Quando recebi o material sobre o game show do Inter, logo fiquei intrigada com a proposta: juntar Tatá Werneck e casais de celebridades para falar sobre finanças. A ideia de abordar um tema tão sério de uma maneira leve e divertida me conquistou na hora.
Tatá, com seu carisma, tem o talento de transformar qualquer conversa em algo espontâneo e envolvente, e foi exatamente isso que aconteceu ali. Os casais, Otaviano Costa e Flávia Alessandra, Aline Wirley e Igor Rickli, trouxeram suas próprias experiências de vida a dois, mostrando como a comunicação e o planejamento financeiro podem transformar a convivência, e ainda deram ao programa aquele toque de diversão que é a cara de Tatá.
A questão é: se a conversa estava fluindo tão bem, era porque todos ali realmente estavam se divertindo e vivendo aquele momento? Não tinha como não passar isso para quem assiste os episódios. E é esse tipo de verdade e conexão que se reflete nas telas.
Inter e Talent acertaram em cheio nessa segunda temporada do projeto. Vale a pena assistir cada episódio. A seguir um papo ótimo que tive com alguns dos envolvidos na construção desse material. E claro, os comentários do público, no YouTube, valem como extras.
Entrevista
1. Update or Die: Qual o impacto que o Inter espera alcançar ao usar um game show para abordar finanças com humor? Existe algum objetivo específico para o posicionamento do Inter com essa campanha?
Andrea Nocciolini, Diretora de Branding do Inter: Essa campanha começou com o primeiro game show, que trouxe influenciadores falando sobre vida financeira inteligente, alinhado ao nosso posicionamento de super app financeiro. Tanto no primeiro quanto no segundo, o objetivo é se conectar com o consumidor. Falar de dinheiro desperta emoções diversas – pode ser conquista ou angústia, realização ou frustração. Ainda é um tabu, e quando juntamos humor e finanças, conseguimos abordar isso de forma leve e divertida.
Nosso propósito inclui falar de saúde financeira, mas também dar voz aos consumidores, trazendo essa conversa sobre perrengues, dívidas, sonhos realizados (ou não). É algo relevante, porque até dados mostram que casais que gerenciam suas finanças juntos brigam menos e ficam mais tempo juntos. Essa campanha abre espaço para falar desse tabu e trazer uma conversa verdadeira e relevante.
2. Update or Die: Quais são os próximos passos para a campanha e como será avaliado o sucesso do game show em termos de branding? Podemos esperar novos formatos de entretenimento com o Inter no futuro?
Andrea Nocciolini, Diretora de Branding do Inter: A campanha atual, com a Tatá e o tema de vida financeira inteligente, já foi toda para o ar, com ativações em São Paulo e Rio. Depois disso, não teremos mais mídia este ano, mas já estamos planejando 2025. O que posso adiantar tranquilamente é que sou a pessoa da consistência. Te contando um pouquinho, eu vim de Brastemp, de iFood, que são love brands dentro das suas categorias, então minha escola é muito da consistência. Estamos com o olhar focado no consumidor.
Estamos explorando um conceito chamado behavior driven, que vai além do customer driven: usamos dados para entender o comportamento tanto de clientes quanto de consumidores. Isso nos ajuda a identificar as melhores alavancas para atingir nossas metas, como alcançar 60 milhões de clientes até o final de 2027. Hoje temos 35 milhões, então temos três anos para crescer.
Sobre indicadores, estamos vendo um aumento em lembrança de marca e top of mind, além de reconhecimento qualificado. Em um mercado supercompetitivo, com 23 marcas financeiras e clientes que usam até 5 instituições, nossa proposta de valor precisa se destacar. O foco continua sendo entender e atender as necessidades do consumidor de forma consistente, sempre reforçando a vida financeira inteligente.
3. Update or Die: Qual foi o maior desafio em transformar o tema de finanças de casal em algo leve e divertido para o público? Houve alguma referência ou inspiração que ajudou no desenvolvimento do formato?
Gustavo Victorino, CCO da Talent: Como é a segunda temporada, logo na primeira já foi uma decisão acertada e muito bem-vista. Isso porque, no fundo, o humor ajuda muito a engajar, a quebrar conversas mais difíceis ou algo mais delicado. Acho que, para a gente aqui, a coisa mais difícil foi isso daí, muito provocado também pela Andrea e pelo time: fazer um conteúdo de verdade, um conteúdo que seja realmente conteúdo. Por isso, a gente trabalhou em conjunto com os redatores da Tatá, para isso ficar muito natural também, né? E deixamos um ambiente bem à vontade para a Tatá, que é uma pessoa que acaba ajudando na criação, falando coisas originais e piadas que acontecem ali na hora. Isso tudo para parecer realmente algo verdadeiro, algo de entretenimento, e não um jabá mais frio ou básico de um banco.
O que a gente está fazendo aqui é algo realmente diferente, algo que a gente acredita que vai trazer muito mais engajamento e identificação dos consumidores, principalmente dos casais, que não tinham ideia do que ia ser perguntado, então tudo isso foi pensado para ter reações espontâneas de verdade. A Tatá tinha um roteiro que ela podia mexer o quanto quisesse, e ela mexeu bastante, mas os convidados estavam ali sem saber o que seria perguntado.
Sobre a inspiração para o formato, nesse caso, a gente usou algo que já é familiar para a Tatá. Esse estilo de games e dinâmicas é algo muito dela. Então, obviamente, aquele ambiente ali era natural para ela. Isso deu mais controle emocional e permitiu que tudo parecesse ainda mais autêntico. A Tatá estava em casa.
4. Update or Die: Por que o humor foi escolhido como o principal recurso para abordar finanças, um tema que muitos consideram sensível? Como vocês avaliaram o tom certo para não banalizar o assunto?
Ana Carolina Reis, Diretora Executiva de Criação da Talent: A gente aprendeu aqui que finanças são um tema delicado, que cria muita resistência nas pessoas. Inclusive, teve até uma pesquisa que a gente viu em BH, mostrando que a maioria dos brasileiros – algo em torno de 70% a 80% – têm dívidas. Não é uma conversa fácil.
Por isso, optamos por seguir por um caminho mais leve, utilizando o humor como recurso principal. Ele ajuda a quebrar essas barreiras e torna o assunto mais acessível. Quando você fala de dinheiro, investimentos e vida financeira, é fundamental abordar de forma inteligente, mas de um jeito que se conecte bem com o público. O humor foi a chave para fazer isso de maneira natural e envolvente, sem perder a seriedade do tema.
Gustavo Victorino, CCO da Talent: Quando escolhemos a Tatá, já sabíamos mais ou menos o que esperar dela. Ela tem essa espontaneidade e originalidade que o público já conhece, o que traz um diferencial natural para o projeto.
Obviamente, há um certo controle – não é algo totalmente freestyle. Existe um processo de edição, e conseguimos ajustar caso necessário. Mas o grande trunfo é exatamente essa naturalidade dela, que é impossível de controlar completamente, e isso é o que torna tudo tão genuíno e envolvente.
Sabíamos onde as piadas poderiam chegar, e, caso algo passasse do tom, tínhamos a possibilidade de cortar ou refazer. Mas, no geral, não houve nada fora do controle. O tom certo foi alcançado justamente por confiar na habilidade dela de equilibrar o humor com o respeito ao tema.
6. Update or Die: Como as dinâmicas foram pensadas para equilibrar entretenimento e relevância financeira? Alguma delas se mostrou especialmente eficaz ou surpreendente durante as gravações?
Ana Carolina Reis, Diretora Executiva de Criação da Talent: Foi pensado de forma fluida. Tivemos várias dinâmicas que funcionaram muito bem, como a dos porquinhos, que foi um sucesso. No fundo, tudo é definido com antecedência: decidimos os temas – como obras, finanças do dia a dia, entre outros – ainda na fase inicial, antes de levar o material para os roteiristas. Inclusive, antes de chegar nessa etapa, já havíamos testado algumas dinâmicas internamente, o que ajudou a guiar todo o desenvolvimento.
Gustavo Victorino, CCO da Talent: Na seleção dos casais, por exemplo, buscamos diversidade: tínhamos um casal mais jovem e um com mais experiência, o que ajudou a refletir diferentes realidades e problemas financeiros.
Casais mais experientes, como o do Otaviano, trouxeram uma perspectiva conhecida e próxima para o público, com desafios diferentes de um casal mais jovem, que está apenas começando a vida a dois. Essa diversidade de perfis proporcionou reações e respostas muito ricas e espontâneas. Foi interessante perceber como o tempo de relacionamento influencia as questões financeiras abordadas.
No final, conseguimos criar um equilíbrio que trazia diversão, relevância e diversidade para a experiência, o que tornou tudo ainda mais bacana.
7. Update or Die: Como vocês trabalharam para captar a espontaneidade dos casais e da Tatá Werneck, especialmente ao falar sobre finanças? Houve alguma estratégia para deixá-los mais à vontade?
Victor Alloza, Diretor de produção audiovisual da Talent: Primeiro, obrigado pela oportunidade. Quando falamos de produção publicitária, estamos falando de cinema. E, como todo cinema, há suas dificuldades, questões e limitadores. Por exemplo, as agendas das celebridades: é sempre um desafio juntar todas essas pessoas no mesmo lugar e no mesmo horário, o que acaba restringindo bastante o tempo que temos para as gravações. Então, toda uma equação precisa ser montada em cima disso.
Tivemos uma equipe muito boa envolvida, como a direção de arte, liderada por uma cenógrafa incrível, que tem uma vasta experiência em programas e produções grandes. O cenário ficou lindo, mesmo com um prazo super curto. Entre aprovação e produção, tudo foi muito corrido – foi menos de uma semana! Nesse meio tempo, aconteceu de tudo: até troca de diretora tivemos. Então foi uma verdadeira corrida contra o tempo.
Outra coisa que vale mencionar é que, quando você trabalha com celebridades, é comum elas indicarem e recomendarem equipes específicas, como as de maquiagem, cabelo e figurino, entre outras. Agora imagine isso multiplicado por cinco, porque estávamos lidando com cinco celebridades! Foi um desafio e tanto.
Mas aqui queria também destacar a Erika, que foi meu braço direito e esquerdo nessa produção. Ela esteve à frente de todo o processo, estava no Rio e viveu intensamente aqueles momentos de filmagem. Então acho que ela pode contar com mais detalhes algumas das particularidades que enfrentamos no set.
Erika Sartini, Senior Producer da Talent: Posso entrar um pouco mais no detalhe técnico, especialmente nessa questão da espontaneidade dos casais. A gente tinha uma abordagem bem estruturada, mas sem perder essa fluidez. Por exemplo, sempre tínhamos uma câmera fixa na Tatá, porque ela é um verdadeiro vulcão de reações e espontaneidade. Cada reação dela era ouro, então precisávamos capturar todas, sem exceção. Além disso, também tínhamos câmeras fixas nos casais, uma para cada, e mais uma câmera para o cenário. No total, eram quatro câmeras no set, o que já dava uma dinâmica de programa de TV mesmo.
Tanto que, para reforçar essa linguagem, trouxemos um diretor de fotografia com experiência em televisão, o Guilherme Tostes. Ele trouxe toda uma bagagem técnica, criando aquela estética de abertura com luzes e um ambiente marcante, como nos clássicos programas de auditório. Sabe aquela sensação que te prende logo no início? Era exatamente isso que queríamos passar. E funcionou muito bem.
Nesta temporada, também investimos em um cenário maior. Pensamos na mobilidade da Tatá, que é cheia de energia, e nos casais, para que pudessem se levantar, se movimentar e interagir mais. Isso trouxe mais dinamismo e reforçou a vibe de game show.
Agora, falando dos casais, eles não sabiam das perguntas de antemão. Tudo era realmente espontâneo. Não houve refações das respostas; o que eles respondiam era o que capturávamos. Tínhamos que fazer escolhas na edição, e algumas foram difíceis. Às vezes, algo estava incrível, mas precisava ser cortado para o programa não ficar muito longo.
Além disso, tivemos desafios de agenda, com cinco celebridades no set. Mas algo que ajudou muito foi a presença da Sabrina Duarte, uma diretora indicada pela Tatá, com quem ela já tinha uma boa conexão. Essa relação trouxe um conforto para a Tatá, e isso faz diferença no set. Também trabalhamos com os editores Paulo Gonçalves e Roberto Knorr, que já têm uma dinâmica com ela, conhecem suas preferências, os melhores ângulos e o que funciona no universo dela. Isso foi essencial, especialmente porque tivemos um prazo apertado entre a gravação e a entrega do primeiro episódio.
No fim, esse entrosamento técnico e criativo fez toda a diferença para que o projeto fluísse tão bem. Foi um esforço coletivo, e o resultado nos deixou muito satisfeitos.
8. Update or Die: Gostariam de comentar algo que não foi perguntado?
Gustavo Victorino, CCO da Talent: Olha, a única coisa que eu acrescentaria, e acho que é importante, é que se o programa ficou divertido, é porque estava divertido ali de verdade. Eu acredito que isso faz toda a diferença. Se os atores não estivessem se divertindo, se a Tatá não estivesse ali, tão envolvida e entretendo do jeito que ela faz, o público não sentiria essa energia. A gente assiste algo porque consegue perceber a autenticidade, e se está divertido, é porque de fato estava acontecendo dessa forma no set.
A gente tem algumas cenas hilárias, com os casais fazendo coisas super espontâneas, como o trenzinho, comemorando e se divertindo. Algumas dessas cenas até ficaram de fora, mas elas mostram o quanto estavam se entregando. No fundo, é isso: a diversão que conseguimos transmitir é porque ela estava sendo vivida intensamente por todos ali, no momento. Isso é o que torna tudo tão genuíno e verdadeiro.
Nota da colunista: quando essa entrevista foi publicada, Victor Alloza não estava mais no quadro de colaboradores da Talent. No entanto, em respeito ao profissional, optei em manter sua participação, inclusive porque foi belíssimo o momento em que ele comenta que gostaria de empoderar a Erika. Sempre muito bom encontrar com profissionais com esse olhar sensível, principalmente no audiovisual. Espero que este texto chegue até você, Victor!