Vou começar falando dessa maravilha que é esse “Human Life in Weeks” do Tim Urban, lembrando o Renato Russo:
“Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo. Temos todo o tempo do mundo.”
Renato Russo
Engraçado como essa noção de que a gente tem todo tempo do mundo pela frente vai mudando conforme a idade. Lembro até hoje quando descobri, bem pequenininho, que um dia eu também iria morrer. Lembro também quando aconteceu com o meu filho, que com uns 3 ou 4 anos. Me perguntou “pai, eu vou morrer um dia?”
A resposta mais comum é: “ah, isso ainda tá muuuuuito longe, você tem a vida inteira pela frente”.
E a gente se agarra nessa resposta e leva pela vida afora, evitando pensar muito sobre o assunto.
Mas calma que o post não é sobre morte, mas sim como percebemos nossa cota de tempo aqui pela Terra. Ou seja, é sobre vida e o quanto a nossa noção de tempo é mesmo muito flexível. É bem legal, pode seguir para o próximo parágrafo.
O tempo que passa diferente
Claro, você sabe muito bem que o tempo não passa na mesma velocidade na sala de espera do dentista e no parque de diversões. Mas já parou para pensar que tipo de noção você tem em relação ao seu próprio tempo de vida?
A gente introjetou tanto a postura do “ah, tem muito pela frente ainda”, “até uns 80 tá bom…” que essa medida é talvez a mais imprecisa noção temporal dentro da nossa cabeça. Mais abstrato impossível.
O escritor e ilustrador Tim Urban (do Wait But Why) criou um sistema chamado “Human Life in Weeks” que pode mudar totalmente essa percepção e tem o potencial de realmente mudar a sua vida, não no sentido poético da auto-ajuda, mas no sentido mais prático mesmo. Basicamente é uma visualização do seu tempo de vida. E é surpreendente como uma visualização pode mudar tudo.
Apresentando o “Human Life in Weeks”
Vamos imaginar que você tenha uma vida de 90 generosos anos reservada para você. Se você dividí-la em semanas (cada ano tem 52), fica assim:
São 90 filerinhas de 52 quadradinhos, cada uma representando uma semana da sua vida.
Só de olhar para essa imagem e pensar “bom…é isso que eu tenho para viver”, estampado aí bem na sua frente, já muda uma chavinha no seu cérebro. Apesar de ser uma estimativa e puramente ilustrativa, é algo palpável. Pode ser um retângulo maior ou menor, ninguém sabe, mas é uma boa estimativa do que você tem em mãos.
Fases da Vida
Geralmente, esse retângulo é dividido mais ou menos assim:
– AZUL: bebê
– VERDE ESCURO/VERDE CLARO/AMARELO/LARANJA: escola
– ROSA: carreira
-ROXO: aposentadoria
Nos textos à esquerda da imagem estão alguns “pontos-chave” nessa jornada, tipo maioridade, idade média em que as pessoas se casam, idade em que geralmente nasce o primeiro filho, etc.
Uma outra maneira de ler o “Human Life in Weeks” é vendo algumas pessoas famosas que não tiveram a sorte de ter uma vida tão longa. Veja quantas semanas elas deixaram de ter comparadas com alguém que tenha vivido 90 anos:
Mortes de famosos para dar uma perspectiva
Ou ainda, quando alguns seres humanos bem especiais fizeram suas grandes contribuições para a humanidade:
Enfim, quanto mais dados a gente for colocando nesse retângulo, mais tangível vai ficando nossa ideia sobre nosso tempo de vida porque, como sempre repito, os números iludem. E só servem para alguma coisa quando são comparados com números que a gente já conhece bem.
Na verdade, para acentuar esse efeito de trazer os dados mais para o chão, o melhor que você pode fazer é usar experiências pessoais e sua própria história de vida. Personificar ao máximo.
O seu “Human Life in Weeks”
Então é chegada a hora do SEU retângulo. Depois você pode imprimir com calma e colorir, mas por enquanto tente apenas apontar com o dedo mesmo os seus “marcos importantes”. Ache o seu dia presente, depois sua infância, sua época de escola, seu primeiro emprego, viagens, seu casamento, tudo o que puder.
Depois, afaste um pouco sua cadeira e olhe. É nessa hora que você vai entender porque isso é uma das coisas mais legais que você já fez na sua vida. Algo simples, mas profundamente impactante. É o seu mapa, a sua vida até agora, contextualizada dentro do tempo que você tem para fazer coisas. Bom, pelo menos foi o que aconteceu comigo.
Provavelmente, logo depois de olhar para os quadradinhos preenchidos, você vai perceber os que ainda estão pela frente. E esses são mesmo os mais importantes, porque são os que ainda dá para controlar. Tudo o que você fez nos quadradinhos anteriores ao dia de hoje, transformaram você na pessoa encarregada de controlar os próximos. E mais uma ficha: não, não temos todo tempo do mundo. Mas isso não é tão ruim porque pelo menos enquanto a gente ainda envelhecer e tiver o desgaste natural dos seres vivos, a chance de rechear nossos quadradinhos com coisas legais também vai diminuindo. E quadradinho é para ser legal, não penoso. Portanto o importante é usar bem os que ainda temos controle, independente de quanto sejam.
Sugestão final
Faça um quadro com esse retângulo (você pode até encomendar pronto), pra olhar todos os dias. E aí saia carregando seu saquinho de quadradinhos restantes e faça valer cada um deles. para você e/ou para outros.
“Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou, mas tenho muito tempo. Temos 90 fileiras de 52 quadradinhos.”