De jogo à plataforma criativa: como o Fortnite reinventa a economia de criadores e o entretenimento

De jogo à plataforma criativa: como o Fortnite reinventa a economia de criadores e o entretenimento De jogo à plataforma criativa: como o Fortnite reinventa a economia de criadores e o entretenimento
Imagem: Epic Games

Desde 2016, o mercado de games tem lucros que superam a indústria do cinema e da música juntos e esses outros setores entenderam muito bem o recado: se não pode com eles, junte-se a eles. 

Só em 2023, vimos famosas franquias de jogos como Super Mario Bros. bater recorde de bilheteria em sua estreia no cinema e The Last Of Us ser assistida por mais de 30 milhões de pessoas a cada episódio – sem mencionar os mais de 17.8 milhões de dólares que a Netflix já investiu em licenciamento de conteúdos de games para a plataforma. 

A grande mudança que os jogos eletrônicos trouxeram na forma de consumir cultura pop pode ter se transformado em uma revolução capitaneada pela Epic Games, que começou no último trimestre. 

Não bastasse ser o jogo com mais de 500 milhões de usuários e 960 milhões de horas assistidas na Twitch, o Fortnite é o lugar que agora representa não só o futuro do entretenimento, mas também dos games. 

Falo do futuro do entretenimento porque o game reúne o maior inventário de colaborações com marcas e franquias do esporte, da moda e do universo geek, que vão de Neymar a Dragon Ball.  É a plataforma onde o Travis Scott consegue fazer um show, gratuito e ao vivo, para 14 milhões de pessoas e a Ariana Grande pode voar em um unicórnio sem sair de casa. 

Falo, principalmente, do Fortnite como futuro dos games porque desde 2018 o battle royale tem um modo criativo aberto para desenvolvedores publicarem seus próprios mapas e que a partir de março deste ano ganhou uma versão que permite que QUALQUER experiência in-game seja criada, inclusive novos jogos. 

Mas a notícia principal não é essa: além de se tornar vários jogos em um, a Epic passa a distribuir 40% da receita líquida de compras in-game a criadores de mapas, transformando players em criadores e descentralizando a capacidade que apenas grandes estúdios têm de produzir jogos – um mercado que movimentou mais de R$496 bilhões em aquisições no último ano segundo report da Bain & Company.

E quanto vai ganhar um desses criadores? A desenvolvedora fez a conta pra gente e, segundo a projeção, pelo menos 61 criadores vão terminar o ano com mais de US$1 milhão no bolso:

Os resultados que começam a aparecer são como um pote de ouro, mas também apresentam um novo horizonte profissional e modelos de negócio para jovens. 

O Brasil já tem um relevante hub de criadores no Fortnite. No último fim de semana, os principais nomes participaram de um painel no Big Festival, um dos maiores eventos de games da América Latina, onde Leão Carvalho, executivo da Epic Games, recebeu Bernardo da Druid Creative, Flakes, o maior influenciador de Fortnite do Brasil e co-fundador da Hero Create, e Luiz Alencar, CEO da Surprise, coletivo de criadores recém-lançado que já acumula mais de 3.8 milhões jogadores em seus mapas, para falarem sobre o cenário nacional e suas oportunidades. 

Diretamente dos primeiros estudos de fãs e influenciadores lá em 2008, posso dizer que a cultura do remix e de fandoms foi oficialmente para outro patamar graças aos jogos eletrônicos. E que Henry Jenkins deve estar muito feliz.  

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