A teoria da mente no Branding

Ilustração de criatividade e inovação no trabalho. Ilustração de criatividade e inovação no trabalho.

Quantas vezes já nos deparamos com esta situação: um argumento, uma discussão, um bate boca com um amigo ou colega que tem crenças diferentes da nossa. Até uma briguinha civilizada no boteco às vezes rola. 

A maioria dessas situações envolve uma linha de pensamento se opondo a outra. Não é comum, especialmente em discussões políticas, uma pessoa calçar os sapatos da outra e entender seu ponto de vista. Vestir suas camisas, usar seus óculos com grau diferente, frequentar os mesmos locais.

De uma certa forma, essas trocas podem resultar em uma síntese, caso haja uma resolução, por mais parcial que seja. Quando digo síntese, pego esta ideia do Georg Hegel, filósofo alemão do século 19–esta etapa é a conclusão de duas ideias, concebida através de elementos aparentemente contraditórios, mas que dão luz a algo maior, ao “melhor dos dois mundos”. Enfim, debater, dar, receber e….eureka. 

A eureka não vem quando nos isolamos e ficamos quentinhos (quietinhos) no nosso mundo. Nem quando não nos colocamos na posição do outro. A teoria da mente nos diz o contrário: quando entendemos as intenções e nos colocamos no lugar de nossos colegas, aí é quando conseguimos raciocinar que existem crenças, desejos e estados mentais distintos e separados dos nossos. E daí surgem insights valiosos, sínteses e uma profunda compreensão da natureza humana.

Alguns dizem empatia, outros dizem bondade. Em Branding, qualquer uma dessas palavras deveria ser nosso evangelho. Porque, para trabalhar em Branding, existe uma condição sine qua non que vem com a profissão: gostar e entender de gente. Olhar o mundo longe de uma visão etnocêntrica, aprender com o outro, sem julgar. 

Já falei muito disso em outros artigos, mas é algo que merece várias repetições. Em um mundo onde o cisma vence constantemente, seremos nós, Branding experts, a salvação? Estamos muito longe disso. Isso eu sei dizer com certeza. Mas o cisma não é suavizado sem o poder que a teoria da mente nos apresenta. O poder de sentar, ouvir, entender o consumidor, verdadeiramente estar aberto ao outro. Se vamos criar propostas de valor, se queremos que nossas marcas entrem em suas vidas, isso é condição para qualquer bom brander. 

Se a mente é uma coleção de pensamentos e sentimentos, por que não usá-los a nosso favor? Por que não fazer do bate boca um momento de aprendizagem? Somos seres muito inteligentes para deixar de lado o bom senso e criar divisões. O bom Branding, assim como uma boa conversa entre dois amigos, começa com uma atitude simples: “eu estou aqui para argumentar, mas principalmente para entender de onde você vem, o que você quer e aonde você quer chegar.”  

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, já dizia Vinicius de Moraes. Convido vocês a praticar esses encontros. No Branding e fora dele.