Propósito é o c#r%lh*, eu quero é dinheiro!

Do Golden Circle até os círculos empresariais mais diversos, a palavra propósito tem se propagado como um vírus, uma religião, um mantra, uma solução completa para toda e qualquer empresa prosperar num mercado competitivo.

Basta ter propósito e, voilá, vamos bombar de sucesso.

Não há como negar que propósito é um combustível muito importante, talvez até essencial, para que marcas e pessoas alcancem seus melhores patamares, façam mais, façam melhor, destaquem-se e não se percam nas névoas das incertezas, das infinitas possibilidades, das constantes mudanças que batem às nossas portas todos os dias.

Mas a gente, com mente tão binária, só tem visto o lado do propósito e esquecido o outro lado tão fundamental: o resultado.

É da natureza: só se mantem vivo quem se alimenta.

Essa regra funciona universalmente há bilhões de anos, e (pasmem) ainda não mudou. O alimento, neste caso, é o fruto concreto do nosso trabalho. As plantas abrem-se e esticam-se para conseguir o máximo de sol possível. Os leões correm com a maior velocidade possível para alcançar suas presas. As formigas juntam o máximo possível durante o verão, para ter alimento no inverno.

Propósito e resultado são inseparáveis. Um necessita do outro

Pode até parecer bem óbvia essa declaração, mas não é bem assim que estamos entendendo.

A gente entende bem que trabalhar só por dinheiro não nos mantém ativos, produtivos e felizes por um longo período de tempo. Não tem nada mais depressivo que trabalhar fazendo uma coisa que não gosta, só para receber um contracheque no final do mês. Buscamos por mais que isso, e propósito (na vida e no trabalho) tem se tornado um poderoso insight, uma iluminada percepção.

Acontece que a história costuma caminhar por movimentos pendulares. Se por um momento nossos pais e avós trabalhavam apenas pela responsabilidade de trazer pão para casa (e isso bastava para eles), hoje estamos numa geração que qualquer empolgação sentimentalista nos atrai para trabalharmos no projeto que for.

Tenho percebido uma leva enorme de gente jovem, criativa, original e inteligente se esgotar de trabalhar com startups e projetos que pagam apenas a moeda do propósito onde, retorno financeiro mesmo, não acontece. Vejo também empresários, ano após ano, discursando lindas filosofias e criando declarações de missão, visão e valores dignas de um Globo de Ouro, mas deixam de remunerar bem seus melhores gestores, com desculpas sempre poeticamente espúrias.

Estamos estuprando o propósito.Um lado sente prazer, o outro é a vítima.

Então esse texto aqui, honesto e claro, vindo de uma longa observação de ambos os lados (empregados e empregadores), é para te alertar: Cuidado! Muito cuidado! Porque a busca ingênua e cega pelo propósito pode te levar exatamente à perda dele.

Empresário: ter um lindo propósito numa mão, e ganância na outra, não vale de nada para seu negócio.

Empregado, não tope fazer tudo por qualquer promessa de unicórnio, quando este só tem usado o chifre para enfiar no meio do…

(Vou parar por aqui para não terminar essa importante reflexão com um tremendo dum palavrão).

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