Inovação de verdade ou só cenário colorido?

“Teatro da inovação”: empresas focam na aparência de inovação (puffs, post-its) mas nem sempre com resultados reais.
Pessoas colaborando em painel de post-its coloridos. Pessoas colaborando em painel de post-its coloridos.

*por Edu Paraske

A inovação está na boca de todo o mundo, mas será que as empresas realmente inovam? Ou será que muitas só farão o chamado “teatro da inovação”? Infelizmente, isso é mais comum do que parece. 

O cenário colorido da inovação

Muitas empresas montam aquelas áreas “bonitinhas” que chamam de “espaços de inovação”. Mas, como você sabe que é um desses espaços? Simples: a área de negócios, com suas baías sérias e informáticas, fica separada. Já a área de inovação é um lugar cheio de puffs coloridos, mesas de pingue-pongue, quadros brancos repletos de post-its, e, claro, um cafezinho. Tudo muito visual, perfeito para uma foto no Instagram, mas… onde está a inovação real?

É aqui que mora o problema. A aparência é atraente, mas na prática, quando alguém leva uma ideia nova, é sempre “não” — ou seja, tem sua ideia rechaçada ou ignorada. Isso acontece porque essas empresas não cultivam uma verdadeira cultura de experimentação. A inovação está restrita a um espetáculo visual, sem espaço para testar e aprender com erros.

Como considerar um teatro da inovação?

Vamos direto ao ponto. Empresas que fazem esse teatro focam mais na aparência de resultados inovadores do que em reais. Se a inovação não faz parte da estratégia e não está presente no cotidiano da organização, algo está errado. Se tudo se resume a uma área cheia de puffs e quadros brancos, mas não há impacto nos negócios, estamos diante de um cenário encenado.

Como sair disso? Priorize a inovação real, com projetos que tragam resultados tangíveis. A inovação precisa estar no centro das decisões estratégicas, não apenas no visual.

A cultura de experimentação está faltando?

Outro sinal de que sua empresa é apenas um palco de inovação é a falta de incentivo à experimentação. Se os colaboradores não têm liberdade para testar ideias, errar e aprender com esses erros, a empresa está apenas fingindo que inova. Erros fazem parte do processo de inovação, mas, para isso, é preciso criar uma cultura onde errar seja aceito como parte do aprendizado. Sem isso, uma empresa não será ágil o suficiente para se reinventar como uma startup, que erra rápido, aprende rápido e corrige rápido.

Como resolver? Promova mais treinamento e incentive uma cultura de experimentação. Errar faz parte do processo de aprendizagem, e a empresa precisa abraçar esse conceito para inovar de verdade.

É preciso errar sabendo o que se pode aprender. Esse é um erro inteligente. 

Conexão com o cliente: ela existe?

Um terceiro indicativo de que a empresa está apenas encenando a inovação é a falta de foco nas dores do cliente. Se a empresa não escuta o cliente, não se conecta com suas necessidades reais, ela vai desenvolver produtos e serviços que não resolvam problemas concretos. Isso é um erro grave.

Como mudar? Traga o cliente para o centro do processo de inovação. Ouça suas dores, envolva-o nas soluções e crie algo que realmente faça a diferença.

E aí, sua empresa está realmente inovando ou apenas encenando? Se você tomou conhecimento de alguns desses sinais, já tem um ponto de partida para mudar. 

Lembre-se: a inovação de verdade está em criar uma cultura que permite errar, aprender e, principalmente, focar nas necessidades reais do cliente. Não basta ter puffs coloridos e mesas de pingue-pongue. Inovar vai muito além das aparências.

No teatro, antes de uma peça, se deseja “MERDA” como um desejo de boa sorte. 

Na inovação, se não arriscamos e investimos tempo e recursos, dá “MERDA” no sentido literal. 

Agora que você tem algumas ferramentas, é hora de sair do teatro e começar a inovar de verdade! 

*Eduardo Paraske é co-fundador e sócio da consultoria de inovação 16 01. Possui mais de 20 anos de experiência em empresas multinacionais, com forte background em marketing, gerenciou marcas, projetos de inovação e criou estratégias para diferentes produtos e categorias para empresas. Criador do canal “Elefante Limonada”, onde explora a inovação e a criatividade de maneira descontraída e leve.