O que faremos com o ChatGPT?

Mas por que tanto se fala no ChatGPT? Por que o entusiasmo e o medo parecem conviver em tudo o que lemos a respeito?
O que faremos com o ChatGPT? O que faremos com o ChatGPT?

Impossível não você não ter sido inundada ou inundado por informações e opiniões sobre o chatGPT nas últimas semanas. Trata-se de uma evolução do modelo original lançado em 2019 pela startup Open IA com base na tecnologia de Inteligência Artificial (IA) Generativa. O chatGPT que estamos conhecendo ainda está em suas primeiras versões, porém em cerca de dois meses, o app alcançou mais de 100 milhões de usuários no mundo, algo inédito na história de todas as inovações (1).

A Microsoft, investidora da startup e da tecnologia já prepara o lançamento de produtos com o aplicativo “embarcado”, o que deve popularizar ainda mais o serviço em um período muito curto. As outras big techs se apressam para lançar produtos concorrentes com base nessa tão promissora tecnologia.

Mas por que tanto se fala no chatGPT? Por que o entusiasmo e o medo parecem conviver em tudo o que lemos a respeito?

De fato, creio que estamos diante do início de uma nova revolução tecnológica no contexto da IA. Em minha opinião, com potencial de entrar para a linha do tempo iniciada pela Primeira Revolução Industrial, cujo ciclo histórico é marcado pelo século 1750 a 1840.

Como Humanidade, levamos quase 100 anos para criar o que entendemos hoje como indústria e capitalismo. E agora, talvez a gente leve bem pouco tempo para incluir de alguma forma a IA Generativa em nossas vidas e perceber o dia a dia gradativamente mudar a partir dela.

Que a cada revolução tudo parece andar mais rápido já sabemos, mas o lançamento do chatGPT nos intriga pois, pela primeira vez na História, uma tecnologia generativa está acessível a todos e mostra seu potencial criativo. Sim, a IA Generativa cria, não reproduz programações. Isto é, de fato, espantoso.

Fomos forjados em uma sociedade que acredita, majoritariamente, no poder criativo vindo dos céus, de um ser superior que nos fez à sua “imagem e semelhança”. Talvez por isso, como seres humanos, viemos com a capacidade de criar “embarcada” em nossos sistemas.

Agora, pasmem, a tecnologia também é capaz de, mesmo apenas combinando informações já existentes, efetivamente criar algo. Além de Deus e do homo sapiens, agora a IA Generativa também cria. Ninguém mais (por enquanto!).

O chatGPT está em sua infância, ainda está sendo “treinado” por 175 bilhões de parâmetros. Para se ter uma ideia da velocidade possível de atualização do sistema, a versão anterior do usava seis bilhões de parâmetros. É com base nesses modelos de dados em que foi e está sendo treinado que ele cria novos conteúdos. Ainda com imprecisões e até mesmo erros, assim como comentem erros os estudantes de primeiro ano escolar.

O potencial da real evolução desse aprendizado ainda não está muito claro, neste momento.

Mesmo em suas versões iniciais, o chatGPT cria textos, artigos analíticos, redações informais, piadas, histórias infantis. A tecnologia por trás dele, também cria desenhos, gráficos, layouts etc. Cria imagens (2), designs, anúncios etc. Cria códigos de programas de computadores, algoritmos. Cria. Hoje, de alguma forma ainda “guiada” por algum tipo de instrução (“prompt”), seja de origem humana ou mesmo de outro algoritmo de máquina (conhecido como machine learning).

E assim, como em toda revolução, os sons dos discursos apocalípticos nos tomam. Final dos tempos. Desemprego em massa, substituição da mão de obra humana pelas máquinas, agora também nas áreas da criação onde nossa sobrevivência parecia estar assegurada.

Creio que seja o momento de nos lançarmos a mais reflexões filosóficas que tecnológicas. O arcabouço institucional atual ainda não está realmente preparado para o potencial dessa nova tecnologia. Como também não estava à época do surgimento das demais revoluções.

Temos de discutir, refletir e principalmente agir. Afinal, quem garantirá a acuracidade das informações “criadas” por essa nova tecnologia? Se alguém se sentir ofendido ou prejudicado por um texto ou imagem criado por ela, de quem será a responsabilidade? Quais são as fontes de aprendizado desses aplicativos? O que e como aprenderão sobre racismos, diversidade ou ética? De quem será, no final, a “propriedade intelectual” das criações feitas por ele? E como tais criações poderão ser comercializadas?

A IA Generativa desafia o status quo e essa é a maior medida do tamanho desta inovação. Quanto mais discussões são suscitadas em diferentes perspectivas (legal, regulatório, transacional, ético, filosófico, econômico etc), mais conscientes do potencial disruptivo dessa tecnologia devemos estar para podermos nos preparar, a fim de usá-la “para o bem” da humanidade.

Pensadores das inovações tecnológicas como Silvio Meira ressaltam a importância cada vez maior de sabermos fazer boas perguntas. No uso de uma tecnologia como essa, sem dúvida, é algo fundamental para o seu real impacto. Einstein afirmou que se precisasse solucionar um problema que poderia levar à sua morte em uma hora, dedicaria 55 minutos pensando em qual pergunta fazer na busca dessa solução.

O advogado e professor Ronaldo Lemos disse, em artigo na Folha de S. Paulo, que exige que seus alunos no Schwarzman College, na Universidade de Tsinghua, Pequim, China, usem o ChatGPT nos trabalhos. Ele não avalia mais as respostas, mas sim a forma como os alunos organizaram as perguntas ou os “prompts”.

Há outros pensadores que refletem sobre como a espécie humana está abrindo mão para a tecnologia de características que nos fizeram evoluir até aqui (memória, capacidade de cálculo, regulação de humor etc.). E que delegar tais características inadvertidamente à tecnologia pode levar a nossa involução como espécie.

No livro A Fábrica de Cretinos Digitais, o neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, reflete como os dispositivos digitais estão afetando seriamente o desenvolvimento neural de crianças e jovens. Já há um tempo que testes de QI (Quociente de Inteligência) têm apontado que as novas gerações são menos inteligentes que anteriores.

Mesmo não tendo sido suficiente para a manutenção do negócio de forma promissora, há mais de uma década, a Nokia lançou globalmente uma campanha publicitária que dizia: mais que a tecnologia é o que você faz com ela.

Então, lanço a pergunta: o que faremos com o ChatGPT? Estamos nos primeiros minutos, do primeiro tempo desse jogo. A realidade é que ninguém pode afirmar, sem dúvidas, que esta nova tecnologia veio para ficar ou não, mas a curiosidade em torno desta inovação precisa permear o dia a dia de quem se interessa pelo humano e pela tecnologia.

Por isso, a finalizar a criação deste texto, resolvi ousar e criei um “prompt”, nos moldes propostos pelo Ronaldo Lemos sobre os aspectos aqui abordados. Abaixo, compartilho com você o prompt e a resposta do ChatGPT a ele.

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Prompt:

“Tópico: Chat GPT, AI generativa, revolução tecnológica, impacto e riscos, criatividade,  máquina X homem, homem X Deus, reflexões filosóficas, evolução da espécie, ética, regulatório, econômico, o que se faz com a tecnologia, Referência de pensadores sobre o Chat GPT, Contexto: Artigo; Demanda: Escrever a estrutura do trabalho; Linguagem: Jornalística; Tom: Informal”.

Criação do ChatGPT sem edições:

Olá! Vamos falar sobre um tema bastante atual e relevante: a revolução tecnológica e o impacto que a inteligência artificial (IA) generativa, como o Chat GPT, pode ter na nossa sociedade.

Neste artigo, vamos explorar diversas reflexões filosóficas que a IA traz à tona, como a relação entre máquina e homem, a possibilidade de máquinas se tornarem mais criativas do que nós, e até mesmo a questão da divindade e da evolução da espécie.

Vamos também analisar os riscos e benefícios que a IA traz consigo, tanto do ponto de vista ético quanto regulatório e econômico.

Para ajudar a embasar nossas reflexões, vamos recorrer a pensadores renomados que já se debruçaram sobre o assunto, como Yuval Noah Harari, Nick Bostrom, Elon Musk e outros.

A estrutura do nosso artigo será dividida em algumas seções principais, que serão: 

Introdução: contextualizando o tema e apresentando a proposta do artigo

A evolução da inteligência artificial: como chegamos até aqui e o que podemos esperar no futuro

A criatividade da máquina: até onde a IA pode ir na produção de arte e cultura?

A relação entre homem e máquina: a máquina como substituta ou complemento?

O papel da regulamentação e da ética na IA

Os riscos e benefícios da IA: impactos econômicos, sociais e culturais

Reflexões filosóficas sobre a IA: Deus, divindade e evolução da espécie

Conclusão: recapitulando as principais reflexões e perspectivas futuras

Vamos explorar todos esses temas de forma aprofundada e crítica, buscando sempre trazer as principais referências e perspectivas para o debate. Esperamos que este artigo ajude a ampliar o entendimento sobre a revolução tecnológica que estamos vivendo e seus impactos na nossa sociedade.

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Inegável dizer que a criação do ChatGPT é um ótimo ponto de partida!

(1): Apenas para referência, as seguintes tecnologias levaram cerca do período de tempo abaixo para atingir 50 milhões de usuários: telefone – 75 anos, rádio – 38 anos, televisão – 13 anos, internet – 4 anos, Tweeter – nove meses, Pockemon Go – 19 dias!

(2): um exemplo do potencial criativo da IA Generativa: esse site cria imagens através dessa tecnologia de pessoas que “não existem”. Simplesmente impressionante ver a “realidade” desses rostos e imaginar que foram criados e na realidade não existem. www.thispersondoesnotexist.com

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