
Por Denis Shirazi, CEO da 20Dash
Início do SXSW 2025, meu quarto ano presente. Para quem me pergunta por que estou aqui, respondo sem hesitar: respirar o ar de Austin/TX nessa época é testemunhar a transformação do mundo em um dos períodos mais marcantes da história humana. Algo maior que as exposições universais desde a Revolução Industrial e a internet. O poder de mudança dessas tecnologias revolucionárias, como a Inteligência Artificial, ainda não pode ser completamente mensurado, mas já está deixando sua marca.
Mas o tema é outro, amigos. Em um painel de discussões, há não muito tempo, debatemos qual seria o limite da Inteligência Artificial. Ou melhor, como separar o que é inteligência artificial e o que é inteligência humana. E, com toda a soberba que nos é própria enquanto humanos, concluímos que a emoção é algo exclusivo do ser humano — inalcançável para uma máquina.
É até justo considerar isso, desde que desconsideremos que nós mesmos aprendemos a sentir ao longo da vida: o que nos agrada, o que nos desagrada. Ou seja, emoções também são ensinadas e aprendidas. Mais do que isso, podem ser encenadas e interpretadas — e aqui, uma pausa para um tributo à Fernanda Torres.
Chego ao ponto principal: nos últimos três anos, fiz questão de desembarcar por uma noite em Houston para estar no Livestock Show and Rodeo. Grandioso, realizado dentro do NRG Stadium, palco de Super Bowls e das maiores seleções do mundo. Aqui entro no verdadeiro tema desta reflexão: tradições.
“A tradição é um elemento fundamental da cultura, um conjunto de crenças, valores e normas. A tradição é dinâmica e deve ser considerada uma orientação para o passado e uma forma de organizar o mundo para o futuro.”
Não consegui atribuir essa frase a um autor específico, pois ela foi gerada por Inteligência Artificial — talvez inspirada por Anthony Giddens, Eric Hobsbawm e Terence Ranger. O quanto houve de contribuição de cada um é impossível dizer, mas a definição encaixa-se como uma luva.
Voltando ao rodeio e à valorização da cultura do campo. Ontem, em um discurso emocionante dos organizadores (todos voluntários, diga-se de passagem), uma mulher disse que aquilo nada mais é do que a representação do day-to-day life. A passagem dessa cultura para as próximas gerações é um símbolo da transformação constante. A vida no campo está mudando. A vida como um todo está mudando.
E, ao invés de chegar a uma conclusão, encerro com uma pergunta: se ensinamos emoções às máquinas e transformamos tradições, o que ainda nos define como humanos?

Por Denis Shirazi, CEO da 20Dash