A carreira musical de Quincy Delight Jones, Jr. é tão impressionante quanto sua própria história de vida.
Nascido numa família muito pobre, viveu seus primeiros anos enfurnado nos limites de um subúrbio de Chicago, ao ponto de ter visto uma pessoa branca pela primeira vez, somente aos 11 anos.
Seu pai era um delinquente, membro de uma turma de gângsters.
Sua mãe era esquizofrênica e, aos 7 anos de idade, ele a viu ser levada de casa numa camisa de força.
Diante de condições tão dramáticas e desfavoráveis, ele sobrevivia praticando pequenos furtos, mas felizmente a Música o alcançou bem cedo e podemos dizer que ela também o salvou, não só por ter lhe propiciado uma carreira digna e longeva, mas principalmente pela possibilidade de encontrar um lugar para desenvolver seu talento, deixando um precioso legado ao mundo.
E ele foi visionário o suficiente para aproveitar cada oportunidade!
Com 14 anos, conheceu Ray Charles, que se tornou um grande amigo por toda a vida e o cara que o introduziu na profissão.
Aos 15 fez parte da banda de Billie Holiday.
Aos 17 ganhou uma bolsa para estudar na Berklee College of Music, renomada instituição de Música, mas ele não chegou a concluir seu curso, porque sua fama corria rapidamente e os trabalhos chegavam sem dó!
Em seus mais de 70 anos na indústria da música, além dos já citados, QJ trabalhou com alguns nomes estelares do jazz e do pop como Louis Armstrong, Sarah Vaughan, Dizzy Gillespie, Duke Ellington, Nat King Cole, Ella Fitzgerald, Miles Davis, Stevie Wonder e muitos, muitos outros.
Alguns dos momentos mais apoteóticos e marcantes de sua carreira foram os trabalhos com Frank Sinatra, que o levou a um outro patamar e, claro, a parceria com Michael Jackson, tendo sido o responsável pela produção musical do inigualável álbum “Thriller”, de 1982, o recordista absoluto de vendas na História. Foram 110 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
(Eu tenho o meu!)
Outro momento mágico proporcionado por Quincy Jones foi quando, em 1985, ele reuniu 50 grandes artistas americanos no Lion Shares Recording Studio – dentre eles alguns dos cantores que mais bombavam na época – e, numa única noite, correndo contra o relógio, comandou a produção e gravação do imortal hino “We Are The World”, cujo lucro das vendas foi revertido para o combate à pobreza na África.
Outro sucesso mundial retumbante, que emociona multidões até hoje!
Os bastidores e tudo o que rolou nessa gravação histórica foi registrado no documentário “A Noite Que Mudou o Pop’, lançado esse ano e é imperdível!
Outro documentário imperdível, lançado em 2018 é o “Quincy”, dirigido por Alan Hicks e Rashida Jones (uma de suas filhas), que conta em detalhes a sua longa trajetória profissional e pessoal. Um material muito rico, que vale a pena demais!
Não é à toa que, no dia de hoje, o mundo inteiro lamenta a morte desse grande artista, que recebeu 80 indicações ao Grammy, levando 28 gramofones pra casa, inclusive o Grammy Legend Award de 1992.
(Ele só perde para Beyoncé, com 32 Grammys e Georg Solti, com 31)
Como se não bastassem esses e outros inúmeros prêmios e honrarias, Quincy faz parte do seletíssimo grupo de 20 EGOTs existentes no mundo, os artistas ganhadores dos 4 maiores prêmios do entretenimento:
Emmy (tv), Grammy (música), Oscar (cinema) e Tony (teatro).
São eles:
-Emmy pelo trabalho na minissérie “Raízes”;
-Grammys (já mencionados acima), em reconhecimento por sua incrível carreira musical;
–Oscar Honorário foram dois, em reconhecimento aos seus trabalhos humanitários;
-Tony, por produzir o musical “A Cor Púrpura”, em 2016.
Ele também foi um grande pesquisador, admirador e propagador da Música Brasileira. Adorava a Bossa Nova, Milton Nascimento, de quem era amigo particular, Ivan Lins, Simone (“Então é Natal”), dentre outros.
Quincy Jones foi trompetista, compositor, arranjador, produtor musical, escreveu mais 40 trilhas sonoras para o cinema e foi um empresário de sucesso, tendo apadrinhado muitos artistas.
Foi casado 3 vezes e deixa 7 filhos.
De todas as lindezas que ele produziu, a minha preferida é “Setembro (Brazilian Wedding Song)”, uma canção de Ivan Lins, magistralmente executada pelo magnífico Take 6 (um dos melhores grupos vocais do planeta) e aqui é só uma amostra do quanto Quincy Jones honrou o seu sobrenome “Delight”.
Então, deleite-se no prazer de ouvir essa delícia!