shift, The News, a do Austin Kleon (autor que comento no texto), Bits to Brands e a do James Clear. Essas são as minhas preferidas, mas sigo outras com diferentes periodicidades também.

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