“Adoro as coisas simples. Elas são o último refúgio de um espírito complexo.” Oscar Wilde
O que há em comum entre os filmes Esqueceram de Mim, Duro de Matar, Dirty Dancing e os Os Caça-Fantasmas? Tirando o fato de que todos foram feitos nos anos 80 e, é claro, que passaram infinitas vezes na Sessão da Tarde.
Você pode me responder daqui a pouco. Relaxa…
Ideias geniais são extremamente valiosas. Todas, de muitas formas, trilham seus próprios caminhos, sempre mudando o curso da história oficial. É impossível ignorá-las. Ideias realmente originais, não importa o seu tamanho, rendem muito dinheiro, mas nem sempre nascem em um berço de ouro. Muitas criações que se tornaram bilionárias tiveram um começo bem simples, umas quase não vindo à vida por falta de fé de quem poderia financiá-las.
Tive o privilégio de assistir à nova série documental da Netflix, Filmes Que Marcam Época. Uma aula de criatividade em seu estado mais cru possível. Conhecer não somente os bastidores de clássicos do cinema que marcaram gerações, mas as conturbadas histórias de suas criações, foi uma oportunidade incrível de aprendizado sobre o processo criativo. Todos os filmes retratados tiveram inúmeras dificuldades para serem produzidos, com baixos orçamentos, problemas com elenco, roteiro, diretor, etc.
Esqueceram de Mim, por exemplo, foi cancelado e não existiria se não fosse um golpe de sorte e por que não dizer um golpe de mestre do inesquecível John Hughes, pai dos memoráveis Curtindo a Vida a Doidado e Clube dos Cinco. Dono do roteiro original e com muitos contatos em Hollywood, além de muita experiência nesse universo, sentiu algo de errado no ar e mexeu uns pauzinhos para evitar ver ser “filho” ser jogado numa lata de lixo. A Warner saiu do páreo, por não ver mais valor na obra, e a Fox entrou pela porta dos fundos, para produzir uma dos maiores sucessos do cinema, com um orçamento minúsculo.
Conhecer a rotina de quem faz filmes, não do cinema comum, mas daquelas obras que entram para a sua história, é uma oportunidade de ver como essa mágica acontece. Parece que vai dar tudo errado, que será impossível terminar a produção, pois falta dinheiro, falta tempo, falta gente, falta quase tudo, mas, de alguma forma, eles seguem em frente, reinventando a realidade para conseguir realizar seu sonho. Dá uma ideia de que a falta de recursos e todas as outras dificuldades acabam sendo um catalisador para fazer a coisa funcionar.
Obras como Star Wars, por exemplo, passaram por situações muito semelhantes, e não preciso nem contar o que houve. Parece que a criatividade humana precisa de temperos fortes para florescer no seu modo mais fantástico. Parece que na falta de recursos e diante das dificuldades mais impressionantes o espírito humano se revela de forma inesperada, e uma força nova conecta as pessoas envolvidas, criando a beleza que tanto nos encanta.
Não! O que conecta as obras mencionadas lá em cima não é o que eu comentei no decorrer do texto. Sim! É isso também. Mas, o segredo de tanto sucesso para essas obras épicas são o fato de tratarem de coisas simples. Aquelas que adoramos ter contato. Coisas que nos identificamos com muita facilidade. Elementos simples da vida que são colocados de forma brilhante numa película de filme para podermos rever quantas vezes o coração pedir.
Entender a natureza humana é um dos pré-requisitos mais importantes para quem deseja desenvolver o seu potencial criativo, e, daí, encontrar ideias realmente originais.
Não importa se vai fazer filmes, escrever um livro ou criar uma IA. Tudo o que é preciso para desenvolver um bom trabalho é sensibilidade para conectar os pontos, harmonizando elementos aparentemente incompatíveis em situações que podem gerar valor. Isso está nas pessoas que conhecemos e naquelas que queremos atingir com nossas criações. Sem entender de gente, dinheiro nenhum será suficiente para fazer uma ideia funcionar. Às vezes, uma mixaria resolve quando as pessoas certas trabalham juntas pelos motivos certos! Isso não tem preço!