Não é de hoje que ouvimos sobre o tema, mas recentemente o ChatGPT elevou essa discussão a outro patamar com a sua clareza e detalhe nas respostas mais complexas. Uma tecnologia que foi submetida a vários testes e se mostrou eficaz até mesmo diante de uma prova para engenheiro nível III do Google e passou no exame da Ordem dos Advogados Americana.
Uma das discussões que mais recorrentes sobre o assunto é sobre o futuro do trabalho. A tecnologia já começou a substituir alguns postos que demandam apenas movimentos repetitivos, que podem ser programados e realizados por máquinas, mas a IA pode começar a invadir campos que antes acreditávamos que era impossível substituir.
O Chatbot por exemplo é uma ferramenta de atendimento amplamente utilizada pelas empresas, mas limitada a algumas respostas e opções programadas, para depois distribuir ao departamento correto. Entretanto, a IA pode tornar esse atendimento tão completo que dispensa totalmente a necessidade do atendente. Algumas ferramentas de IA já produzem conteúdo, editam vídeos e criam imagens (essa que usei no topo foi produzida por um aplicativo de IA).
Em Abril de 2018, Kai-Fu Lee, ex-engenheiro da Apple e auto do livro Inteligência Artifical (2019), deu uma palestra no TED Vancouver com o título: How Al can save our humanity (Como a Inteligência Artificial Pode Salvar a Humanidade).
A provocação feita por ele, que me inspirou no título desse artigo, é de que a IA pode coexistir com a humanidade exigindo de nós valores e sentimentos que a máquina não pode reproduzir. Vai permitir que a gente se dedique ao que realmente tem valor: abraçar, cuidar da saúde mental uns dos outros, demonstrar sentimentos, motivar, resgatar a autoconfiança de alguém.
"A IA está abolindo muitos empregos rotineiros, mas esses empregos não são o que nós somos. O amor é a razão da nossa existência. Quando seguramos um recém-nascido, o amor à primeira vista ou quando ajudamos alguém com necessidade, os seres humanos são exclusivamente capazes de dar e receber amor e é isso que nos diferencia da IA" KAI-FU LEE
Lee propõe um gráfico que cruza dois eixos. Na horizontal apresenta de um lado as atividades que exigem otimização e do outro lado àquelas que demandam criatividade e estratégia. O eixo vertical separa atividades que exigem ou não a compaixão e interação humana.
Enquanto atividades que exijam mais otimização e menos compaixão serão substituídas pela IA, haverá uma nova gama de atividades e postos de trabalho que serão criadas e exigem otimização e maior compaixão: mais professores, assistentes sociais, psicólogos e guias turísticos. Também será necessário o uso de pessoas em atividades que unam a complexidade estratégica com a compaixão e interação com os indivíduos: conselheiros, tutores e líderes.
A Inteligência Artificial deixa de ser uma ameaça e se torna uma aliada que nos liberta de trabalhos repetitivos, auxilia na tomada de decisão e nos permite total exclusividade em atividades que revelam nossa humanidade. Nosso diferencial passa a ser a capacidade de enxergar o outro, engajar pessoas, ajudar o próximo, amar.
Atividades que exigiam pouca interação e alta otimização passam a ser 100% executadas pela IA e atividades que exigiam baixa interação e alta criatividade e estratégia passam a ser executadas pela IA e também pelas pessoas dependendo da situação (por exemplo na medicina onde alguns diagnósticos podem ser feitos pela IA e outros vão sempre exigir o cuidado, experiência e toque do médico). Atividades que exijam criatividade, estratégia, alta necessidade de interação e compaixão pelas pessoas serão executadas por humanos, tendo a IA apenas como um auxílio na melhora da qualidade, enquanto as atividades que demandam otimização, alto grau de interação e compaixão, poderão ser executadas pela IA, mas com total dependência das pessoas para cuidar, ensinar o próximo a lidar com essa tecnologia, com os efeitos da IA, etc.
A IA pode ajudar a contar a história, mas não pode substituir o método e cuidado do professor com o desenvolvimento de cada um, pode fazer cálculos contábeis, mas não pode entender a situação que fez o empresário precisar de uma ajuda, pode fazer atendimentos automáticos, mas não pode encantar um cliente com algo que ele não esperava aproveitando uma oportunidade latente.
A IA pode facilmente substituir as funções de um líder que ainda acredita que seu trabalho é apenas exercer controle, montar planilhas e cobrar as pessoas. Entretanto, se ele compreende que sua função é ser humano, abraçar, entender as dificuldades e peculiaridades de cada um, cuidar do bem estar, motivar, engajar, ele jamais será substituído por uma máquina.
A IA pode fazer um artigo sem erros enquanto no meu você talvez tenha notado alguns, mas não pode se sentir feliz como estou me sentindo agora por concluí-lo e mais ainda, em saber que você chegou até aqui com sua leitura e está pensando em compartilhar com suas conexões.
Nunca foi tão importante ser humano, simples, com defeitos, sentimentos, falhas, mas que tem a capacidade de acessar nas pessoas, lugares que nenhuma tecnologia ainda foi capaz de alcançar.
É o amor que nos faz únicos.
Excelente futuro pra você!! S2