Comece contando histórias, deixe os fatos para depois!

Simran Jeet Singh, diretor do Programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute, autor do livro “The Light We Give: How Sikh Wisdom Can Transform Your Life”, deu início ao SXSW nesta sexta-feira, 10
Comece contando histórias, deixe os fatos para depois! Comece contando histórias, deixe os fatos para depois!

Simran Jeet Singh, diretor do Programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute, autor do livro “The Light We Give: How Sikh Wisdom Can Transform Your Life”, deu início ao SXSW nesta sexta-feira, 10, com as típicas frases que nos fazem pensar o que importa falar tanto de tecnologia se ainda não resolvemos nem o fator elementar de conviver com as diferenças humanas.

A história de vida de Simran e as violências que já viveu por sua origem e crenças – ele é filho de imigrantes indianos e nasceu em San Antonio, no Texas – podem ser as mesmas de qualquer pessoa preta, trans ou outras maiorias minorizadas que vivem no nosso imenso Brasil, ou em qualquer parte do mundo. “Escolhi ver que há sempre mais beleza e luz ao nosso redor”, disse ele, reforçando que não se trata de positividade tóxica, mas de uma forma de tentar dialogar com quem “não nos ama”.

Quase metade da participação de Simran foi falando de algumas de suas vivências. Para ele, faz muito mais sentido começar uma comunicação criando histórias e somente depois apresentar fatos e informações. “Isso cria empatia e identificação com as pessoas.” Dentre essas histórias está, por exemplo, quando Simran foi confundido com um “terrorista” aos 11 anos de idade por usar turbante. ”Consegue imaginar um garoto tendo um símbolo de sua existência sendo revistado antes de um jogo?.”

Depois, teve de lidar com a violência de ter o turbante arrancado de sua cabeça. Neste momento, aprendeu com sua mãe a resiliência e o otimismo de, em tempos difíceis não focar no negativo, mesmo que por questões de sobrevivência o tenha que fazer naturalmente, mas tentar enxergar a beleza que também existe ao redor. Ao responder uma das perguntas de Laurie Santos, cientista cognitiva que conduzir a conversa, ele explicou que esse otimismo tem base no Charhdi Kala, um termo em Punjabi que remete à manutenção do estado mental de forma resiliente, otimista e alegre. Outro pilar ancorado nesta crença é de que tudo está interconectado.

Mas como ter compaixão ou empatia por quem pensa de forma tão diferente? Ou como ter qualquer sentimento positivo em relação a quem não nos suporta simplesmente pelo fato de existirmos? Questionou Laurie. “E se começássemos a buscar coisas em comum entre nós ou pensar o que faríamos se estivéssemos na posição de determinada pessoa. Não é somente sobre o que eu gosto ou deixo de gostar, o que é minha opinião ou não, é sobre muito mais do que isso.”

Por fim, ele também falou sobre privilégios e a nossa percepção do que possuímos. Para ele, privilégios trazem imensas responsabilidades, no entanto, é difícil enxergar essa condição. “É muito mais comum darmos atenção ao que não temos e ao que não somos do que aquilo que temos e o que somos.”

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