Por que os vilões nos fascinam?

Os vilões das HQs, Cinema ou TV não funcionam sem restrições pela moralidade convencional, e isso nos atrai.
Por que os vilões nos fascinam? Por que os vilões nos fascinam?

Na série “Kobra Kai”, Johnny Lawrence é um cara abominável e ao mesmo tempo fascinante. O personagem ficou imortalizado pelo estereótipo dos filmes dos anos 80, onde o vilão tinha vantagem em quase tudo e castigava o mocinho até não aguentar mais. A série que estreou no Youtube e mudou de casa para o Netflix está desfrutando o seu hype e já garantiu a terceira temporada.

Cobra Kai

Kobra Kai + AC/DC = Badass

Essa série que conta com uma produção de baixo orçamento foi descontruída e seu enredo adaptado para a nova geração, trazendo uma história rica em detalhes, repleta de flashbacks, aprofundando a singularidade dos personagens principais, revelando que o buraco é mais embaixo (sem spoiler), uma sacada genial.

Bons personagens, no caso os vilões, são complexos, suaves, carismáticos poderosos e intensos – veja o caso de Hannibal Lecter – Anthony Hopkins ou o assassino John Doe vivido pelo ator Kevin Spacey em Seven – Os Sete Crimes Capitais. Além disso, os vilões do cinema têm um tempo de tela limitado, onde os heróis ou policiais (os tiras) tendem a se envolver na maioria das cenas, trazendo um certo mistério em torno dos vilões.

Por que os vilões nos fascinam?
Haniball Lecter de O Silencio dos Inocentes e John Doe de Seven – Os sete Crimes Capitais – suaves e perigosos

Eles foram rejeitados, as pessoas os odiavam. Mas, apesar de tudo isso, eles ainda eram capazes de impor sua vontade ao mundo. Na vida real, os párias geralmente são impotentes, mas esses vilões subverteram essa expectativa. Você tem que ser muito brilhante para ter sucesso em um mundo que te odeia.

Pessoalmente, os vilões do cinema são os meus favoritos porque suas motivações ou justificativas, por mais loucas que sejam, são “puras” e arraigadas em ideais. Por trás de sua vilania está um idealista ou um romântico abatido. A certa altura, eles esperavam melhor da natureza humana, mas ficaram tão desiludidos que escureceram. Vide Dracula de Bram Stoker, em especial a versão vivida pelo espantoso Gary Oldman em 1992,  que vive um delírio quase milenar em busca de sua amada, ou o Agente Smith de Matrix, que assim como um antivírus de computador, quer colocar o intruso em quarentena, ou melhor, eliminá-lo a qualquer custo.

Por que os vilões nos fascinam?
Dracula de Bram Sotker e o Agente Smith de Matrix – em busca de um propósito

Quando ficamos fascinados por um vilão, significa que este foi bem construído. Além do mais, um bom filme de herói precisa de um bom vilão, caso contrário, a história se torna crível, palpável e desinteressante. Brutos que impulsivamente invadem prédios atirando à toa, são boçais perto dos gênios que estão calculando cada passo do caminho.

Quando eles finalmente são derrotados, suas falhas se tornam ainda mais aparentes. Podemos ver sua vulnerabilidade, sua fraqueza real. Um vilão supostamente inatingível instiga, atormenta e é capaz de nos fazer entender o seu intuito e termos empatia por isso.

Por que os vilões nos fascinam?
He-man sem o Esqueleto ou Rei Leão sem o Scar estariam fadados ao fracasso

A ciência traz uma explicação para o fascínio dos vilões.

Em um estudo científico envolvendo 20 países ao redor do mundo, foram convidados 6902 estudantes para classificar os 40 eventos mais importantes da história mundial, tais como Calamidades Históricas, Progresso Histórico ou Resistência Histórica à Opressão. Os participantes tiveram ideias semelhantes sobre o que é uma calamidade histórica (guerras mundiais, bombardeios atômicos, aquecimento global). Mas houve menos acordo universal sobre o que constitui o progresso histórico (Era Digital, Revolução Industrial), e eles terminaram discordando sobre o que constitui a Resistência Histórica (Direitos Humanos ou a queda do Muro de Berlim). Resultado: Quanto mais amplo for o impacto negativo, maior será o consenso. Conhecemos mais os vilões do que os heróis da vida real.

Nossa necessidade de desafiar o desconhecido levou a raça humana a superlotar o planeta. Essa curiosidade nos faz pensar em tudo que nos deixa perplexos, incluindo os piores demônios do mundo. Conhecimento é poder, ou pelo menos parece. Aprender mais sobre vilões da vida real como Ted Bundy ou Osama Bin Laden faz  com que nos sintamos menos vulneráveis.

Add a comment

Deixe um comentário