Somos seres sociais. Temos uma incrível capacidade de nos organizar através de nossos relacionamentos interpessoais em um nível que nos distingue de todos os outros animais.
Nos juntamos em grande número em torno de um Mito (alguns são bem idiotas). Quem leu Homo Sapiens sabe exatamente do que estou falando. Assim, nos fortalecemos quanto sociedade para lidar com inimigos em comum e a por isso prosperamos coletivamente. Seja através da fé, medo, ódio. Você dá o nome.
Agora, nada mais tem o poder de nos unir que o amor.
Ele nos coloca em um estado de entrega por vontade própria, de forma genuína. Quem ama, quer estar junto. Não se trata apenas de amor entre casais. É sobre toda e qualquer forma de amor. Nesse sentido nos aproximamos muito de todos os animais.
É como uma lógica de ganha, ganha. Eu dou algo e recebo de volta em um ciclo virtuosa de troca.
Entretanto, nem tudo são flores. Todo amor pressupõe sacrifício. É preciso anular algo do âmbito individual para se transformar em algo maior e coletivo.
Em alguns casos, essa abdicação requer afastamento. Se afastar em sinal de amor.
É como deixar alguém voar mesmo querendo estar bem pertinho.
Outras vezes é como dar um tempo para o outro respirar.
Ou apenas se afastar para o outro aprender por si só.
Essa é uma das mais difíceis renuncias.
Ninguém que ama quer deixar de estar ao lado.
Mas e se afastar for uma demonstração de amor?
Se afastar enquanto ama é contraditório, mas é também um dos maiores gestos de humanidade.
Se o amor é uma construção social nada mais justo que o utilizemos como preservação da espécie.
Em tempos de Covid-19, quem ama se afasta.
Muito legal Douglas, momento único, muita reflexão…