O ponto de vista feminino para Cidades mais Inteligentes

O ponto de vista feminino para Cidades mais Inteligentes O ponto de vista feminino para Cidades mais Inteligentes

Para começar, podemos colocar que Cidade Inteligente é um espaço urbano integrado com a tecnologia, muitas vezes disponibilizada por grandes empresas de Tecnologias da Informação que possui como objetivo um convívio mais harmonioso com os seus cidadãos. Entretanto esta extrema mudança na relação entre indivíduo e a cidade leva a profundos questionamentos: Até que ponto somos vigiados ou isso é parte da nossa liberdade? Como interagimos? Somos cada vez mais sozinhos em uma massa cheia de amigos ou temos mais amigos e não conseguimos ser mais sozinhos? O local público pertence a quem? As leis ainda colaboram para a convivência pacífica? A privacidade ainda existe? A tecnologia pertence a qual gênero?

Qual seria o currículo para se atuar em uma Cidade Inteligente? Muitas vezes as pessoas acham que para trabalhar com cidades, as pessoas tem que vir de áreas como arquitetura ou engenharia, mas muito tem se discutido que para se pensar e praticar a vida urbana, o conhecimento deve ser interdisciplinar ou até mesmo antidisciplinar.

No Brasil, o conceito de Cidades Inteligentes começa a ganhar força. Aqui destaca-se o desenvolvimento e incentivo de projetos dentro desta área e é muito importante incentivar o trabalho de mulheres, pois ainda é uma área com muitos homens e que muitas vezes se esquecem dos exemplos das mulheres na liderança de muitas cidades.

Quando a mulher é encorajada a ter acesso ao conhecimento, via suporte familiar, social e com  educação de qualidade, novos empreendimentos são criados. Porque quando as mulheres possuem mais ação, participação em uma cidade, grandes fatores de organização mudam. Isto leva a um aquecimento da economia, novas oportunidades de emprego e um engajamento maior para o equilíbrio entre os gêneros dentro da sociedade.

Infelizmente, a tecnologia ainda não é ungendered e não preconceituosa, ainda é feita pelo “homem branco do Norte Global”. Imagina se os nossos smartphones, nossos aplicativos fossem feitos pelas mulheres do Sul-Global? (Prefiro este termo do que Hemisfério Sul, o Sul-Global abrange outras características.) Talvez a tecnologia não fosse vista como algo de vidro e metal que não tem transpiração ou impressões digitais, talvez fosse muito mais acolhedora e criativa, com mais oportunidades de empreendimentos.          

Por exemplo: não falo especificamente de uma cidade, mas o caso de Myanmar como país é bem pertinente. A antiga Birmânia foi uma colônia da Inglaterra e passou por mais de 50 anos de uma ditadura militar que isolou o país em todos os sentidos. Para ocorrer esta abertura política, eles procuraram a liderança da filha do general Aung San, Aung San Suu Kyi. Um dos pontos importantes da aproximação de San Suu Kyi, foi ter deixado suas vestes ocidentais britânicas para se vestir como as aldeãs de diferentes regiões de seu país. Desta forma, ela unificou o país através de sua indumentária, de sua cultura. Ela conquistou a confiança de seu povo e continua até hoje, depois de 30 anos a lutar pela abertura democrática. Ou seja, pelo ponto de vista masculino, talvez não houvesse tal sensibilidade e criatividade como a de San Suu Kyi para uma nova articulação política. Por consequência, hoje Myanmar não poderia ter a esperança de lutar pela democracia.

Não falo que seja melhor ou pior, mas o ponto de vista feminino é diferente do ponto de vista masculino, e isso provoca alterações e percepções que são favoráveis a um desenvolvimento mais sustentável e por consequência, mais inteligente do espaço urbano.

 

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